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Álfheim

Álfheim
Álfheim
Meadow Elves, de Nils Blommér, 1850
Reino dos elfos
Portal da Mitologia nórdica

Na mitologia nórdica, Álfheim (em nórdico antigo: Álfheimr, "lar dos elfos") é um dos nove mundos, e o domicílio dos Álfar (elfos). O nome aparece, também, em baladas escocesas sob a forma de Elfhame e Elphame. É também um nome antigo para o território que existe entre o que, atualmente, é o rio Glomma na Noruega e o rio Gota na Suécia.

A Morada Élfica

A pintura retrata um "Círculo de Fadas", que seria como um portal para outro mundo. Esse mundo poderia ser Álfheim.

Em Textos Nórdicos

Alfheim como a morada do elfos é mencionado somente duas vezes nos velhos textos nórdicos.

O poema édico Grímnismál descreve doze moradias divinas, iniciando a estrofe 5 com:

Ydalir chama eles do lugar de Ull

Um salão construído para si mesmo

E Alfheim, os deuses para Frey uma vez deram

Como um presente de dente em tempos antigos

Um presente de dente era um presente dado a uma criança na queda do seu primeiro dente. Veja fada dos dentes.

Snorri Sturluson no Gylfaginning relaciona Alfheim como o primeiro de uma série de mundos do céu:

O que é chamado de Alfheim, o lugar onde residem o povo chamado elfos luminosos (ljósalfar); mas os elfos escuros (Svartálfar) habitam em baixo, na terra, e eles são diferentes na aparência, mas muito mais diferentes na natureza. Os elfos luminosos são justos como o sol, mas os elfos escursos são piores do que o piche.

No mesmo poema, enquanto o autor discursa sobre um salão chamado Gimlé e sobre a zona mais ao sul do céu, que sobreviverá mesmo quando a terra e o céu forem destruídos, há uma nova explicação sobre o lugar:

É dito que existe um outro céu, em direção ao sul e ascendente a este, e é chamado Andlang (Andlangr ou Endlong), mas o terceiro céu ainda está acima deste, e é chamado Vídbláin (Vídbláinn ou Largo-azul) e é neste céu que nós pensamos estar a moradia. Mas nós acreditamos que ninguém além dos elfos luminosos habitam estas mansões agora.

Não há indicação se estes céus são idênticos a Alfheim ou distintos. Em alguns textos aparecem Vindbláin (Vindbláinn ou Vento-azul) no lugar de Vídbláin.

Os estudiosos modernos especulam (às vezes estabelecendo como fato) que Alfheim era um dos nove mundos (heima) mencionados na segunda estrofe do poema édico Völuspá.

Em Textos Ingleses

Nas diversas baladas inglesas e escocesas sobre as fadas e suas doutrinas, o reino destes povos são chamados Elphame ou Elfhame, às vezes também traduzidos como Elfland ou Elfenland. A rainha das fadas é chamada, frequentemente, de "Rainha de Elphame" nas baladas, tais como a de Thomas the Rhymer:

'Eu não sou a Rainha do Céu, Thomas,

Este o nome não me pertence;

Eu sou apenas a Rainha de Elphame

Saindo a caçar em minha montaria.'

Elfhame, ou Elfland, são descritas em uma grande variedade de formas nestes baladas e histórias. Geralmente são místicas e benevolentes, mas também, às vezes, sinistras e malignas. O misteriosismo da terra, e seus poderes do além são a fonte do ceticismo e desconfiança em muitos contos. Os exemplos das viagens ao reino dos elfos/fadas incluem "Thomas the Rhymer" e o conto de fadas "Childe Rowland", sendo que o último tem um ponto de vista particularmente negativo sobre o mundo dos elfos.

Usado por J. R. R. Tolkien

O escritor inglês J. R. R. Tolkien transformou em inglês, Elvenhome, o nome em nórdico arcaico, Alfheim. Em seus contos, Elvenhome é imaginado como uma região litorânea das Terras Eternas, no oeste distante. O Grande Rei dos elfos do oeste era Ingwë, derivado do nome Yngvi, encontrado frequentemente como um sinônimo para Frey, que habitava Alfheim de acordo com o Grímnismál.

A Região na Escandinávia

Sobre a Região e seus Povos

Na saga de Ynglinga, quando é relacionado os eventos do reino do Rei Gudrodo (Guðröðr) o Caçador relata:

Álfheim, nesse tempo, era o nome da terra entre o Raumelfr (Rio do elfo Raum, o Rio Glomma, atualmente) e Gautelfr (Rio do elfo Gaut, o rio Gota, atualmente).

As palavras "nesse tempo" indicam que o nome para a região era arcaico ou obsoleto pelo século XIII. A sílaba elfr é uma palavra comum para "rio" e aparece em outros nomes de rios. Ela é cognata com a palavra elve, do baixo-alemão médio ("rio") que deu origem ao nome do Rio Elba. O Raum Elf marcou a beira da região de Raumaríki e o Gaut Elf marcou a beira de Gautalândia (Gotalândia moderno). Corresponde, aproximadamente, à província histórica sueca de Bohuslän.

O nome Alfheim provavelmente não tem nenhuma relação com com Álfar Elves, mas pode se derivar de um palavra que signifique 'camada de cascalhos'.

Entretanto, em A Saga de Thorsteins, filho de Viquingue, há referências que indicam que os dois rios e o país foram nomeados pelo Rei Elfo, o Velho (Álfr hinn gamli) que governou uma vez o país. Todos seus descendentes eram relacionados aos elfos e sua aparência era considerada a mais formosa entre todas as pessoas. O Sögubrot af Nokkrum menciona também os maravilhosos olhares especiais dos parentes do Rei Elfo, o Velho.

As tradições de Elfo, o Velho

De acordo com o A Saga de Thorsteins, filho de Viquingue, o Rei Elfo, o Velho, foi casado com Bryngerd (Bryngerðr), a filha do Rei Raum de Raumaríki. Mas de acordo com o Hversu Noregr byggdist ("Como a Noruega foi habitada"), Elfo, chamado de Finnálf, era um filho do Rei Raum, e herdou de seu pai a terra a partir do norte do rio Gota até o rio Glomma, e aquela terra foi chamada, então, Alfheim.

Finnálf se casou com Svanhild (Svanhildr), que foi chamada "Pena de Ouro" (Gullfjoðr) e era a filha de Day (Dagr), filho de Dayspring (Dellingr), e Sol (Sól), filha de Mundilfari. O Dag, como personificação do dia e a deusa do sol, Sól, são mencionados em outros textos, mas somente em Hversu Noregr byggdist é mencionada a filha dos dois. Svandhild deu à luz um filho de Finnálf, que foi chamado Svan, o Vermelho (Svanr inn Rauðr), que foi pai de Sæfari, pai de Úlf(Úlfr), pai de Elfo, pai de Ingimundo (Ingimundr) e de Eystein (Eysteinn).

De acordo com o poema édico Hyndluljód (estrofe 12), Óttar, cuja genealogia é o assunto principal deste poema, era filho de Innstein (Innsteinn), filho de Elfo, o Velho, filho de Ulfo, filho de Sæfari, filho de Sueno, o Vermelho. Assim, o Innstein do Hyndluljód e o Eystein do Hversu Noregr byggdist são, presumidamente, a mesma pessoa.

Os Reis Antigos de Alfheim

Sobre as Lendas

Diversos reis antigos são mencionados em algumas sagas.

De acordo com Saxão Gramático (historiador dinamarquês que viveu entre 1150 a 1220), em seu oitavo livro (Feitos dos Danos), os filhos do Rei Gandalfo, o Velho se reuniram com o Rei Haroldo para a batalha de Bråvalla. O Sogubrot nomeia os filhos de Gandolfo como Álfar (Álfarr) e Álfarin (Álfarinn) e os coloca como membros da guarda do Rei Haroldo. Se presume que ambos morreram na batalha. Mas o reino de Gandolfo não é identificado nestes textos.

O Sögubrot relaciona também que Sigurd Hring (Sigurðr Hringr), que era vice-rei de Haroldo no trono sueco, se casou com Álfhild, filha do Rei Elfo, o Velho, de Álfheim. Mas em uma passagem anterior ela aparece como um descendente do rei Álf. O Hversu Novegr byggdist, ao contrário, fornece outra linhagem do Rei Elfo, o Velho, de Álfheim, que seria pai de Álfgeir, que seria pai de Gandalfo, que seria pai de Álfhild, que seria mãe do Ragnar Lodbrok (com Sigurdo, o Anel). O pai de Álfhild seria o mesmo Gandalfo cujos filhos participaram da batalha de Bravalla, onde seu desempenho é considerado legendário. Mas esta genealogia pode ser resultado de problemas na identificação de Gandalfo, o Velho, da batalha de Bråvalla, com Gandalfo, filho de Álfgeir, da Saga Ynglinga, que é discutida mais tarde. Se o dois Gandalfos forem a mesma pessoa, a cronologia apresenta diversas falhas de interpretação.

Em todos estes testemunhos escritos, o filho de Hring e Álfhild era, supostamente, o famoso Ragnar Lodbrok, esposo de Aslauga (Áslaugr), que foi mãe de Sigurdo Hart (Sigurðr Hjort), cuja filha Raguenilda (Ragnhildr) se casou com Haldano, o Negro e, com ele, deu à luz Haroldo Cabelo Belo, o primeiro rei histórico de toda a Noruega.

História

A Saga dos Inglingos, Saga de Haldano, o Negro, e a Saga de Haroldo Cabeço Belo, todas incluídas no Heimskringla, contam sobre o fim dos reis de Alfheim ao final do período legendário:

  • Elfo: sua filha, Álfhild (Álfhildr) se casou com o Rei Gudrodo, o Caçador de Romerícia e do Folde Ocidental, e levou como dote a metade do território de Vingulmork. Ela deu à luz um filho chamado Olavo (Óláfr), que mais tarde ficou conhecido como Elfo de Geirstado (Geirstaða-Álfr), o meio-irmão mais velho de Haldano, o Negro.
  • Álfgeir: Ele era filho de Elfo. Reinou sobre Vingulmork e deixou seu filho, Gandalfo (Gandalfor) como sucessor.
  • Gandalfo: Era filho de Álfgeir. Como este Gandalfo era um contemporâneo mais antigo de Haroldo Cabelo Belo, e considerando que os históricos líderes viquingues se identificavam como filhos de Ragnar Lodbrok, por tradição; não é impossível que Álfhild, suposta mãe de Ragnar Lodbrok, seja filha deste Gandalfo como Hversu Noregr byggdist proclama. O Heimskringla nos indica que, após muitas batalhas inconclusivas entre Gandalfo e Haldano, o Negro, Vingulmork foi dividida entre eles, e Haldano manteve a parcela que tinha recebido como dote da primeira esposa do seu avô, Álfhild. Dois filhos de Gandalfo, Hisingo (Hýsingr) e Helsingo (Helsingr), mais tarde levantaram suas forças contra Haldano, mas morreram na batalha. Um terceiro filho, Haki, fugiu para Alfheim. Quando o filho de Haldano, Haroldo Cabelo Belo, sucedeu seu pai, Gandalfo e seu filho Haki refizeram a aliança para atacar o jovem Haroldo. Haki foi morto, mas Gandalfo escapou. Ainda houve mais uma guerra entre Gandalfo e Haroldo. Nesta última, Gandalfo morreu na batalha e Haroldo tomou para si toda a terra de Gandalfo até o Rio de Raum Elfo sem, contudo, conquistar a própria Alfheim.

No entanto, partes mais antigas da saga mostram Haroldo no controle de toda terra ao oeste do Rio de Gauto Elfo, o que indica que Alfheim se transformou parte de seu reino. A partir desse ponto, Alfheim não existia mais como uma região independente. A Saga de Haroldo Cabelo Belo relaciona que as terras foram conquistadas primeiramente pelo Rei sueco Érico Anundsson (Erik Anundsson), que as perdeu mais tarde para Haroldo Cabelo Belo.

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