De origem libanesa[5] e filho de Inácio Cúri Gabriel e de Palmira de Oliveira Gabriel, Almir Gabriel nasceu em Belém do Pará no dia 18 de agosto de 1932. Formado em medicina pela Universidade Federal do Pará (UFPA) em 1956, ao longo da graduação participou do movimento estudantil como presidente do diretório acadêmico (1954-1955) e como vice-presidente da União Acadêmica Paraense (1955).[6] Após se formar, tornou-se médico da Petrobras (1957) e iniciou curso de especialização em cirurgia torácica no Serviço Nacional de Tuberculose, no Rio de Janeiro, concluído em 1958.[7]
De volta à Belém, dirigiu o Hospital Universitário João de Barros Barreto entre 1962 e 1965, à época conhecido como Sanatório Barros Barreto. Em 1966 especializou-se em cirurgia cardiovascular no Instituto de Cardiologia da Secretaria de Saúde Pública e da Assistência Social do Estado de São Paulo e, em 1971, retornou à direção do Sanatório Barros Barreto onde permaneceu por mais cinco anos. Já em 1975, fez cursos de segurança nacional e desenvolvimento na Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG) de Belém.[7]
Além disso, Almir Gabriel foi casado com Maria do Socorro França Gabriel, com quem teve quatro filhos,[7][6] e faleceu em 19 de fevereiro de 2013 no município de Belém, então com 80 anos de idade, vítima de falência múltipla dos órgãos após um quadro de enfisema pulmonar e insuficiência cardíaca.[2][8]
Trajetória política
Almir Gabriel iniciou sua trajetória política em 1977 ao ser nomeado diretor da Divisão Nacional de Pneumologia Sanitária do Ministério da Saúde, onde permaneceu até 1979. Em 1978 assumiu também como secretário interino da Secretaria Nacional de Programas Especiais de Saúde, sendo recrutado pelo governador Alacid Nunes logo em seguida para ocupar o cargo de secretário de Saúde do Pará, entre março de 1979 e setembro de 1983.[7]
Em 1983 foi nomeado prefeito de Belém pelo então governador Jader Barbalho, mesmo ano em que foi autor do anteprojeto que criou o Instituto de Previdência Parlamentar do município de Belém, que garantia aos vereadores aposentadoria após oito anos de mandato. No ano seguinte filiou-se ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), deixando a prefeitura da capital paraense em janeiro de 1986.[7]
Nas eleições de novembro de 1986, Almir Gabriel elegeu-se senador pelo PMDB com 463 774 votos, tornando-se apto a participar da Assembleia Nacional Constituinte (ANC) que elaborou a Constituição brasileira de 1988. Empossado em 1° de fevereiro de 1987, foi indicado pelo líder do PMDB, Mário Covas, como relator da Comissão da Ordem Social, que tratava de questões ligadas ao direito dos trabalhadores, saúde, seguridade, meio ambiente, e minorias. Ainda no mesmo ano foi titular da Comissão de Sistematização e suplente da Subcomissão da Ciência e Tecnologia e da Comunicação, da Comissão da Família, da Educação, Cultura e Esportes, da Ciência e Tecnologia e da Comunicação da ANC.[7]
Nas votações da Constituinte, Almir Gabriel pronunciou-se a favor do rompimento de relações diplomáticas com países praticantes de política de discriminação racial, do mandado de segurança coletivo, da jornada semanal de 40 horas, do turno ininterrupto de seis horas, do aviso prévio proporcional, da nacionalização do subsolo, da limitação dos juros reais a 12% ao ano, da proibição do comércio de sangue, da criação de um fundo de apoio à reforma agrária e da desapropriação de áreas consideradas produtivas para fins de reforma agrária. Além disso, foi contra a legalização do jogo do bicho, o mandato de cinco anos para o presidente José Sarney, o presidencialismo e o monopólio da distribuição do petróleo. Após a promulgação da nova Carta Constitucional em 5 de outubro de 1988, voltou a participar dos trabalhos legislativos ordinários do Senado, atuando como relator-geral da Comissão Mista de Orçamento ainda no mesmo ano.[7]
Nas eleições de outubro de 1994, Almir Gabriel concorreu novamente ao cargo de governador do Pará na legenda do PSDB em coligação com o Partido da Frente Liberal (PFL), PDT, Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Partido Popular Socialista (PPS), PSB, PCB e PCdoB. Na disputa do primeiro turno, Almir Gabriel ficou em segundo lugar ao alcançar a soma de 458 000 votos (o equivalente a 37,21% dos votos válidos) contra 471.165 votos de Jarbas Passarinho (PPR). Já no segundo turno, Almir Gabriel obteve o apoio do PT, cujo candidato, Valdir Ganzer, ficara em terceiro lugar no primeiro turno, e angariou 870 827 votos (o equivalente a 62,73% dos votos válidos), vencendo as eleições. Tomando posse ao cargo em 1° de janeiro de 1995, já no primeiro mês de mandato solicitou recursos federais para finalizar obras de grande porte, como a rodovia Transamazônica, a Usina Hidrelétrica de Tucuruí, entre outras.[7]
Além disso, em 2009 Almir Gabriel abandonou o PSDB e, em 2011, filiou-se ao PTB, chegando a ter o seu nome cogitado para concorrer à prefeitura de Belém no pleito de 2012. Não chegou, porém, a concorrer.[7]
Almir Gabriel tornou-se conhecido internacionalmente por um escândalo conhecido como Massacre de Eldorado do Carajás, um dos principais conflitos agrários do Brasil e que ocorreu durante seu primeiro mandato à frente do governo do Estado do Pará, em 1996. No episódio, a Polícia Militar do Estado do Pará recebeu ordem para desocupar a estrada entre Marabá e Parauapebas, obstruída por cerca de 3,5 mil trabalhadores sem-terra. O confronto entre a polícia e os manifestantes deixou 19 mortos (muitos deles com sinais de execução), e 80 feridos, dos quais 69 eram sem-terra e 11 eram policiais.[6]
Apesar de nunca ter sido responsabilizado formalmente pelo ocorrido, Almir Gabriel era apontado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) como mandante, uma vez que, supostamente, teria saído do então governador a ordem dada ao secretário de Segurança Pública para desobstruir à força a rodovia.[8]
↑Brasil, CPDOC-Centro de Pesquisa e Documentação História Contemporânea do. «Almir José de Oliveira Gabriel». CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. Consultado em 5 de janeiro de 2021
↑da Cunha Lima, Diógenes (29 de maio de 2016). «O Líbano é aqui». Tribuna do Norte. Consultado em 10 de abril de 2023