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Amador Bueno da Veiga

Amador Bueno da Veiga
Nascimento 1650
São Paulo, Capitania de São Vicente
Morte 1719 (69 anos)
Casa Branca, São Paulo e Minas de Ouro
Ocupação Bandeirante

Amador Bueno da Veiga (São Paulo, c. 1650Casa Branca, 1719) foi um bandeirante paulista. Era bisneto de Amador Bueno, o "Aclamado". Silva Leme o estuda no volume III, página 203 de seu livro Genealogia Paulistana.

Bandeirante

No final do século XVII havia uma grande comoção em São Paulo devido ao grande afluxo de europeus e de pessoas oriundas de outros lugares, principalmente da região nordeste, para a região de lavra de ouro das Minas Gerais. Os paulistas acreditavam que por terem descoberto as minas deveriam ter o direito exclusivo de explora-las e para tanto enviaram a famosa representação de 16 de abril de 1700 ao governador da Repartição do Sul, Artur de Sá e Meneses.[1] Nesta ocasião Amador Bueno da Veiga não assinou a petição pois estaria no sertão com João Cavaleiro.[2] Amador já tinha em São Paulo sítio na margem direita do Anhembi (no atual bairro do Mandaqui) que se estendia até as encostas da Cantareira (São Miguel e Guarulhos). Nela existia uma extensa área onde se cultivava trigo, destinado ao abastecimento da vila e de outras províncias.[3]

Em 23 de setembro de 1704 Amador propusera abrir um novo caminho de São Paulo para as Minas, conforme informou nesta data ao Governador do Rio de Janeiro.[4] Pedia prazo de um ano e oferecia ser caminho capaz de por ele andarem cavalgaduras carregadas, gente e condução de gados. O aberto pelo Capitão Garcia Rodrigues Pais, dizia, é incapaz de cavalgaduras carregadas nem gados por ser muito prolongado de três meses de viagens por matos e estéril de mantimentos, ainda dos que o mato cria. Pedia em troca «os campos beira mato da Serra da Boa Vista té a Graça pelo cumprimento e rumo direito do Caminho das Minas e a mata da borda do campo té o cume das serras e cordoaria do mar por uma e outra parte; as quais terras sendo Vossa Majestade servido, assim confrontadas da Serra da Boa Vista até a Graça cortando pelos travessões para a parte do mar até o cume das serras e tudo o que dos ditos rumos ficar para centro, dar-lhas de sesmaria e mercê para ele e seus descendentes com a do hábito de Cristo e foro de fidalgo da Casa.» Era a segunda proposta de refazer o Caminho Novo.[5] A terceira viria em 1705 de Félix de Gusmão - por ela descobrimos que Garcia Rodrigues Pais estava acabando o seu caminho até a Paraiba, já estava com a estrada larga e duas roças feitas.»

Participou da Guerra dos Emboabas entre 1707 e 1709 e neste último ano foi nomeado comandante chefe (Cabo-Maior) do exército paulista que marchou para o rio das Mortes, em Minas, para vingar a morte dada a seus concidadãos, pelos portugueses no Capão da Traição, ao findar da Guerra dos Emboabas. Como recompensa obteve sesmarias no que é hoje Taubaté no estado de São Paulo.[6][7] E vem daí sua alcunha, o Cabo Maior dos Paulistas.[8][9] Este episódio refletiu na emancipação da Capitania de São Paulo que até 1720 englobava Minas Gerais.[7]

Em carta ao Rei escrita em 20 de Janeiro de 1708 Antônio Luís Peleja, Ouvidor Geral de São Paulo, fala dele: «natural e morador de São Paulo, insolente, régulo, o mais fascinoroso homicida de muitas vidas», que se tinha feito atribuir, no momento das repartições, o mais precioso do ribeiro de Bento Rodrigues, em Ouro Preto. Habitou a região de Minas «muitos anos com muito gentio e roças em tempos que davam os maiores lucros, trazendo grande número de arrobas de ouro e tinha tido, durante meses, ourives trabalhando para ele para fundir o ouro em lingotes, cunhá-lo ou fazer jóias e objetos preciosos. Segundo conta Antonil, Amador extraiu oito arrobas de ouro “do rio do Ouro Preto, do Ribeirão e de outras partes”.[10]

Amador Bueno da Veiga então se dedicou ao desbravamento dos sertões dos rios Mogi-Guassu e Pardo, em cujas margens faleceu em novembro de 1719. Foi um dos grandes propulsores da era econômica de São Paulo, conhecida por Tropismo.[11]

Descendente de bandeirantes, foi por sua vez, ascendente de figuras importantes de São Paulo e do Brasil, como a poetisa Bárbara Heliodora.[12]

Referências

  1. Mello, Evaldo Cabral de (2003). A fronda dos mazombos:. nobres contra mascates, Pernambuco, 1666-1715. [S.l.]: Editora 34, p. 163. ISBN 9788573262742 
  2. Megale, Heitor; Neto, Sílvio de Almeida Toledo (2006). Por minha letra e sinal: documentos do ouro do século XVII. [S.l.]: Atelie Editorial, pp. 110-111. ISBN 9788574803036 
  3. Ponciano, Levino (2017). Bairros paulistanos de A a Z:. pequeno dicionário histórico e amoroso. [S.l.]: Senac, p. 556. ISBN 9788539604203 
  4. Reis, Antônio Simões dos (1942). Bibliografía nacional. [S.l.]: Z. Valverde., p. 17 
  5. Leite, Aureliano (1942). O cabo-maiór dos paulistas na guerra com os emboabas. [S.l.]: Livraria Martins, p. 42 
  6. Francisco de Paula Toledo. «A guerra dos Emboabas». Almanaque de Taubate. Consultado em 15 de julho de 2019 
  7. a b Keating, Vallandro; Maranhão, Ricardo (2019). Caminhos da conquista:. a formação do espaço brasileiro. [S.l.]: Editora Terceiro Nome, p. 172. ISBN 9788578162306 
  8. Francisco Arisa; Rodrigo Luiz Buzatto. «Museu Histórico e Pedagógico Amador Bueno da Veiga». Visite Rio Claro. Consultado em 15 de julho de 2019 
  9. Sifuentes, Mônica (2015). Um poema para Bárbara: A história de amor que ajudou a escrever a História do Brasil. [S.l.]: Gutemberg, p. 127. ISBN 9788582353363 
  10. Antonil, André João (2007). Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas. [S.l.]: EdUSP, p. 242. ISBN 9788531408571 
  11. «Avenida Amador Bueno da Veiga». São Paulo Bairros. Consultado em 16 de julho de 2019 
  12. Análise & conjuntura. Volumes 1-2. [S.l.]: Fundação João Pinheiro, p. 129. 1986 
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