O termo caminho do Padre José de Anchieta pode referir-se a dois caminhos históricos percorridos pelo missionário jesuítaJosé de Anchieta. Um deles denominado “Passos de Anchieta”, refere-se ao caminho que reconstitui o trajeto percorrido quinzenalmente por José de Anchieta, nos seus deslocamentos da Vila de Rerigtiba, atual cidade de Anchieta, à Vila de Nossa Senhora da Vitória, em Vitória[1]. Já o “Caminho do Padre José” compreende o trajeto percorrido por Anchieta entre o litoral paulista e a cidade de São Paulo.[2][3][4]
Passos de Anchieta
A Igreja Católica realiza, no Estado do Espírito Santo, uma romaria de quatro dias no feriado de Corpus Christi, para homenagear os chamados "Passos de Anchieta". Essa tradição foi resgatada em 1998, e consiste em uma peregrinação que se inicia na Catedral Metropolitana de Vitória, onde os peregrinos assistem a uma missa, e passa pelas praias Barra do Jucu (em Vila Velha), Setiba e Meaípe (em Guarapari), e termina na Igreja de Nossa Senhora da Assunção, localizada na cidade de Anchieta. Nos quatro dias de caminhada percorre-se cerca de 100 km (uma média de 25 km por dia).[5][6]
No final do caminho, já na cidade de Anchieta, o peregrino ainda pode conhecer o museu onde encontrará roupas de sacerdotes, imagens de santos, ostensórios, relicários, e objetos encontrados em uma escavação arqueológica: cerâmicas indígenas, louças portuguesas e moedas. Uma peça importante é o Cristo em Terracota, que teria sido usado pelo padre Anchieta no século XVI.[7]
O trajeto pode ser percorrido em qualquer sentido e época do ano. Contudo a caminhada anual, que é promovida pela Associação Brasileira dos Amigos dos Passos de Anchieta (ABAPA), tem seu início sempre no feriado nacional de Corpus Christi e recebe, anualmente, uma média de três mil peregrinos.[8]
É incerta a maior responsabilidade pela abertura do caminho. Alguns historiadores a debitam ao arrojo do Padre José de Anchieta[2]. Outros a relacionam a João Perez, o Gago, como pena alternativa por ter açoitado um escravo até à morte. O maior tráfego do planalto de Piratininga para a vila de São Vicente era de escravos indígenas, e os produtos que subiam em retorno, eram transportados nos ombros de escravos, num percurso que consumia três dias.[11]
Sobre as condições dessa via, em 1585, o padre Fernão Cardim, tendo acompanhado o padre jesuíta Cristóvão de Gouveia de São Vicente a São Paulo, testemunhou: "O caminho é cheio de tijucos, o pior que nunca vi e sempre íamos subindo e descendo serras altíssimas e passando rios e caudais de águas frigidíssimas." (in: Tratados da terra e da gente do Brasil).[4]