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Censo demográfico

 Nota: "Censo" redireciona para este artigo. Para outros significados, veja Censo (desambiguação).
Mapa mundial mostrando os censos mais recentes dos países a partir de 2014:
  2005 ou depois
  2000–2004
  1995–1999
  1990–1994
  1970–1989

O censo ou recenseamento demográfico é um estudo estatístico referente a uma população que possibilita o recolhimento de várias informações, tais como o número de homens, mulheres, crianças e idosos, onde e como vivem as pessoas. Esse estudo é realizado, normalmente, de dez em dez anos, na maioria dos países.

Segundo a definição da ONU, "um recenseamento de população pode ser definido como o conjunto das operações que consistem em recolher, agrupar e publicar dados demográficos, econômicos e sociais relativos a um momento determinado ou em certos períodos, a todos os habitantes de um país ou território".

Censo no Brasil

Ver artigo principal: Censo demográfico no Brasil

O primeiro censo populacional do Brasil foi realizado em 1872, durante o Segundo Reinado, a pedido do imperador Dom Pedro II. O censo contou quase 10 milhões de "almas" no país na época, sendo 15% da população escravizada. Apesar de alguns problemas metodológicos, o censo foi um marco importante, pois antes disso o governo imperial só tinha números aproximados da população. O censo mostrou que 58% da população se declarava preta ou parda, 38% branca e 4% indígena. Além disso, 99,7% da população era católica e 82% analfabeta. Embora o censo tenha recebido elogios internacionais, seus números nunca foram muito utilizados na prática pelo governo. A série histórica de censos planejada acabou não se concretizando, com o próximo censo só sendo realizado em 1890, após o fim da escravidão.[1]

O responsável atualmente pelos censos demográficos é o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), desde 1936, com a criação do IBGE, em 1936, e com a contribuição do demógrafo italiano Giorgio Mortara, inaugurou-se a moderna fase censitária no Brasil.

Caracterizada principalmente pela periodicidade decenal dos censos demográficos, nessa nova fase foi ampliada a abrangência temática do questionário com introdução de quesitos de interesse econômico e social, tais como os de mão-de-obra, emprego, desemprego, rendimento, fecundidade, migrações internas, dentre outros temas.

A experiência do IBGE na área dos Censos Demográficos remonta, portanto, a 1940, ano em que foi realizado o primeiro levantamento desse tipo pelo Instituto. A partir de então, o IBGE realiza a cada 10 anos o Censo Demográfico, que é a operação estatística mais importante para retratar a realidade sociodemográfica do país. Dos resultados do Censo Demográfico e das Contagens Populacionais são obtidas as tendências e parâmetros indispensáveis à elaboração de projeções e estimativas populacionais, que a partir de 1989 passaram a ser fornecidas anualmente, em cumprimento ao dispositivo constitucional, regulamentado pela Lei Complementar nº 59, de 22 de dezembro de 1988.

O IBGE realizou a primeira Contagem da População em 1996. Dentre os fatores determinantes da realização dessa contagem estão o surgimento de cerca de 1 500 novos municípios após o Censo Demográfico de 1991, os intensos movimentos migratórios na dinâmica populacional e a obrigatoriedade de fornecimento de estimativas populacionais anuais determinadas pela Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992.[2]

Os censos demográficos são planejados para serem executados nos anos de finais zero, ou seja, a cada dez anos. O último censo no Brasil deveria ter acontecido em 2020, mas a pandemia de covid-19 e problemas orçamentários do governo federal impediram a realização da coleta[3], que só foi realizada em 2022[4].

No intervalo entre dois censos demográficos, realiza-se a contagem de população. Todavia, por questões orçamentárias e financeiras, a contagem planejada para 2005 só foi concretizada em 2007, realizando-se simultaneamente ao Censo Agropecuário.[1]

Censo em Portugal

Ver artigo principal: Censo demográfico em Portugal

Em Portugal, as primeiras contagens populacionais recuam ao tempo de D. Afonso III (1260–1279) e D. João I (1421–1422), restringindo-se ao apuramento dos homens aptos para a guerra («Rol de Besteiros»).[5] A primeira contagem populacional de âmbito geral seria feita apenas em 1527, no reinado de D. João III, com base predominantemente nos fogos, do que resultou um arrolamento de 1 262 376 portugueses.[6] Outras recolhas se seguiram, de âmbito geral ou restrito, como a «Contagem de Homens Válidos» ou «Resenha de Gente de Guerra» de 1636–1639 (sob Filipe III), o «Censo do Marquês de Abrantes» de 1732–1736 (sob D. João V) ou o «Censo de Pina Manique» de 1776–1798 (sob D. Maria I).[5][6]

As primeiras contagens da população que se aproximam do conceito moderno de recenseamento só apareceram no século XIX. A primeira destas (Censo de [1802]) foi feita com base em números fornecidos pelas autoridades eclesiásticas das paróquias, opção da Coroa explicável pelo facto de que, em contraste com a debilidade da presença do Estado, a Igreja mantinha registos detalhados do percurso dos indivíduos (batismos, casamentos, óbitos).[7] Nestas condições, os dados enviados reflectiam a organização eclesiástica da altura (dioceses, isentos e paróquias), tendo a Coroa solicitado a reordenação dos dados segundo as circunscrições administrativas de então (províncias, comarcas e concelhos).[8]

Apesar do reforço dos poderes e da presença do Estado a seguir às Reformas Liberais (que dividiu o país em províncias, distritos, concelhos e freguesias), a máquina administrativa continuou débil ao nível local, pelo que no censo de 1849 foi ainda necessário recorrer aos párocos como fonte primária de informação.[9]

O I Recenseamento Geral da população portuguesa, regendo-se pelas orientações internacionais da época (Congresso Internacional de Estatística de Bruxelas de 1853), realizar-se-ia apenas em 1864, marcando o início dos recenseamentos da época moderna. Embora as orientações seguidas indicassem já que os recenseamentos deveriam ser realizados a cada 10 anos, o censo seguinte apenas se realizou em 1878, seguindo-se-lhe o de 1890. A partir de então os recenseamentos da população têm vindo a realizar-se, com algumas excepções (ditadas por diferentes circunstâncias), em intervalos regulares de 10 anosː[5][10] 1900, 1911,[11] 1920, 1930, 1940, 1950, 1960, 1970, 1981,[12] 1991, 2001 e 2011.

Em outros países lusófonos

Em alguns países foram realizados recenseamentos durante o período colonial, em 1930 em Moçambique e em 1950 nos restantes. Atualmente, em Portugal e em Moçambique, os responsáveis pelos censos são os Institutos Nacionais de Estatística de cada país.

Características do recenseamento

  1. É projetado e executado sob o apoio do Governo, logo, obrigatório responder;
  2. Universal - são contados uma única vez todos os habitantes do território;
  3. Simultaneidade de recolha de informações, que se referem todas a um período bem determinado. Isto é, realizado ao mesmo tempo em todas as zonas do país, para evitar duplas contagens;
  4. Recolha com base no indivíduo, das informações nele contidos sobre a população recenseada- as pessoas são contadas na sua residência e são criados boletins para cada indivíduo;
  5. Âmbito territorial bem delimitado, em que assenta a contagem da população- realiza-se o recenseamento no território de um país, podendo fazer-se em embaixadas (que são consideradas território de um país) e pessoas que vão a bordo de aviões portugueses, etc., no dia do recenseamento;
  6. Elaboração periódica dos dados- hoje em dia os dados não são guardados em segredo, encontrando-se à disposição de todos;
  7. Realização periódica (habitualmente, de 10 em 10 anos).

A contagem e a recolha periódica de informações relativas à população não é algo de novo. Ao longo da História do Homem têm-se registrado esforços para recolher periodicamente informações relativas à população.

Fases do recenseamento

  1. Notação e recolha;
  2. Compilação e verificação;
  3. Apuramento e publicação dos dados.

Ver também

Referências

  1. «1º Censo do Brasil, feito há 150 anos, contou 1,5 milhão de escravizados». Senado Federal. Consultado em 17 de abril de 2024 
  2. «Introdução | Memória IBGE». memoria.ibge.gov.br. Consultado em 17 de abril de 2024 
  3. «O que é Censo e por que ele é importante para o futuro do Brasil?». Exame. 27 de junho de 2023. Consultado em 17 de abril de 2024 
  4. «Conhecendo o Brasil - Censo 2022». Censo Demográfico 2022 - IBGE. Consultado em 17 de abril de 2024 
  5. a b c Instituto Nacional de Estatística (2009) – "História dos Censos em Portugal".
  6. a b Nuno Valério, coord. (2001) – "Estatísticas Históricas Portuguesas, vol. I", p. 33 (ficheiro: p. 32). Lisboa: Instituto Nacional de Estatística.
  7. Luís Nuno Espinho da Silveira, coord. (2001) – "Os Recenseamentos da População Portuguesa de 1801 e 1849: Edição crítica, vol. I", p. 26 (ficheiro: p. 27). Lisboa: Instituto Nacional de Estatística.
  8. Luís Nuno Espinho da Silveira, coord. (2001) – op. cit., pp. 26-27 (ficheiro: pp. 27 e 34).
  9. Luís Nuno Espinho da Silveira, coord. (2001) – op. cit., p. 33 (ficheiro: p. 44).
  10. Instituto Nacional de Estatística (2009) – "Censos em Portugal de 1864 a 2001".
  11. Atraso provocado pela perturbação resultante da implantação da República em Outubro de 1910. Cf. Instituto Nacional de Estatística (2009) - "1911 - 1 de Dezembro (V Recenseamento Geral da População)".
  12. Adiado de Dezembro de 1980 para Março de 1981 de modo a ficar em consonância com o calendário censitário (de 1 de Março a 31 de maio de 1981) em vigor nos países da Comunidade Económica Europeia, a que Portugal pretendia aderir. Cf. Instituto Nacional de Estatística (2009) - "1981 - 16 de Março (XII Recenseamento Geral da População) (II Recenseamento Geral da Habitação)".

Ligações externas

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