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Seu nome artístico é um trocadilho com glaucomatoso, termo usado para os que sofrem de glaucoma, doença que o fez perder progressivamente a visão, até a cegueira total em 1995. É também uma alusão a Gregório de Matos, de quem se considera herdeiro na sátira política e na crítica de costumes.[1] O próprio se declara um "anarquista intelectual".
Na década de 80, publicou trabalhos em revistas como Chiclete com Banana, Tralha, Mil Perigos, SomTrês, Top Rock, Status e Around, ensaios e críticas literárias no Jornal da Tarde, além de diversos volumes de poesia e prosa. Em 1982, edita a Revista Dedo Mingo, como um suplemento do Jornal Dobrabil.
Nos anos 90, perde por completo a visão em decorrência do glaucoma de que sofria há anos. Deixa de lado a criação gráfica (história em quadrinhos e poesia concreta) e passa a dedicar-se a escrever letras de músicas e à produção fonográfica. Com o professor da USP Jorge Schwartz, ganha o Prêmio Jabuti pela tradução que ambos fazem da obra inaugural de Jorge Luis Borges, Fervor de Buenos Aires.
Nos anos mais recentes, retorna à criação de poesia escrita e textos virtuais, produzindo textos e poesias para a internet, colaborando em revistas eletrônicas e impressas, tais como a Caros Amigos.
Obra
A obra de Glauco Mattoso caracteriza-se pela exploração de temas polêmicos, tais como a violência e a discriminação. O autor tem a reputação de "poeta maldito", uma espécie de boca do inferno moderno ou Bocage pornográfico do século XX [3].
Livros
Apocrypho Apocalypse (1975) - coletânea com outros poetas
Maus Modos do Verbo (1976) - coletânea com outros poetas
Jornal Dobrabil: 1977/1981 (1981) - reedição fac-similar em 2001
Memórias de um Pueteiro (1982)
Línguas na Papa (1982)
O Calvário dos Carecas: História do Trote Estudantil (1985)
Manual do Podolatra Amador: Aventuras & Leituras de Um Tarado Por Pés (1986)[2][4]
Rockabillyrics (1988)
Limeiriques & Outros Debiques Glauquianos (1989)
Haicais Paulistanos (1992)
Galeria Alegria (2002)
O Glosador Motejoso (2003)
Animalesca Escolha (2004)
Pegadas Noturnas: Dissonetos Barrockistas (2004)
Poética na Política (2004)
Poesia Digesta: 1974-2004 (2004)
A Planta da Donzela (2005)
A Aranha Punk (2007)
A Letra da Ley (2008)
O Cancioneiro Carioca e Brasileiro (2008)
Contos Hediondos (2009)
Cinco Ciclos e Meio Século (2009)
Tripé do Tripúdio e Outros Contos Hediondos (2011)
Raymundo Curupyra, O Caypora: Romance Lyrico (2012)
Glauco Mattoso foi citado por Caetano Veloso na sua música Língua.
Glauco Mattoso em fevereiro de 2008 completou dois mil e trezentos sonetos de uma série iniciada em 1999, superando a histórica marca do italiano Giuseppe Belli (1791-1863), que, em 1849, teria composto, segundo consta, seu soneto de número 2.279 numa obra produzida mormente entre 1830 e 1839. Mattoso tem com Belli outra afinidade, além da copiosa produção: a sátira fescenina, que abusa da pornografia e da escatologia. Também no aspecto linguístico há paralelos: Belli versejava no dialeto romanesco, falado na periferia da capital italiana, enquanto Mattoso incorpora ao português brasileiro as gírias suburbanas e os neologismos contraculturais da segunda metade do século XX, de mistura com o vernáculo castiço e com o rigor formal, típicos do soneto clássico, composto em decassílabos predominantemente heroicos. A diferença entre ambos os "malditos" está na postura: Belli cedeu às pressões moralistas e aderiu à autoridade católica, renegando o anticlericalismo que caracterizara sua temática; Mattoso se mantém anarquicamente independente de quaisquer ideologias ou fisiologias, fiel unicamente à sua biografia de cego sadomasoquista e fetichista. Belli, mundialmente reconhecido, foi traduzido também para o inglês; Mattoso, que tem sido objeto de estudos acadêmicos na América Latina e nos Estados Unidos, alcança agora as universidades europeias. Glauco também traduziu "A Bíblia Skinhead - Espírito de 69" de George Marshall, cujo nome original é Spirit of 69' A Bible of Skinhead.