Itaocara é um município situado no noroeste do estado do Rio de Janeiro, no Brasil. Sua população, conforme o Censo do IBGE de 2022, era de 22 919[3] habitantes.
História
Devido à luta entre os índios Coroados e Puris, os religiosos Capuchinhos que colonizavam São Fidélis sentiram a necessidade de criar, no local das divergências, uma nova aldeia, que, acolhendo uma das tribos, separasse os litigantes. Em 1809, o Frei Tomás, da cidade de Castelo, chegou às terras escolhidas para a fundação da aldeia, a qual denominou "São José de Dom Marcos", em homenagem ao antigo vice-rei Marcos de Noronha e Brito. O nome escolhido, entretanto, não criou raízes no pensamento dos habitantes, que preferiram designar o local de "Itaocara", termo tupi que significa "ocara de pedras", através da junção dos termos itá ("pedra") e okara ("ocara")[6], em referência ao penhasco que lhe fica fronteiro, na margem oposta do Rio Paraíba do Sul.[7]
No século XIX e início do século XX, como ocorreu em todo o interior do estado, recebeu significativa mão-de-obra de imigrantes, sobretudo de origem síria e libanesa.
Geografia
Localiza-se na margem direita do Rio Paraíba do Sul, estando a uma altitude de sessenta metros. Sua área territorial é de 429,68 km².
Serra do Cândido
Localizada no distrito de Laranjais, possui 630 metros de altitude. É cercada de árvores de grande porte e se encontra como um atrativo turístico para a localidade de Engenho Central. Do seu pico avista-se grande parte do município itaocarense e de outros vizinhos.
Futura UHE Itaocara
O empreendimento da usina hidrelétrica Itaocara, concessão dada ao Consórcio UHE Itaocara, tem perspectiva de ser grande investimento na região noroeste fluminense. O lago do reservatório da represa irá inundar diversos pontos do município e da circunvizinhança. Como compensação ambiental, serão replantadas as árvores desmatadas em decorrência do processo de construção.[8] A previsão era de que as obras começassem no primeiro trimestre de 2016, porém, em junho do ano seguinte, o consórcio anunciou o adiamento do início das obras.[9]
Serra da Bolívia
Embora seja no município de Aperibé, a "Serra da Bolívia" (também conhecida por "Serra do Elefante, por detrimento de sua forma rochosa similar a figura de um elefante deitado) é símbolo do município de Itaocara por sua vista ser majoritariamente pertencente ao território do distrito sede Itaocarense. Possui cerca de 500m de altura e a trilha até o topo possui 1,92 km, sendo um grande atrativo turístico para habitantes da região e visitantes.
Cinco modelos administrativos governaram o município de Itaocara ao longo dos anos: intendentes, presidentes da câmara (que acumulavam a função de prefeito antes da tripartição dos poderes), prefeitos, prefeitos-interventores e, finalmente, os prefeitos eleitos. Em 7 de outubro de 2012, houve a eleição do primeiro prefeito filiado ao PSOL (Partido Socialismo e Liberdade), o sindicalista Gelsimar Gonzaga.[11] Em 2016, Gonzaga foi condenado por abuso de poder econômico e político e ficou inelegível por oito anos.[12].
Ao longo da história, a Prefeitura de Itaocara teve três sedes próprias. A primeira delas, sendo localizada à Praça Rui Barbosa, nº 40, inaugurada nos anos 1920 para abrigar a prefeitura – no térreo – e a câmara de vereadores – no segundo piso.
Com a ampliação da administração municipal, o prédio ficou obsoleto e foi planejada uma nova sede, no segundo piso da Rodoviária Genésio Maurício de Aguiar, à Praça Toledo Piza, no local em que ficava a antiga estação ferroviária da RFFSA, desativada em 1963 e demolida para a construção de rodoviária e prefeitura. Estas foram inauguradas em 1972, no mandato do prefeito Paulo Mozart Almeida. Na antiga sede da Praça Rui Barbosa, foi instalada a Biblioteca Pública Municipal.
Com o passar dos anos, o prédio da Praça Toledo Piza tornou-se também obsoleto e com a construção de um novo fórum na cidade, no final dos anos 2000, veio o projeto para transferir a sede da prefeitura para o prédio do Fórum que seria deixado vago, à Rua Sebastião da Penha Rangel, nº 63, datado dos anos 1960. O novo fórum foi inaugurado em janeiro de 2009 e, imediatamente, começaram as reformas no imóvel que abrigaria a prefeitura. A nova sede foi inaugurada em 2010, no mandato do prefeito Alcione Corrêa de Araújo. Na antiga sede da Praça Toledo Piza, funcionam ainda algumas repartições públicas, como a Junta de Serviço Militar, a Fundação Leão XIII e o Centro de Educação de Jovens e Adultos (CEJA).
O atual prefeito de Itaocara é Heriberto Pereira de Oliveira, do UNIÃO. Heriberto foi eleito vice-prefeito na chapa ao lado de Geyves Maia Vieira, nas eleições de 2020, mas assumiu o cargo após Geyves ter o mandato cassado pela Câmara Municipal, pelo que a unanimidade dos vereadores, na ocasião, entendeu serem atos de improbidade administrativa. A cassação ocorreu em 7 de novembro de 2023 e Heriberto tomou posse no cargo de prefeito no dia seguinte.
A Câmara Municipal de Itaocara é, desde 2013, composta por onze cadeiras. Até 2004, contou com treze vereadores. Após aquele ano, a representação passou a ser equivalente à população do município. Foi quando o Legislativo itaocarense passou a ter nove representantes e permaneceu assim até 2012.
A Câmara está localizada no histórico prédio da Praça Rui Barbosa, nº 40, datado dos anos 1920 e construído para ser a primeira sede própria dos poderes Executivo e Legislativo itaocarenses. Em novembro de 2020, foi inaugurada a reforma e modernização da sede do Legislativo Municipal, sendo a mais significativa mudança a transferência do Plenário Pedro de Souza Coelho do segundo piso – onde funcionou por quase um século – para o térreo do prédio, em espaço mais amplo, onde antes funcionava a Biblioteca Pública Municipal. Além disso, foram inaugurados novos gabinetes individuais para os vereadores, entradas com acessibilidade, novas recepção e secretaria-geral em prédio anexo e estacionamento privativo à vereança. O atual Presidente da Câmara de Vereadores é Edson Cardoso dos Santos (PL), pelo biênio 2023-2024.
Economia
A economia do município é notadamente diversa. A pecuária é exercida de duas formas: a de corte, uma das principais áreas econômicas da cidade, e a leiteira, que é bastante lucrativa, haja vista que há uma importante cooperativa em funcionamento no município que acaba centralizando a produção itaocarense e a transformando numa das maiores do estado do Rio de Janeiro.
Além disso, Itaocara conta com um importante grupo de confecções, organizado em uma associação (ACIT-Associação de Confeccionistas de Itaocara). Também existem confecções individuais, responsáveis por um grande número de empregos. Igualmente, a indústria moveleira, com destaque ao distrito de Portela, com cerca de uma dúzia de empresas, ajuda em muito a economia local. Existem também quatro ou mais fábricas de suínos, de gaiolas e artesanato no município.
Transportes
Itaocara é acessível pela Rodovia Presidente João Goulart (BR-116) e pela RJ-158.
Entre os anos de 1882 e 1963, o município era atendido pela Linha do Cantagalo da Estrada de Ferro Leopoldina, que era a principal responsável pelo transporte local de passageiros e de cargas, como produtos agrícolas e industriais. O município também era o último a ser atravessado pela linha, cujo trecho final também era conhecido como Ramal de Portela (em referência ao distrito homônimo). Após ser desativado em 1963, os trilhos do trecho final da ferrovia foram retirados da cidade pouco tempo depois, por exigência de um decreto federal.
Com a supressão local da linha, a antiga estação ferroviária localizada na sede do município foi desativada. Hoje, totalmente descaracterizada, abriga a Rodoviária de Itaocara.[13]
Dentre seus principais trabalho em Itaocara, é valido citar a escultura "Adão e Eva", que ilustra o casal bíblico sendo tentado pelo Diabo; a estátua do Frei Tomás, fundador da cidade; e a estatua "Diana Caçadora" que apresenta a deusa Ártemis enxugando seus cabelos.