Nascida em Paris, em 1893, Lili era considerada uma criança prodígio e seu talento teria despontado já aos dois anos de idade, quando Gabriel Fauré, um amigo da família e tutor das irmãs Boulanger, descobriu que ela tinha um ouvido absoluto. Seus pais, ambos também músicos, encorajaram as filhas a ter educação musical. Sua mãe era Raissa Myshetskaya, casou-se com um professor do Conservatório de Paris, Ernest Boulanger, ganhador do Prix de Rome em 1835. Ele tinha 77 anos quando Lili nasceu e se tornou muito ligado a ela. Seu avô era Frédéric Boulanger, notável violoncelista e a avó, Juliette, era cantora.[2]
Lili costumava acompanhar sua irmã Nadia às aulas no Conservatório de Paris antes de ter 5 anos de idade. Pouco depois ela começa a ter aulas de órgão e teoria musical com Louis Vierne. Lili se tornou proficiente em piano, violino, violoncelo e harpa. Alguns de seus professores foram Marcel Tournier e Alphonse Hasselmans.[3]
Carreira
Em 1912, Lili competiu no Prix de Rome, mas enquanto performava perante a banca, ela sofre um desmaio. Ela voltou em 1913, aos 19 anos, e ganhou por sua cantata Faust et Hélène, tornando-se a primeira mulher a ganhar o prêmio. A letra foi escrita por Eugene Adenis, baseado na obra Fausto de Goethe.[4] A cantata foi performada várias vezes.[4] O prêmio acabou lhe rendendo um contrato com a gravadora Ricordi.[2]
Sua irmã Nadia desistiu de ingressar no conservatório e resolveu focar seus esforços na irmã, Lili.[3] Todos os seus professores se impressionavam com seu talento e frequentemente traziam músicas para que ela as lesse. Lili sofreu muito com a morte do pai, em 1900 e várias de suas composições na época traziam temas como perda e luto.[2][3]
Seu trabalho é notável pela harmonia e instrumentação, além da habilidade com a letra e a melodia. É possível ver em seus trabalhos influências de Claude Debussy e Gabriel Fauré, além de Arthur Honegger.[2][3] Durante a Primeira Guerra Mundial, Nadia e Lili organizaram esforços para auxiliar os soldados franceses.
Doença e morte
Lili adorava viajar, mas sua vida e seu trabalho foram prejudicados por doenças crônicas. Começou com pneumonia aos 2 anos, que enfraqueceu seu sistema imunológico, levando a uma tuberculose, que por fim a matou aos 24 anos de idade, em Mézy-sur-Seine, em 15 de março de 1918.[3][5] Uma outra causa possível de sua morte seria a Doença de Crohn, identificada apenas em 1932.[3]
Seu corpo foi levado para Paris e sepultado no Cemitério de Montmartre.[2][3] Ela compôs vários trabalhos enquanto visitava a Itália. Com sua morte, a ópera La princesse Maleine ficou incompleta.[6]
Legado
Em março de 1939, sua irmã Nadia, com ajuda de amigos norte-americanos, criou o The Lili Boulanger Memorial Fund, que tinha dois objetivos: perpetuar a música e a memória de Lili Boulanger e fornecer auxílio financeiro para músicos. O fundo é curado pela University of Massachusetts Boston. Alguns dos ganhadores do prêmio: Alexei Haieff (1942), Noël Lee (1953), Wojciech Kilar (1960), Robert D. Levin (1966, 1971) e Andy Akiho (2015).[7]
Em abril de 1965, a Associação Amigos de Lili Boulanger, na França, que se tornou a Nadia and Lili Boulanger International Centre (CNLB) em 2009.[8]
O asteroide 1181 Lilith foi nomeado em sua homenagem.[3]
Obras
Faust et Hélène, cantata para mezzo-soprano, tenor, barítono e orquestra (1913)
D'un matin de printemps, orquestra (1917-18)
D'un soir triste, orquestra (1917-18)
Psaume 24, tenor, coro, órgão e orquestra (1916)
Psaume 129
Psaume 130 (Du fond de l'abîme) - alto, tenor, coro, órgão e orquestra (1910-17)
Vieille Prière Bouddhique
Pie Jesu
Referências
↑Caron, Sylvain (12 de março de 2020). «1913. Lili Boulanger, première femme Prix de Rome». publicado por « Musique en France aux XIXe et XXe siècles : discours et idéologies ». Nouvelle Histoire de la Musique en France (1870- 1950)