em italiano: Luisa Antonietta Maria Teresa Giuseppa Giovanna Leopoldina Carolina Ferdinanda Alice Ernestina d'Asburgo-Lorena em alemão: Luise Antonia Maria Theresia Josepha Johanna Leopoldine Karolina Ferdinande Alice Ernestina von Österreich-Toskana
Aos vinte e um anos de idade, a princesa Luísa da Toscana era considerada um excelente partido de casamento, apesar de o seu pai ter perdido o ducado várias décadas antes durante a unificação do rei da Itália. Tinha sangue Habsburgo, cabelo louro escuro e uns bonitos olhos castanhos além de uma figura magra e delineada e uma personalidade alegre. Apesar de não ser uma grande beldade, a princesa foi cortejada por vários príncipe, mas de todos eles o seu preferido era o atraente príncipe Frederico Augusto da Saxónia de vinte e seis anos que era alto, louro e tinha olhos azuis.[1]
Em público, Luísa dava a impressão de ser uma jovem modesta, mas em privado revelava estar extremamente descontente com a sua posição.[1]
Os pais de Luísa, que tinham caído irrevogavelmente do poder e se encontravam numa posição medíocre em relação a outras casas reais europeias, ficaram muito satisfeitos com a ideia que a sua filha se poderia vir a tornar rainha da Saxónia e pressionaram a filha a aceitar a corte do príncipe. Iludida pela sua beleza e encanto, Luísa acabou por ceder, mas arrependeu-se quase imediatamente. "Pela primeira vez na vida, senti aquela horrível sensação de estar encurralada, algo que viria a sentir muitas vezes a partir de então," escreveu ela, "e chorei amarguradamente quando comparei a minha posição à de outras jovens que não eram, pensava eu, atiradas para o matrimónio e tinham a possibilidade de escolher um marido, ao contrário de uma princesa pobre."[1]
Casamento e vida na Saxónia
Luísa casou-se com o príncipe Frederico Augusto da Saxónia no dia 21 de novembro de 1891 em Viena.
Chegou a Dresden não como rainha, mas sim como princesa. Na verdade, o seu marido ainda não era sequer príncipe-herdeiro. O rei ainda era o tio dele, Alberto que, sem filhos, seria sucedido pelo pai de Frederico, Jorge, e só depois chegaria a sua vez. Até lá, Luísa estava à mercê do seu sogro e do irmão dele.[1]
Os sogros de Luísa (o príncipe Jorge e a princesa Ana Maria) eram severos, não tinham qualquer sentido de humor e eram extremamente críticos. Os cortesãos faziam-lhes reverência e tratavam-nos com toda a atenção para depois espiar e conspirar contra vários membros da família real. Grande parte dos criados eram espiões, pagos por um lado ou outro, que roubavam cartas atiradas ao lixo, ouviam atrás das portas e espreitavam pelas fechaduras.[1]
Para grande desalento dos seus sogros, Luísa tornou-se muito popular na Saxónia. As mulheres copiavam religiosamente a sua forma de vestir, sempre que a família real aparecia em público nas suas carruagens, era a da princesa que atraía mais atenção. Luísa nunca deixava de colocar a sua cabeça de fora e acenar ao publico que a esperava ou então mostrar um dos seus filhos à multidão. O seu sogro, que nunca foi popular, começou a ganhar cada vez mais ciumes. "Que grande coisa fazes da tua popularidade, Luísa," costumava ele dizer.[2]
Apesar de ter tido uma infância feliz num berço real, Luísa era extremamente infeliz no palácio. O seu sogro implicava com ela todos os dias, com insinuações, insultos e retirando-lhe certos privilégios. Em troca, Luísa tinha ataques de raiva violentos. Temendo a fúria do seu pai, o príncipe Frederico Augusto nunca defendeu a sua esposa. Sendo tempestuosa, arrojada e volátil, Luísa teve coragem de enfrentar muitas vezes o seu sogro, mas fê-lo sozinha.[3]
No final da década de 1890, a sua amargura pela vida no palácio e a tristeza pela fraqueza do marido levaram-na a namoriscar com outros homens, algo a que ela chamou de "amizades inocentes" na sua autobiografia. Contudo, os eventos que se seguiram provam que essas amizades podem ter sido muito mais do que isso.[3]
Em 1902, o rei Alberto morreu e o sogro de Luísa subiu ao trono. Sabendo que a sua saúde era fraca e que não tinha muito tempo de vida, Jorge não estava preparado para ver Luísa tornar-se rainha, por isso jurou que se iria ver livre dela antes de dar o seu último fôlego. A princesa estava na altura demasiado ocupada com os seus ataques de fúria e casos amorosos. Em Novembro de 1902, um criado do palácio informou-a de que a sua relação com o tutor dos filhos, Monsieur Giron, já tinha sido notada na corte. O tutor demitiu-se imediatamente e deixou o país. Pouco depois, segundo Luísa, o rei informou-a de que tinha a intenção de a internar num asilo para impedir que se tornasse rainha após a sua morte.[3]
Na noite de 9 de dezembro desse ano, com a ajuda do irmão, Luísa fugiu da Saxónia sem os filhos. É provável que não tivesse tomado tal decisão se soubesse que estava grávida da sua filha mais nova, Ana Pia. Luísa não sabia se a bebé era filha de Monsieur Giron ou de outro amante e a criança passou o resto da vida a ser questionada sobre as circunstâncias do seu nascimento. Luísa procurou primeiro refúgio junto dos seus pais em Salzburgo, mas eles recusaram recebê-la, por isso foi depois para a Suíça onde se reencontrou com o seu amante, Monsieur Giron.[4]
Vida no exílio
A família real da Saxónia ficou aliviada com o desaparecimento de Luísa, mas a população ficou furiosa e mostrou-se contra a atitude da família real, apoiando completamente a princesa. A imprensa teve um dia em cheio, os políticos afirmavam que a queda da família real era certa. Em troca, o rei Jorge pagou a alguns jornalistas para que insinuassem nos seus artigos que a princesa tinha enlouquecido. Depois declarou imediatamente o divórcio do seu filho e Luísa.[4]
Pouco depois, o seu amante Giron deixou-a. Talvez não tivesse aguentado o escândalo ou os ataques emocionais de Luísa. A ex-princesa viu-se então sem dinheiro, exilada, sozinha e emocionalmente esgotada. Ironicamente, internou-se num asilo durante vários meses. Em Maio de 1903 deu à luz a sua filha mais nova.[4]
Luísa ficou surpreendida quando Frederico Augusto assumiu a paternidade de Ana Pia, visto que ainda em Agosto de 1902, o príncipe tinha visitado as cortes de Berlim, Viena e Munique sem ela. Um homem que punha o dever acima de tudo e que tinha a sua honra, Frederico não queria envergonhar o seu país nem os seus filhos admitindo que a sua esposa tinha gerado um bastardo com um plebeu. Todos os anos pedia a Luísa que lhe entregasse a filha e todos os anos ela recusava, mesmo depois de o seu ex-marido se tornar rei em 1904.[4]
Finalmente, em 1906, Luísa compreendeu que a sua filha teria um futuro muito melhor como princesa da Saxónia do que como a filha ilegítima de uma mulher sem meios de subsistência, por isso desistiu dela. Frederico Augusto educou a criança como se fosse sua. Dada a incerteza do divórcio (o imperador Francisco José nunca o reconheceu), Frederico nunca se casou. Tornou-se um rei popular, gentil, se bem que pouco inteligente, e foi muito amado pelo seu povo.[4]
Segundo casamento
A 25 de setembro de 1907, Luísa casou-se com o músico italiano Enrico Toselli em Londres. O casal teve um filho, Carlo Emanuele Toselli. Apesar de ter culpado a vida no palácio pelo fim do seu primeiro casamento, a verdade é que também nunca esteve em paz nem foi feliz com a sua vida junto de um plebeu a viver num apartamento sem condições. O casal divorciou-se cinco anos depois e, mais uma vez, Luísa abandonou o seu filho.[5]
Foi só depois do seu segundo casamento que o imperador Francisco José lhe tirou todos os títulos. O seu pai fez dela condessa de Montignoso na qualidade de antigo soberano do grão-ducado da Toscana. Luísa tinha já tentado regressar a Dresden, mas os ministros do seu marido impediram-na de ver os filhos. Pôde vê-los mais tarde durante uma visita privada à embaixada da Saxónia. Nenhum deles mostrou rancor pela mãe nas suas autobiografias.
Últimos Anos
Em 1911, Luísa quebrou o silêncio e publicou uma autobiografia onde culpava o seu falecido sogro e os políticos da Saxónia (que, segundo ela, temiam que quando ela chegasse ao trono, influenciasse o marido para os dispensar), pela sua desgraça. Ao longo do livro, afirma que a sua popularidade era maior do que a do sogro e a do marido, o futuro rei e existem provas que mostram isso mesmo. Luísa disse que a sua popularidade a tinha isolado do resto da família real e dos políticos e era verdade que o tio do seu marido tinha gostado muito dela. Luísa atribuiu a sua popularidade ao facto de ter ignorado a etiqueta da corte da Saxónia e, talvez, por se ter feito de vítima, tendo-se comparado à sua antepassada Maria Antonieta que também não gostava dos rituais da corte de Versalhes e, tal como Luísa, tinha evitado o contacto com cortesãos que apenas seguiam as regras para afirmar a sua posição na corte. Afirmou também ter sido maltratada pela sua cunhada Matilde.
Após a queda da monarquia dos Habsburgo em 1918, Luísa passou a chamar-se “Comtesse d’Ysette”, um título que tinha ainda menos importância do que o que o seu pai lhe tinha atribuído. O seu primeiro marido continuou a acreditar que, aos olhos da igreja católica, o seu casamento ainda era válido, por isso nunca se voltou a casar.
Luísa morreu em Bruxelas e foi enterrada na Igreja de Erdlinge em Sigmaringen. Vários dos seus filhos também se encontram enterrados nesta igreja, incluindo o príncipe Ernesto Henrique.
Ernesto Henrique da Saxónia (9 de Dezembro de 1896 – 14 de junho de 1971), casado primeiro com a princesa Sofia do Luxemburgo; com descendência. Casou-se depois com Virginia Dulon; sem descendência.
Maria Alice Carola da Saxónia (nascida e morta a 22 de agosto de 1898).
Margarida Carolina da Saxónia (24 de janeiro de 1900 – 16 de outubro de 1962), casada com o príncipe Frederico de Hohenzollern; com descendência.
Maria Alice da Saxónia (27 de setembro de 1901 – 11 de dezembro de 1990), casada com o príncipe Francisco José de Hohenzollern-Emden; com descendência.
Ana da Saxônia (4 de maio de 1903 – 8 de fevereiro de 1976), casada primeiro com o arquiduque José Francisco da Áustria; com descendência. Casada depois com Reginald Kazanjian; sem descendência.