Maracujá (do tupimurukuîá)[1] é um fruto produzido pelas plantas do género Passiflora (essencialmente da espécie Passiflora edulis) da famíliaPassifloraceae. A planta, também conhecida como maracujazeiro, é espontânea nas zonas tropicais e subtropicais da América.
Cultivada também pela sua flor ornamental (tal como as outras espécies do mesmo género botânico), a Passiflora edulis é cultivada com fins comerciais, devido ao fruto, no Caribe, no sul da Florida e no Brasil, que é o maior produtor - e também consumidor - mundial de maracujá. O maracujá de uso comercial é redondo ou ovoide, amarelo ou púrpura-escuro quando está maduro, e tem uma grande quantidade de sementes no seu interior.
O fruto é utilizado especialmente para produzir suco ou polpa de maracujá, às vezes misturada ao suco de outros frutos, como a laranja. É popularmente conhecido como a fruta da tranquilidade. A flor do maracujá é polinizada principalmente por abelhas grandes, conhecidas popularmente como mamangava.
Valor nutritivo
Quantidade por 100 gramas
Calorias 97
Gorduras Totais 0,7 g
Gorduras Saturadas 0,1 g
Gorduras Poliinsaturadas 0,4 g
Gorduras Monoinsaturadas 0,1 g
Colesterol 0 mg
Sódio 28 mg
Potássio 348 mg
Carboidratos 23 g
Fibra Alimentar 10 g
Açúcar 11 g
Proteínas 2,2 g
Vitamina A
1.272 IU
Vitamina C
30 mg
Cálcio
12 mg
Ferro
1,6 mg
Vitamina D
0 IU
Vitamina B6
0,1 mg
Vitamina B12
0 µg
Magnésio
29 mg
Este fruto é fonte de vitaminasA, C e do complexo B. Além disso, apresenta boa quantidade de sais minerais (ferro, sódio, cálcio e fósforo).
Sua utilização como sedativo (calmante) é conhecida desde a antiguidade, entretanto essa não é sua única utilização, pois pode ser utilizada como hipnótico, sonífero e tonificante ( DHAWAN, ET., 2004) como veremos adiante. No entanto, o chá de suas folhas deve ser utilizado com cautela, pois elas possuem ácido cianídrico (cianeto), e, desta forma, podem levar a pessoa a um quadro de intoxicação [2]. Experimentalmente verificou que outros animais também podem ser intoxicados devido ao consumo de folhas de certas espécies do gênero Passiflora[3]. Este fato também é evidente devido a algumas borboletas da família Nymphalidae, subfamília Heliconinae, se alimentarem de folhas de maracujá quando em fase larval (lagarta), e sendo imunes ao ácido cianídrico, absorvem e acumulam essa toxina em seu corpo. Assim, mesmo quando atingem a idade adulta (após realizarem a metamorfose e tornarem-se borboletas em si), são impalatáveis para as aves que tentam predá-las [4].
Óleo de maracujá
O Óleo de Maracujá tem uma aplicação muito variada na indústria cosmética: cremes, xampus, loções, óleos, sabonetes, etc. O óleo também pode ser usado tanto na alimentação humana e animal, quanto na indústria de tintas, sabões, alimentos e outras.[5]
Enquanto produto cosmético a base de óleo de maracujá, este auxilia na regeneração pós-peeling e ajuda amaciar e hidratar peles secas. Auxilia também na regeneração de peles com estrias e normaliza o conteúdo lipídico alterado. [6]
Produtos a base do óleo do maracujá proporciona sensação relaxante e antiestresse.[7]
As doenças e as pragas que atacam a planta do maracujá provocam prejuízos econômicos expressivos e acarretam maior uso de defensivos agrícolas, além de serem a principal ameaça à expansão e à produtividade dos cultivos de maracujá-azedo e maracujá-doce. Em algumas regiões do Brasil, doenças como a bacteriose (Xanthomonas axonopodis pv. passiflorae), murcha de fusarium (Fusarium oxysporum f. sp. passiflorae), virose do endurecimento do fruto (passion fruit woodiness virus – PWV ou cowpea aphid-borne mosaic virus - CABMV) e a antracnose (Colletotrichum gloeosporioides) têm sido importantes limitadores da produção. Essas doenças são favorecidas por condições edafoclimáticas favoráveis.[9] Inclusive, com o uso inadequado da irrigação.[10]
Uso medicinal
O Maracujá (termo genérico para diversas espécies das Passifloras) é uma planta medicinal com amplo uso na medicina tradicional ou etnofarmacológicos. Sendo principalmente nas afecões do sistema nervoso, onde encontra-se referência a sua indicação com sedativo, hipnótico, analgésico, antiespasmódico, tranqüilizante, usado nas excitações nervosas, histeria, neurastenia; aplicado como emplastro na cabeça para o alívio de tonturas e dores de cabeça, etc.. Além de outros usos como: diurético ou indicado para asma, icterícia; na forma de emplastros ou loções para as erisipelas e doenças de pele com inflamação; doença relacionada à má digestão e dores de estômago. Inclusive tem sido cogitado ser um alimento funcional. Naturalmente ensaios clínicos devem ser realizados usando uma metodologia adequada para avaliar a eficácia putativa etno tradicional. [11][12][13][14][15]
Pereira & Vilegas (2000) [16] realizaram uma revisão sobre a farmacologia, toxicologia e constituintes químicos presentes nas folhas das espécies: P. alata, P. edulis fo. flavicarpa, P. edulis fo. edulis e P. incarnata. Uma vasta revisão também foi realizada por Dhawan et al. (2004) [17], descrevendo a ação farmacológica, toxicologia e os constituintes químicos das folhas de várias espécies do gênero Passiflora. Entre seus diversos constituintes os flavonóides e alcalóideindolicos especialmente β-carbolina (harmano, harmina, harmalina) são potencialmente os elementos ativos capazes de explicar seu efeito hipnótico e sedativo contudo os referidos estudos de revisão apontam a necessidade de maiores estudos para identificação precisa desse efeito já registrado desde século XVII na Europa em antigos livros médicos e botânicos. [18][19][20][21]
↑MIRODDIA, M.; CALAPAIA, G. M.; NAVARRA M.; MINCIULLO, P.L.; GANGEMI, S. Passiflora incarnata L.: Ethnopharmacology, clinical application, safety and evaluation of clinical trials. Journal of Ethnopharmacology, Volume 150, Issue 3, 12 December 2013, Pages 791-804 Abstract Aces. Aug. 2019
↑KIM, Mijin; LIM,Hee-Sook; LEE, Hae-Hyeog; KIM, Tae-Hee. Role Identification of Passiflora Incarnata Linnaeus: A Mini Review. J Menopausal Med. 2017 Dec; 23(3): 156–159. Published online 2017 Aces. aug. 2019. doi: 10.6118/jmm.2017.23.3.156
↑PEREIRA CAM, VILEGAS JHY 2000. Constituintes químicos e farmacologia do gênero Passiflora com ênfase a P. alata, P. edulis e P. incarnata: revisão da literatura. Rev Bras Med 3: 1-12. PDF Aces. 12/08/2019
↑DHAWAN K, DHAWAN S, SHARMA A Passiflora: a review update. J Ethnopharmacol 94: 1-23. 2004. PDF Acesso, Agosto, 2019
↑SILVA, Gabriela Ribeiro. Estudo de alcaloides dos frutos de Passiflora alata e de Passiflora edulis por SBSE, CLAE-Flu e identificação por CLUE-EM. 2015. Dissertação (Mestrado em Química Orgânica e Biológica) - Instituto de Química de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2015. doi:10.11606/D.75.2015.tde-17082015-143533. Acesso em: 2019-08-12.
↑KRISHNAVENI, A.; THAAKUR, S. R. Quantification of harmaline content in Passiflora foetida by HPTLC technique. Journal Journal of Pharmacy Research 2009 Vol. 2 No. 5 pp. 789-791