Gammoudi é um dos pioneiros da revolução causada pelos grandes corredores de longa distância vindos da África, que mudaram a face do atletismo na segunda metade do século XX.
O favorito, o recordista mundial Ron Clarke, da Austrália, puxou um ritmo forte durante toda a prova. Faltando uma volta, Clarke havia se livrado de todos os adversários, menos de Gammoudi e do norte-americano Billy Mills. Na reta de chegada, Gammoudi e Clarke lutavam pela liderança, até Gammoudi assumir a frente a 50 m do final, quando foi ultrapassado por fora por Mills, que conquistou a única medalha de ouro dos Estados Unidos nesta prova até hoje, deixando o tunisino com a prata.
Dois dias depois, Gammoudi venceu a sua eliminatória dos 5000 m mas, por razões nunca explicadas, não apareceu para disputar a final.
Na prova, Gammoudi correu o tempo todo entre os líderes, até nas voltas finais sobrarem apenas ele, Mamo Wolde da Etiópia e Naftali Temu, do Quênia, disputando a ponta. Os dois corredores da África Negra o ultrapassaram nos últimos metros, deixando-o com a medalha de bronze.
Desta vez Gammoudi compareceu à final dos 5.000 m que havia abandonado nos Jogos anteriores. Na prova, ele, Temu, campeão dos 10.000 m dois dias antes, e Kip Keino, também do Quênia, diputaram a ponta até a reta final,[2] mas foi o tunisino quem desta vez levou melhor, cruzando a fita de chegada na frente e conquistando a primeira e até hoje única medalha de ouro da Túnisia no atletismo em Jogos Olímpicos.[3]
Munique 1972
Nos Jogos do Mediterrâneo seguintes, em Esmirna, na Turquia, Gammoudi ficou apenas com a prata nos 5000 metros.[4] Apesar do desapontamento, ele mais uma vez chegou às Olimpíadas como favorito. Em Munique 1972, apesar da forte concorrência nas duas provas de fundo, o tusinino era bastante cotado para nova medalha de ouro.
Nos 10.000 m, entretanto, ele e o finlandêsLasse Viren chocaram-se e caíram ao chão, com metade da distância percorrida. Viren conseguiu levantar-se e voltar ao grupo - e ganharia a prova com recorde mundial - enquanto Gammoudi, sentindo mais a queda, completou apenas mais uma volta, muito distante do resto do pelotão, e abandonou a corrida.
Nos 5.000 m, nova disputa com Viren. Desta vez, a prova foi iniciada em ritmo mais lento, Gammoudi correu ate os 3000 m junto ao pelotão líder, com mais de dez corredores em formação compacta. No último terço da prova, quatro corredores dispararam para a arrancada final, entre eles Viren, Gammoudi e Steve Prefontaine dos Estados Unidos, com o finlandês superando o tunisino a dez metros da linha de chegada e deixando Gammoudi com a prata, na última grande competição do corredor norte-africano.
Cross-country
Mohammed Gammoudi também foi um grande corredor de cross-country. No Campeonato Internacional de 1965, na Bélgica, ele ficou em terceiro lugar, e em 1968, em Túnis, conquistou a medalha de ouro.[5] A partir dos anos 70, essa competição seria transformada pela IAAF no Campeonato Mundial de Cross-Country.