A Multidisciplinary Association for Psychedelic Studies – MAPS (em português: Associação Multidisciplinar para Estudos Psicodélicos) é uma organização – do tipo 501(c)(3) – baseada em voluntários que trabalham para aumentar a conscientização e a compreensão sobre substâncias psicodélicas. A MAPS foi fundada em 1986 por Rick Doblin e está sediada em Santa Cruz, Califórnia.
A MAPS ajuda os cientistas a projetar, financiar e obter aprovação regulatória para estudos de segurança e eficácia de várias substâncias controladas. A MAPS trabalha em estreita cooperação com as autoridades reguladoras governamentais em todo o mundo, como a Food and Drug Administration (FDA) e a Agência Europeia de Medicamentos (EMA), a fim de garantir que todos os seus protocolos de pesquisa estejam em conformidade com as diretrizes éticas e processuais da pesquisa clínica sobre drogas. Entre os esforços de pesquisa da MAPS, estão incluídos pesquisas sobre o MDMA (metilenodioximetanfetamina) para o tratamento do transtorno de estresse pós-traumático (TEPT); pesquisas sobre LSD e psilocibina para o tratamento de ansiedade, cefaleia em salvas e depressão associada a problemas de final de vida; ibogaína para o tratamento da dependência de opiáceos, ayahuasca para o tratamento da dependência de drogas e TEPT; aplicação da cannabis medicinal para TEPT; e sistemas alternativos de aplicação de cannabis medicinal, como vaporizadores e bongs. Os funcionários da MAPS dizem que o objetivo final da organização é estabelecer uma rede de clínicas onde esses e outros tratamentos possam ser fornecidos em conjunto com outras terapias, sob a orientação de médicos e terapeutas treinados e licenciados.[1]
Além de patrocinar pesquisas científicas, a MAPS organiza conferências de educação médica continuada, patrocina e apresenta palestras e seminários sobre os avanços na área das pesquisas sobre psicodélicos e maconha medicinal, fornece serviços de redução de danos voltados aos psicodélicos por meio do Projeto Zendo, que atua em eventos como festivais de música e no Burning Man. A MAPS também edita uma publicação trienal em estilo de revista, o Boletim da MAPS, com atualizações sobre as pesquisas em andamento, questões jurídicas e iniciativas educacionais. A MAPS também publica livros que tratam da ciência, história e cultura da pesquisa psicodélica e da terapia psicodélica.[2]
História
Terapia psicodélica
As propriedades psicoativas do LSD foram descobertas em 1943 pelo químico suíço Albert Hofmann quando ele acidentalmente ingeriu uma pequena dose pela pele enquanto estudava o composto. A pesquisa controlada sobre os efeitos do LSD em seres humanos começou logo depois; e um colega de Hofmann, Werner Stoll, publicou suas descobertas sobre os efeitos básicos do LSD em seres humanos em 1947.[3]
Após os primeiros esforços de pesquisa terem sido concentrados na investigação sobre se o LSD poderia induzir de distúrbios psicóticos, alguns começaram a avaliar o potencial do LSD para auxiliar na psicoterapia freudiana tradicional na década de 1950. Estudos sobre os efeitos do LSD na criatividade e espiritualidade humanas também foram realizados durante esse período.[4]
Fundação da MAPS
Antecipando que a Drug Enforcement Administration (DEA) passaria a criminalizar o MDMA por causa da crescente popularidade da droga no uso recreativo, Rick Doblin, Alise Agar e Debby Harlow organizaram um grupo sem fins lucrativos chamado Earth Metabolic Design Laboratories – (EMDL) para defender o potencial uso terapêutico de MDMA. Em 1984, o DEA havia anunciado sua intenção de designar o MDMA como uma substância controlada no Schedule I, uma categorização que restringiria e regularia bastante a disponibilidade da droga, além de indicar um alto potencial de abuso e que a substância não possuía aplicação médica conhecida.[5]
Quando o MDMA passou a ser considerado ilegal, mantido na mesma categoria de substâncias que a heroína, a única maneira de realizar pesquisas científicas seria através do longo e caro processo de aprovação da FDA. Mantendo a crença de que o MDMA tinha potencial terapêutico e poderia servir como substância auxiliar em psicoterapia, eventualmente se tornando um medicamento sob prescrição médica, Rick Doblin idealizou o MAPS como uma organização educacional e de pesquisa sem fins lucrativos. A fundação da MAPS foi o primeiro passo para o que Doblin chamou de "empresa farmacêutica psicodélica sem fins lucrativos".[6] Fundada em 1986, a MAPS já contribuiu com mais de 12 milhões de dólares para o estudo científico de substâncias psicodélicas, da cannabis e de suas possíveis aplicações terapêuticas.[7][8]
Projetos e pesquisas
Desde 1986, a MAPS aplicou mais de 20 milhões de dólares no financiamento de projetos e pesquisas e educação sobre psicodélicos e cannabis medicinal. Esses incluem:
- Erowid e MAPS colaboram em dois grandes projetos de banco de dados de referência desde 2001. A Erowid trabalha na construção de uma biblioteca online sobre MDMA e a MAPS começou a trabalhar em um projeto semelhante com as biibliotecas sobre LSD e psilocibina, da Fundação Albert Hofmann.[9]
- Um estudo foi projetado para examinar a maconha vaporizada ou fumada no tratamento de TEPT relacionado em veteranos de geurra, que avaliará a eficácia e a segurança de várias cepas de cannabis. O estudo recebeu aprovação da FDA. A MAPS está buscando a compra de cepas apropriadas de cannabis do governo federal dos EUA.[10]
- Esforços conjuntos do Prof. Lyle Craker, Programa de Plantas Medicinais, Departamento de Ciências Vegetais e do Solo da Universidade de Massachussetts Amherst, para obter uma licença da FDA para uma instalação de produção de cannabis.[11][12]
- Pesquisa analítica patrocinada sobre os efeitos da vaporização de cannabis , levando ao primeiro estudo humano de vaporizadores de cannabis, conduzido pelo Dr. Donald Abrams, da Universidade da Califórnia, em São Francisco.[13]
- Financiou os esforços bem-sucedidos do Dr. Donald Abrams para obter a aprovação do primeiro estudo humano em 15 anos sobre o uso terapêutico da cannabis, juntamente com uma doação de US$ 1 milhão para o Instituto Nacional de Abuso de Drogas (EUA).[10]
- Obteve a designação de medicamento órfão da FDA para a cannabis utilizada no tratamento da AIDS. [10]
- Apoiou estudos de acompanhamento de longo prazo à pesquisas pioneiras com LSD e psilocibina conduzidas originalmente nas décadas de 1950 e 1960.[14]
- Patrocinou pesquisas do Dr. Evgeny Krupitsky sobre psicoterapia assistida por cetamina como um potencial tratamento para dependência de heroína e alcoolismo.[15]
- Patrocínio de programas e serviços em festivais, eventos comunitários, igrejas e escolas que proporcionam educação sobre redução de danos e psicodélicos. [16]
- Um estudo clínico avaliando o tratamento de dores de cabeça em cluster utilizando baixas doses de psilocibina (encontrada em cogumelos psicoativos) está sendo desenvolvido por pesquisadores da Harvard Medical School e do McLean Hospital, em conjunto com a MAPS. [14]
Ver também
Referências
- ↑ Doblin R (2002). «A clinical plan for MDMA ("Ecstasy") in the treatment of posttraumatic stress disorder (PTSD): partnering with the FDA». Journal of Psychoactive Drugs. 34: 185–94. CiteSeerX 10.1.1.545.1584. PMID 12691208. doi:10.1080/02791072.2002.10399952
- ↑ «Multidisciplinary Association for Psychedelic Studies». MAPS
- ↑ Hofmann, Albert (2005). LSD: My Problem Child. MAPS. Santa Cruz: [s.n.] ISBN 978-0-9660019-8-3
- ↑ Carhart-Harris, Robin L; Goodwin, Guy M (1 de outubro de 2017). «The Therapeutic Potential of Psychedelic Drugs: Past, Present, and Future». Neuropsychopharmacology. 42 (11): 2105–2113. ISSN 0893-133X. PMC 5603818. PMID 28443617. doi:10.1038/npp.2017.84.
Catalisados por relatórios iniciais sobre a potência única e notáveis efeitos subjetivos da dietilamida do ácido lisérgico (LSD) no início da década de 1950, os psicodélicos e particularmente o LSD tornaram-se amplamente utilizados por psicólogos e psiquiatras em pesquisa e prática clínica, com dezenas de milhares de pacientes estimados ter sido tratado com 'psicoterapia psicodélica' por um período de cerca de 15 anos (Grinspoon e Bakalar, 1979).
- ↑ Documents from the DEA Scheduling Hearing of MDMA, 1984-1988, Maps.org, consultado em 14 de abril de 2012
- ↑ Millard, M. (8 de outubro de 2014). «This is your brain on drugs: Rick Doblin thinks pot, ecstasy, and other psychedelics could unlock the human mind — and he wants to bring them to Harvard, the FDA, and a doctor's office near you». Boston Phoenix. Consultado em 31 de maio de 2014. Cópia arquivada em 20 de novembro de 2013
- ↑ Financial Reports, Maps.org, consultado em 14 de abril de 2012
- ↑ Mission, Maps.org, consultado em 14 de abril de 2012
- ↑ «MAPS/EROWID Psychedelic Bibliography Projects». www.maps.org
- ↑ a b c Medical Marijuana, Maps.org, consultado em 14 de abril de 2012
- ↑ Harris, Gardiner (18 de janeiro de 2010). «Researchers find study of medical marijuana discouraged». The New York Times. Consultado em 22 de fevereiro de 2010
- ↑ Stafford, Lindsay (2010), «The state of clinical cannabis research in the United States», HerbalGram, 85: 64–68
- ↑ Abrams DI; Vizoso HP; Shade SB; Jay C; Kelly ME; Benowitz NL (2007), «Vaporization as a smokeless cannabis delivery system: A pilot study», Clinical Pharmacology & Therapeutics, 82 (5): 572–578, PMID 17429350, doi:10.1038/sj.clpt.6100200
- ↑ a b LSD & Psilocybin-Assisted Therapy for Anxiety, Maps.org, consultado em 14 de abril de 2012
- ↑ Psychedelic Research Around the World, Maps.org, consultado em 14 de abril de 2012
- ↑ «Multidisciplinary Association for Psychedelic Studies». MAPS
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