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Nicolau de Cusa

Nicolau de Cusa
Nicolau de Cusa
Fragment del tríptic de la Passió conservat a la capella de l'hospital de Sant Nicolau a Bernkastel-Kues on es representa a Nicolau de Cusa.
Nascimento Nikolaus Krebs
1401
Bernkastel-Kues (Sacro Império Romano-Germânico)
Morte 11 de agosto de 1464 (62–63 anos)
Todi (Estados Papais)
Sepultamento Basílica de São Pedro Acorrentado, Tomb of the cardinale Nicolò Cusano
Cidadania Sacro Império Romano-Germânico
Alma mater
Ocupação matemático, astrônomo, diplomata, filósofo, escritor, padre, teólogo, jurista, político, bispo católico, escriba
Movimento estético Renascimento na Alemanha
Título Príncipe-bispo
Religião Igreja Católica

Nicolau de Cusa ou Nicolau Krebs ou Chrypffs (Cusa, Tréveris, Alemanha, 1401Todi, Úmbria, Itália, 11 de agosto de 1464) foi um cardeal da Igreja Católica Romana, um dos primeiros filósofos do humanismo renascentista, e autor de inúmeras obras, sendo a principal delas Da Douta Ignorância, publicada em 1440.

Como filósofo Nicolau ficou conhecido por ideias que absorvera tanto da literatura antiga quanto medieval, como por exemplo o neoplatonismo e o neoplatonismo cristão. Seus pensamentos giravam em torno do conceito de cooperação: o objectivo de alcançar a mais ampla unidade possível, segundo ele seria o meio para a humanidade se chegar a um sentido mais elevado. Também defendia que os efeitos da mentalidade presente desenvolveriam algo em comum para um consenso de tolerância religiosa.

Biografia

Nicolau era filho de um barqueiro, João Cryfts, e de Catarina Roemer. Teólogo e filósofo humanista, é considerado o pai da filosofia alemã e como personagem chave na transição do pensamento medieval ao do Renascimento, um dos primeiros filósofos da Idade Moderna.

Entre seus pensamentos está a divisão do saber humano em dois graus: o intelectual e o racional. O primeiro nos conferiria a noção mística de Deus, e o segundo tinha origem na sensibilidade. Este dualismo é muito peculiar ao pensamento místico.

Em 1425 matricula-se em Teologia em Colônia, e ali recebe as doutrinas de Santo Alberto Magno, do platonismo e de Ramón Llull. A partir de 1426 o legado papal (Orsini) pede-lhe que seja seu secretário, o que lhe permite ascender ao mundo dos Humanistas e o introduz no mundo da política eclesiástica e do estudo. Dedica-se ao estudo dos códices e descobre até 800 textos de Cícero, 16 comédias de Plauto, etc.

Foi ordenado presbítero em 1430, e entre 1432 e 1436 defende de maneira ativa o conciliarismo, mas a partir do Concílio de Basileia se desconcerta e se reconcilia com as teses do Papa, convertendo-se no personagem mais relevante.

Doutor em Direito Canônico, participou no Concílio de Basileia em 1431. Identificado como anti-aristotélico ou antiescolástico, introduziu a noção de coincidentia oppositorum (coincidência de opostos), que é Deus, para superar todas as contradições da realidade. Foi um dos primeiros filósofos a questionar o modelo geocêntrico do mundo. Conseguiu um breve período de conciliação entre as igrejas Católica e Ortodoxa, se empenhou em aproximar a Igreja dos hussistas, predicou a cruzada contra os turcos e mediou na pacificação das relações entre França e Inglaterra.

Em 1450 foi nomeado Cardeal e Bispo de Bressanone, uma nomeação não aceita pelo duque Segismundo.

Códice Cusano 220

Nicolau de Cusa fundou um asilo para idosos em Kues, hoje conhecida como Bernkastel-Kues, cidade localizada a cerca de 130 quilómetros ao sul de Bonn, Alemanha. Este edifício abriga hoje a biblioteca de Cusa, com mais de 310 manuscritos.

Entre os manuscritos ali preservados encontra-se o Códice Cusano 220, que inclui um sermão proferido por Nicolau de Cusa em 1430, intitulado In principio erat verbum (No princípio era o Verbo). Nesse sermão em defesa da Trindade, Nicolau de Cusa utiliza a grafia latina Iehoua para se referir ao nome de Deus, hoje conhecido pelas grafias Jeová ou Javé, em português. Na folha 56, em referência ao nome divino, há a seguinte declaração:

"Ele [o nome] é dado por Deus. É o Tetragrama, isto é, nome composto por quatro letras. [...] Esse é, sem dúvida, o santíssimo e grande nome de Deus."

Este códice, do início do Século XV, é um dos mais antigos documentos existentes onde o Tetragrama é traduzido pela forma latinizada Iehoua, indicando que formas do nome do Deus mencionado na Bíblia, similares a Jehovah ou Jeová, têm sido por séculos a transcrição literária mais comum do nome divino.[1]

O códice destaca sobretudo sua atividade política. Como legado papal, empenhou-se em fazer uma reforma da Igreja e foi um grande conciliador de posturas confrontadas, chegando mesmo a unificá-las. Em 1459 o papa Pio II o nomeia Cardeal Camerlengo e Vigário-Geral.

Foi amigo do médico Paolo Toscanelli e inventou as lentes côncavas para tratar a miopia.

Pensamento filosófico

  • Todo conhecimento vai desde o conhecido até o desconhecido, mediante o estabelecimento de proporcionalidades.
  • Não existe proporção perfeita entre a coisa conhecida e nosso conhecimento dela, nem em geral entre o medido e a medida. A ciência humana é por isso, conjectural.
  • Deus é ratio essendi e ratio cognoscendi de toda a realidade; de modo que qualquer investigação filosófica tem por horizonte a Deus. Não há pergunta nem ente que não suponha necessariamente a Deus como princípio.

Obras mais importantes

  • In principio erat verbum, incluído no Códice Cusano 220 (1430)
  • De concordantia catholica (1434)
  • De docta ignorantia (1440)
  • De coniecturis (1441)
  • Idiota de mente, Idiota de sapientia, Idiota de staticis experimentis (1450)
  • De visione Dei (1453)
  • De Possest (1460)
  • Compendium sive compendiossisima directio (1463)
  • De apice theoriae (1464)

Ver também

Bibliografia

  • Catà, Cesare, "Perspicere Deum. Nicholas of Cusa and the European Art of Fifteenth Century", em "Viator" 39 no. 1 (2008)
  • Bellitto, Christopher (ed.), Introducing Nicholas of Cusa: A Guide to a Renaissance Man , Paulist Press (2004)
  • D'Amico, Claudia, and Machetta, J. (edd.), El problema del conocimiento en Nicolás de Cusa: genealogía y proyección, EDITORIAL BIBLOS (2004)
  • Kazuiko Yamaki (ed.), Nicholas of Cusa: A Medieval Thinker for the Modern Age, Routledge, 2001.
  • Bond, H. Lawrence, Nicholas of Cusa: Selected Spiritual Writings [Classics of Western Spirituality]. Paulist Press, 2002. ISBN 0-8091-3698-8
  • Sigmund, Paul (ed.) The Catholic Concordance [Cambridge Texts in the History of Political Thought]. Cambridge University Press, 1991.

Referências

  1. A Sentinela, 15 de Outubro de 2008, página 16
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