Como filósofo Nicolau ficou conhecido por ideias que absorvera tanto da literatura antiga quanto medieval, como por exemplo o neoplatonismo e o neoplatonismo cristão. Seus pensamentos giravam em torno do conceito de cooperação: o objectivo de alcançar a mais ampla unidade possível, segundo ele seria o meio para a humanidade se chegar a um sentido mais elevado. Também defendia que os efeitos da mentalidade presente desenvolveriam algo em comum para um consenso de tolerância religiosa.
Biografia
Nicolau era filho de um barqueiro, João Cryfts, e de Catarina Roemer. Teólogo e filósofo humanista, é considerado o pai da filosofia alemã e como personagem chave na transição do pensamento medieval ao do Renascimento, um dos primeiros filósofos da Idade Moderna.
Entre seus pensamentos está a divisão do saber humano em dois graus: o intelectual e o racional. O primeiro nos conferiria a noção mística de Deus, e o segundo tinha origem na sensibilidade. Este dualismo é muito peculiar ao pensamento místico.
Em 1425 matricula-se em Teologia em Colônia, e ali recebe as doutrinas de Santo Alberto Magno, do platonismo e de Ramón Llull. A partir de 1426 o legado papal (Orsini) pede-lhe que seja seu secretário, o que lhe permite ascender ao mundo dos Humanistas e o introduz no mundo da política eclesiástica e do estudo. Dedica-se ao estudo dos códices e descobre até 800 textos de Cícero, 16 comédias de Plauto, etc.
Foi ordenado presbítero em 1430, e entre 1432 e 1436 defende de maneira ativa o conciliarismo, mas a partir do Concílio de Basileia se desconcerta e se reconcilia com as teses do Papa, convertendo-se no personagem mais relevante.
Nicolau de Cusa fundou um asilo para idosos em Kues, hoje conhecida como Bernkastel-Kues, cidade localizada a cerca de 130 quilómetros ao sul de Bonn, Alemanha. Este edifício abriga hoje a biblioteca de Cusa, com mais de 310 manuscritos.
Entre os manuscritos ali preservados encontra-se o Códice Cusano 220, que inclui um sermão proferido por Nicolau de Cusa em 1430, intitulado In principio erat verbum (No princípio era o Verbo). Nesse sermão em defesa da Trindade, Nicolau de Cusa utiliza a grafia latina Iehoua para se referir ao nome de Deus, hoje conhecido pelas grafias Jeová ou Javé, em português. Na folha 56, em referência ao nome divino, há a seguinte declaração:
"Ele [o nome] é dado por Deus. É o Tetragrama, isto é, nome composto por quatro letras. [...] Esse é, sem dúvida, o santíssimo e grande nome de Deus."
Este códice, do início do Século XV, é um dos mais antigos documentos existentes onde o Tetragrama é traduzido pela forma latinizada Iehoua, indicando que formas do nome do Deus mencionado na Bíblia, similares a Jehovah ou Jeová, têm sido por séculos a transcrição literária mais comum do nome divino.[1]
O códice destaca sobretudo sua atividade política. Como legado papal, empenhou-se em fazer uma reforma da Igreja e foi um grande conciliador de posturas confrontadas, chegando mesmo a unificá-las. Em 1459 o papa Pio II o nomeia Cardeal Camerlengo e Vigário-Geral.
Todo conhecimento vai desde o conhecido até o desconhecido, mediante o estabelecimento de proporcionalidades.
Não existe proporção perfeita entre a coisa conhecida e nosso conhecimento dela, nem em geral entre o medido e a medida. A ciência humana é por isso, conjectural.
Deus é ratio essendi e ratio cognoscendi de toda a realidade; de modo que qualquer investigação filosófica tem por horizonte a Deus. Não há pergunta nem ente que não suponha necessariamente a Deus como princípio.
Obras mais importantes
In principio erat verbum, incluído no Códice Cusano 220 (1430)