A maioria das ordens de cavalaria britânicas cobre o Reino inteiro, mas cada uma das três maiores só pertence a uma nação constituinte. A Ordem de São Patrício, enquanto pertencendo à Irlanda, é a menor dessas três em precedência e idade. O equivalente dela na Inglaterra é a Ordem da Jarreteira, a ordem de cavalaria mais velha do Reino Unido, datada de meados do século XIV. Na Escócia é a Ordem do Cardo-selvagem, datada de 1687.
A Ordem ganhou cobertura internacional em 1907, quando seus distintivos, conhecidos como Jóias da Coroa Irlandesa, foram roubados do Castelo de Dublin pouco antes de uma visita do Soberano da Ordem, o Rei Eduardo VII. Os paradeiros desse distintivos continuam a ser um mistério.
História
Fundação
A Ordem foi fundada em 1783, um ano depois da concessão de uma autonomia significativa para a Irlanda, como forma de recompensa (ou obtenção) de apoio político para a coroa britânica no Parlamento Irlandês.[2] A Ordem do Banho, fundada em 1725, tinha sido instituída por razões similares. Os estatutos da Ordem limitavam a entrada a ela para os homens que eram cavaleiros e gentlemen, estes últimos definidos por terem três gerações de "nobreza" (quer dizer, ancestrais que tinham direito a brasão de armas) em ambas as origens, paterna e materna.[3] Na prática, porém, só os nobres da Irlanda (e ocasionalmente alguns príncipes estrangeiro) foram recompensados em algum momento com a Ordem. A cruz de São Patrício (uma cruz vermelha em fundo branco) era escolhida como um dos símbolos da Ordem. Uma bandeira de São Patrício foi usada semi-oficialmente para representar a Irlanda daquele tempo até o Acto de União em 1800, quando foi incorporada a Bandeira do Reino Unido.[4]
É legalmente possível que a monarquia britânica restabeleça a Ordem de forma unilateral, mas é muito pouco provável. Também é possível que a coroa britânica e o Governo Irlandês decidam recuperá-la como parte de um sistema de honras anglo-irlandês. O periódico irlandês Sunday Independent publicou um artigo em julho de 2004 incentivando o restabelecimento da Ordem e sua concessão de forma conjunta pelo presidente irlandês e o monarca britânico a indivíduos que tenham se distinguido no campo das relações anglo-irlandesas.[11] Outras publicações também deram sugestões similares.[12]
A Constituição da Irlanda diz que «Os títulos da nobreza não serão conferidos pelo Estado» (Artigo 40.1) e que «Nenhum título de nobreza ou de honra pode ser aceito por um cidadão exceto que tenha a aprovação anterior do governo» (Artigo 40.2). Os especialistas estão divididos sobre se esta cláusula proíbe a concessão da Ordem de São Patrício aos cidadãos irlandeses. Alguns sugerem que a expressão "títulos de nobreza" implica nobreza hereditária e outros títulos nobres, não títulos honoríficos em vida, como a nomeação de cavaleiros.[10][13]
A Ordem, originalmente, tinha quinze cavaleiros além do Soberano,[16] até 1821, quando Jorge IV nomeou seis cavaleiros adicionais,[17] ainda que não tenha ditado nenhuma Ordem Real a respeito da mudança até 1830. Guilherme IV modificou os estatutos em 1833, aumentando o limite para vinte e dois cavaleiros.[18]
Os estatutos originais, baseados praticamente na Ordem da Liga, prescreviam que nenhuma vaga poderia ser ocupada pelo Soberano sem uma nomeação por parte dos membros. Cada um destes deveria propor nove candidatos, dos quais três teriam que possuir a classe de Conde ou maior, três a classe de Barão ou maior e três a classe de Cavaleiro ou maior, ficando um voto livre. O sistema nunca chegou a ser colocado em prática, o Grão-Mestre nomeava um grupo, o Soberano usualmente o aprovava, e uma reunião do capítulo sustentava que os cavaleiro «haviam escolhido» o novo membro.[19] A Ordem de São Patrício se diferenciava de seus contrapartes ingleses e escoceses, a Liga e o Cardo, somente na designação de grupos e príncipes. As mulheres nunca foram admitidas na Ordem de São Patrício, e não eram elegíveis nas outras duas ordens até 1987. A única mulher que pertenceu a ela foi a Rainha Vitória, como Soberana da Ordem. Ainda que estivesse associada à Igreja da Irlanda até 1871, vários católicos foram membros da Ordem ao longo de sua história.[20]
Galeria
Distintivos de Grão-mestre (acima) e Cavaleiro Companheiro (abaixo) da Ordem de São Patrício.
↑De acordo com Galloway (pp 171-2), o lema foi tomado emprestado pela Ordem dos Irmãos Companheiros de São Patrício, mas também foi apropriado politicamente como expressão de um desejo de unidade.
↑Preâmbulo dos Estatutos de 1783, citado em Nicolas, p9. De acordo com Galloway, p17, estava previsto que houvesse 16 cavaleiros além do Soberano, mas Jorge III decidiu tomar um dos 16 assentos que foram distribuídos na capela para si mesmo.
↑Por exemplo Thomas O'Hagan, 1º Barão O’Hagan e Thomas Southwell, 4º Visconde de Southwell. De acordo com Galloway, p69, o primeiro Católico Romano foi designado à Ordem em 1821.
Bibliografia
Galloway, Peter (1999) The most illustrious Order: The Order of St Patrick and its knights. Londres: Unicorn. ISBN0-906290-23-6