Velho Chico é uma telenovela brasileira produzida pela TV Globo e exibida originalmente de 14 de março a 30 de setembro de 2016 em 172 capítulos,[2] com o último capítulo reexibido no dia subsequente, 1º de outubro. Substituiu A Regra do Jogo e foi substituída por A Lei do Amor, sendo a 10.ª "novela das nove" exibida pela emissora.
A trama se inicia no final da década de 1960, quando Afrânio é obrigado a retornar de Salvador para a fictícia cidade de Grotas de São Francisco, local próximo ao Rio São Francisco, para assumir o lugar do pai, o poderoso Coronel Jacinto, que comandava a política e a economia da cidade. Apaixonado por Iolanda, uma atraente cantora cigana de origem espanhola, mas obrigado pela amargurada mãe Encarnação, que ainda sofre pela perda de seu filho mais velho, morto nas águas do São Francisco, Afrânio parte numa viagem pela região para reafirmar alianças que seu pai mantinha.[5] Em sua viagem, conhece Leonor, filha do coronel Argelino e de Zilu, que acaba por lhe atiçar o desejo, e se envolvendo cada vez mais, o pai da moça obriga a se casarem. Leonor é recebida com desprezo por Encarnação, pelo fato de vir de uma classe baixa, ou seja, incapaz para ser esposa de seu filho, o jovem Coronel Saruê. Quando Maria Tereza nasce, Encarnação espalha que nem para dar um filho homem, Leonor serve.
Rival da família Sá Ribeiro, já que o Coronel Jacinto ambicionava suas terras, o capitão Ernesto Rosa, homem justo casado com Eulália, mas sem filhos, adota Luzia, bebê abandonada no meio da plantação de algodão. Na mesma época, acolhem o casal de retirantes, Belmiro e Piedade, pais de Bento e Santo. Com o passar do tempo e crescendo juntos, Luzia passa a nutrir uma paixão por Santo, que nem desconfia dos sentimentos da irmã de criação.
É numa procissão de São Francisco de Assis, sob as águas do Velho Chico, que os caminhos de Santo e Maria Tereza se cruzam. Mas o amor do filho do retirante com a filha do coronel é descoberto, e Maria Tereza é mandada para um internato em Salvador. Apesar de enviar cartas para o amado, em que revela estar grávida, estas são interceptadas por Luzia, ainda apaixonada por Santo. Ao mesmo tempo que Miguel nasce, fruto de um amor proibido, Belmiro é morto por Cícero, empregado do coronel Afrânio, ao mesmo tempo, Ernesto também é assassinado nos cais do rio. O assassinato de Belmiro e de Ernesto aumenta a rivalidade entre as duas famílias e Bento jura fazer vingança. O povo também fica inconformado e o delegado da cidade aconselha Afrânio a sair de Grotas por um tempo. Logo após o nascimento do filho, Maria Tereza volta para a fazenda de seu pai, onde acaba se casando com o jovem deputado Carlos Eduardo, embora espere um dia reencontrar seu grande amor para viverem felizes.[6][7][8][9]
Segunda fase
Trinta anos se passaram, e Maria Tereza deixa Brasília e retorna para Grotas de São Francisco com Carlos Eduardo, agora um político ambicioso. O retorno é para comemorar o aniversário de cem anos da avó Encarnação, e reencontra o pai, Afrânio, e a madrasta Iolanda. Ela passa a comandar a exportação de frutas da família em Salvador, mas constata que a centenária está triste por não receber a visita do neto Martim, que deixou a fazenda do pai após uma desavença no passado. A festa de Encarnação tem outro desfalque: Miguel, que ainda está na França estudando agronomia orgânica. A volta do rapaz para cuidar da fazenda do avô é temida por Carlos Eduardo, que receia sua aproximação com o pai biológico. Santo desconhece a existência de Miguel, fruto de seu relacionamento com Maria Tereza, já que as cartas interceptadas por Luzia o impediram de viver essa paternidade. Com o caminho livre, Luzia se casou com ele, e tiveram as meninas Olívia e Isabel. Santo fundou uma cooperativa que luta pelos interesses dos pequenos produtores. No decorrer dos anos, Eulália morre e a fazenda Piatã passou a ser comandada por Piedade, mãe de Santo e Bento, este que se formou em direito e se tornou vereador em Grotas contra a vontade de Afrânio. O reencontro entre Santo e Maria Tereza acontece nas margens do Rio São Francisco, e ambos percebem que ainda se amam e a reaproximação entre eles afetará a vida de quase todos em Grotas.
Em 2009, Benedito Ruy Barbosa entregou à direção da TV Globo a sinopse de uma trama sobre o Rio São Francisco; porém em 2012, após avaliação da emissora, a história foi engavetada por ser considerada política demais.[47] Benedito esperava levar a história no ano seguinte na faixa das 21 horas, e Eriberto Leão estava cotado para o papel de protagonista.[48] Primeira opção de Benedito para o papel de protagonista, mas atuando na telenovela das 18 horas, Eriberto acabou sendo substituído por Rodrigo Santoro na 1.ª fase.[49][50][51]
Em 2015, o projeto é aprovado para às 18 horas, substituindo Êta Mundo Bom!. Rogério Gomes foi anunciado para dirigir a trama, mas a pedido do autor e devido ao êxito da reprise de O Rei do Gado, Luiz Fernando Carvalho foi convidado para a direção; embora fosse orientado a não ousar tanto esteticamente do mesmo modo que em Hoje É Dia de Maria.[52][53][54][55][56] Posteriormente, a história foi deslocada para ser exibida às 21 horas, substituindo A Regra do Jogo, na vaga que era de Maria Adelaide Amaral, devido aos temas pesados abordados pelas telenovelas até então já aprovadas e/ou exibidas, além da impossibilidade da trama já aprovada abordar a temática política, pelo fato de ser ano eleitoral.[57][58][59][60]
Dividida em duas fases,[61] teve direção de fotografia de Alexandre Fructuoso e figurino de Thanara Schönardie.[62]
O processo criativo da equipe e dos atores durou apenas três meses e foi todo realizado no TVliê, o espaço colaborativo de criação de Luiz Fernando Carvalho, que funcionou entre 2013 e 2017, no Projac, conhecido como Galpão.[63][64]
A cenografia foi feita com peças reaproveitadas, provindas de objetos reciclados, como lâmpadas incandescentes utilizadas em refletores antigos reconstruídos.[69] O figurino da primeira fase foi composto por roupas reais de moradores das locações, através da troca de roupas usadas em troca de novas aos moradores.[70] Passando por descoloração de tecidos, tingimento e envelhecimento natural, o figurino dos personagens sertanejos são feitos em tons pastéis, enquanto os de Salvador são inspirados na Tropicália.[71]
A primeira fase registrou a volta do ator Rodrigo Santoro à dramaturgia da TV Globo, a última novela que o ator participou do início ao fim foi "Mulheres Apaixonadas" em 2003. Depois uma participação na série "As Brasileiras" em 2012, no episódio "A Indomável do Ceará".[75][76]Tarcísio Meira, em apenas dois capítulos, teve uma atuação marcante assim como a atriz Selma Egrei, que participou das duas fases da novela.
Luiz Fernando Carvalho desejava uma atriz espanhola para o papel de Iolanda, mas devido à grande importância da personagem para a história, Carol Castro e Christiane Torloni foram convidadas para interpretar a personagem.[77][78][79][80] Antes de Castro, Ana Paula Arósio foi convidada para o papel, mas as negociações com a emissora não avançaram.[81][82] Com o não de Arósio, Maria Fernanda Cândido foi convidada para interpretar a personagem, que também recusou o papel.[83]Letícia Sabatella havia acertado de interpretar Maria Tereza, mas devido a compromissos com o teatro e cinema, Camila Pitanga assumiu o papel.[84][85] A francesa Amy Camara estava confirmada como Sophie, personagem que apareceria apenas por volta do capítulo 90, mas foi trocada às pressas por Yara Charry, depois de Camara enfrentar problemas com moradia no Brasil.[86]Patrícia Pillar e Fernanda Montenegro foram convidadas para fazerem parte do elenco, mas a primeira tinha acabado de sair da minissérie Ligações Perigosas e não queria emendar dois trabalhos, enquanto a segunda queria ficar um tempo fora do gênero após Babilônia.[87]
O ator Umberto Magnani, que interpretava o padre Romão, sofreu um acidente vascular encefálico (AVE) enquanto se preparava para gravar a trama na tarde de 25 de abril, no Projac.[88] Ele foi internado no Hospital Vitória, perto do complexo da emissora na Barra da Tijuca, em coma profundo. Ana Júlia, filha de Magnani, informou que o ator passou por uma cirurgia de seis horas e teve uma parada cardíaca. Como o personagem era considerado importante para a história, diversas cenas tiveram que ser reescritas.[89] A época, sem condições de retornar à trama, Magnani foi substituído por Carlos Vereza, que passou a interpretar o padre Benício.[32] Magnani acabou falecendo dois dias depois.[90]
Faltando apenas duas semanas para o capítulo final, em 15 de setembro, o ator Domingos Montagner, que interpretava o protagonista Santo, morreu após se afogar no rio São Francisco, localizado na Região deCanindé de São Francisco, em Sergipe.[91] O acontecimento se deu após uma gravação para a novela, em que estavam presentes Gabriel Leone e Camila Pitanga.[92] Montagner foi nadar no São Francisco com Pitanga e acabou sendo arrastado por uma forte correnteza. Marcelo Serrado, que havia finalizado uma cena na região de Alagoas, ajudou nas buscas.[93] O ator foi encontrado quatro horas depois, sem vida.[94][95][96][97] Enquanto Montagner estava desaparecido, a direção da Globo solicitou que as gravações de Velho Chico—que iriam até o dia 18 de setembro—fossem paralisadas. Com a confirmação da morte do ator, a equipe técnica e o elenco que estavam gravando no Nordeste foram chamados para retornar ao Rio de Janeiro.[98] O canal também solicitou que a produção da trama não comentasse sobre o assunto com a imprensa.[99]
Benedito Ruy Barbosa lamentou a morte de Montagner e afirmou, em entrevista ao UOL, sobre a indefinição a respeito do desfecho do personagem do ator na trama: "É muito difícil ter que trocar um ator como ele por qualquer outro, não deve ser a solução. Ao mesmo tempo, tenho que fazer justiça a ele e ao trabalho maravilhoso que ele vinha fazendo".[100] Consultado pelo blog de Patrícia Kogut, do jornal O Globo, Benedito afirmou não saber o que iria fazer, mas que sua pretensão era de homenagear Montagner.[101]
Com a suspensão das gravações da trama, haviam somente cinco capítulos prontos para serem exibidos e no mesmo dia, havia uma indefinição se a trama permaneceria no ar ou se o final seria adiantado.[102] No entanto, o capítulo 167 foi levado ao ar, sem exibir cenas com o personagem "Santo"—que já estava definido antes da morte do ator[103]—e encerramento em silêncio.[104] No dia seguinte, foi definido que o reinício dos trabalhos seria no dia 18 de setembro e que a trama irá encerrar na data prevista, 30 de setembro.[105] O UOL revelou que também foi definido que a história do personagem de Montagner iria ser levada até o fim, sem substituição, morte ou viagem;[106] a solução encontrada foi filmar as cenas a partir da perspectiva em primeira pessoa de Santo, sem falas do personagem. O elenco voltaria a Sergipe no sábado, 17.[93] Outra parte do elenco permaneceu em Alagoas, que manteve o cronograma de gravações definido por Luís Fernando Carvalho.[106][107][108] O ritmo acelerado seria consequência dos atrasos de gravação provocados pelo diretor artístico da trama.[109][nota 1]
Recepção
Da crítica
"Eu já tentava ver tudo o que Luiz Fernando Carvalho fazia, e não apenas por solidariedade de xará. O que ele está fazendo no Velho Chico ultrapassa tudo o que já fez na TV - com a possível exceção de Os Maias. Ele é incapaz de um enquadramento que não seja perfeito, e teve também o talento de escolher um elenco perfeito.".
Segundo o crítico Maurício Stycer, Velho Chico é um marco na história recente da TV brasileira, pela ambição estética e relevância cultural.[111] Na opinião de Raquel Carneiro, foi difícil escolher a cena mais bonita do primeiro episódio, onde a "câmera do diretor abusou de ângulos criativos, que valorizaram os cenários, figurinos e também a belíssima fotografia da produção."[112] Na opinião de Patricia Kogut, a novela "trouxe a fábula de volta ao horário nobre" e é um "folhetim clássico, mas com muita renovação".[113][114] Para Nilson Xavier, a novela teve "incontestável qualidade técnica e artística, da direção à fotografia, trilha sonora e interpretação dos atores".[115]
Em sua crítica, a jornalista Carla Bittencourt diz que Velho Chico foi uma novela de atuações e cenas memoráveis, "pintada com tintas mais fortes do que o telespectador está acostumado a ver nesse horário, e essas características garantiram à trama seu lugar na história da teledramaturgia".[116] Entre os motivos que fizeram da novela um marco da teledramaturgia, segundo Vanessa Scalei do jornal "Zero Hora", está o grupo de atores escolhidos, que "mesclou grandes nomes da TV como Antônio Fagundes, Camila Pitanga e Christiane Torloni com gente do teatro (Domingos Montagner, Lee Taylor e Zezita Matos), do cinema (Irandhir Santos, Dira Paes e Selma Egrey) e novas caras (Gabriel Leone, Lucy Alves e Giullia Buscacio). A atuação deles foi coesa e todos tiveram espaço para aparecer. Além disso, ainda teve a participação especialíssima de Rodrigo Santoro em um de seus melhores papéis na televisão brasileira."[117][118][119]
A câmera única subjetiva, recurso de linguagem criado pelo diretor Luiz Fernando Carvalho para que o personagem Santo continuasse na trama mesmo após a morte do ator Domingos Montagner, foi considerada "sublime" e "uma homenagem perfeita ao ator", de acordo com Marcia Carolina Maia para a "Veja".[120][121]
"Velho Chico reinaugura um desejo de utopia (...) Que novela extraordinária é Velho Chico. Que bela fotografia em tons de sépia e marrom. Uma novela cor de barro e pó, terra e argila. Nenhum ator é loiro — nem os coronéis. Ninguém tem olhos azuis. O Brasil de Benedito Ruy Barbosa e Luiz Fernando Carvalho é agreste. É pobre, remediado, devastado e esperançoso".
O primeiro capítulo de Velho Chico, de acordo com dados consolidados da Grande São Paulo, registrou 35,4 pontos com máxima de 37, conseguindo a maior audiência de uma estreia da faixa das nove desde Amor à Vida (2013).[130] No Rio de Janeiro, a estreia registrou 38 pontos de média e 55% de share.[131] O segundo capítulo registrou 33,9 pontos em São Paulo[132] e 37 pontos no Rio de Janeiro, representando queda de um ponto em ambas as regiões.[133] Com a mudança para a segunda fase, a audiência de Velho Chico passou a cair e não atingiu mais os 30 pontos, além de frequentemente marcar menos audiência que Êta Mundo Bom! e Totalmente Demais, telenovelas das seis e das sete, respectivamente.[134]
Até setembro, registrava médias entre 25 a 30 pontos de audiência. Com a morte de Domingos Montagner, as duas últimas semanas da telenovela aumentaram seus índices com a curiosidade do público em saber como seria abordado o sumiço do personagem na trama e o desfecho de Maria Tereza, sendo que em 15 de setembro Velho Chico atingiu 35 pontos, índices não vistos desde a primeira semana.[135][136] No último capítulo a novela marcou 35,2 pontos na Grande São Paulo e no geral Velho Chico teve média geral de 29 pontos.[137] A média foi maior que as duas anteriores – A Regra do Jogo e Babilônia –, porém ainda abaixo do esperado para o horário, que era de 35 pontos na época.[138][139][140]
O ator Adílson Maghá faleceu durante as gravações, lutava contra um câncer no pulmão onde afetou o cérebro realizando a cirurgia, mas ele não resistiu.
Durante a coletiva de apresentação da trama, Benedito Ruy Barbosa causou controvérsia ao dizer que "odeia história de bicha" em alusão as últimas tramas das 21 horas, que deram destaque a personagens homossexuais.[149][150] A fala rendeu comentários negativos, como do diretor Luiz Fernando Carvalho, que classificou a fala como um "momento infeliz".[151] O Deputado Federal Jean Wyllys publicou em seu perfil no Facebook um longo texto, classificando as palavras do autor como "deselegantes, reacionárias e homofóbicas".[152]Aguinaldo Silva por meio de sua conta no Twitter, questionou se a fala teria relação com uma "traumática história de sofá", enquanto alguns usuários da mesma rede social sugeriram boicote ao folhetim.[153][154] Como resposta, a emissora cogitou inicialmente um comunicado à imprensa onde dizia que "as declarações de Ruy Barbosa não refletiam a política da empresa",[155] mas optou-se por não se pronunciar em relação ao que foi dito.[156] Posteriormente, o canal acordou com o autor e sua família para não conceder entrevistas, a fim de evitar temas polêmicos que possam atrapalhar a divulgação da trama.[155]
Problemas de produção
Em abril de 2016, o jornalista Ricardo Feltrin publicou em sua coluna no UOL que Benedito Ruy Barbosa estaria tendo atritos com o diretor Luiz Fernando Carvalho por estar editando a novela conforme seu gosto, desagradando o novelista. O jornalista também relatou que Velho Chico estaria com atrasos nas gravações e com poucos capítulos prontos. A Central Globo de Comunicação (CGCom) negou as afirmações, escrevendo que: "Toda novela com duas fases tem suas complexidades de produção."[157] No mesmo mês, Edmara Barbosa deixou de escrever a trama por divergências com o pai. Após escrever e entregar 50 capítulos, Ruy Barbosa e Bruno Luperi assumiram a obra.[158] Segundo Daniel Castro, do Notícias da TV, a Globo estaria negociando com Luiz Fernando Carvalho mudanças nas caracterizações de quase todos os personagens devido à rejeição do público quanto ao figurino e outros aspectos de produção.[159] No entanto, Carvalho se recusa a acatar as sugestões da direção de dramaturgia.[160][161]
Em entrevista ao jornalista Mauricio Stycer, do UOL, Benedito afirmou que solicitou como condição ao diretor-geral da TV Globo, Carlos Henrique Schroder, para escrever Velho Chico que Silvio de Abreu, diretor de dramaturgia do canal, não interferisse ou desse sugestões na trama, afirmando que lamenta e não tem nada contra, "mas eu não quero que ele [Silvio de Abreu] leia sinopse minha. E não quero que ele palpite na minha novela. Não quero que ele leia e que ele ponha a mão na novela". Benedito afirma que a indiferença com Abreu começou quando o mesmo rejeitou uma sinopse de uma novela para o horário das 18h intitulada E Se Ele Voltar, devido a uma "temática nazista" que estaria presente em parte da história.[162]
Sotaque
A trama se passa numa cidade fictícia do interior da Bahia, porém o sotaque dos seus personagens é predominantemente pernambucano,[163] com a utilização de termos típicos daquele estado como o "visse" (corruptela de viste).[164][165][166]
Veto de Milton Neves
O jornalista esportivo Milton Neves, que trabalha na Rede Bandeirantes, teria sido vetado de uma cena que foi ao ar no capítulo 104 da trama, onde o personagem Chico Criatura (Gésio Amadeu) iria citá-lo num telefonema em que fala de um amigo distante, o "coronel Milton Neves". O jornalista e Benedito Ruy Barbosa tem uma proximidade devido ao apoio do primeiro em conseguir locações em fazendas de café para cenas de O Rei do Gado (1996). Desde então, o autor homenageia-o colocando em seus roteiros referindo-se como um coronel. Em Velho Chico, a cena foi gravada com a citação, mas não foi levada ao ar. Neves reclama que ocorreu o mesmo durante a reapresentação de O Rei do Gado, em 2015. Em resposta, a Globo negou as afirmações e disse que ocorreu somente um procedimento normal de edição "por conta das variações da minutagem que são apresentadas dia a dia", onde "é comum que sejam feitos cortes em algumas cenas no momento".[167]
No dia 14 de janeiro de 2017 a trama passou a ser exibida pela Globo Portugal no horário das 20h,[170] chegando a liderar a audiência da TV paga em seu último mês de exibição.[171] O último capítulo foi exibido em 26 de maio de 2017, sendo substituída por Sol Nascente.
Apesar da exibição em Portugal, Velho Chico ficou de fora do catálogo internacional apresentado ao MIPCOM, ocorrido em Cannes em outubro de 2017. A emissora argumentou que "outros critérios estratégicos [...] são levados em conta na hora de montar o catálogo de licenciamento internacional, como o timing, o mix de conteúdos e as necessidades do mercado naquele momento", além de destacar sua qualidade e a indicação ao Emmy Internacional, sem descartar uma futura adição ao catálogo.[172] Esses itens foram mencionados em crítica da jornalista Cristina Padiglone, afirmando que "é quase uma contradição imaginar que o enredo não tenha apelo internacional e que, inscrito no Emmy Internacional, na categoria de novelas, esteja entre os cinco finalistas desse segmento", opinando que a emissora deveria comercializar a trama internacionalmente.[173]
Música
Velho Chico conta com três discos, sendo duas trilhas sonoras e um disco com canções orquestrais originais produzidas por Tim Rescala. A seleção das músicas ficou a cargo do diretor artístico da trama, Luiz Fernando Carvalho.[174]
Velho Chico (Música Original de Tim Rescala) foi disponibilizado em 10 de junho de 2016 e contém trilhas instrumentais produzidas por Tim Rescala para a trama.[177][178]
N.º
Título
Duração
1.
"Despertar do Velho Chico"
1:54
2.
"Águas Cristalinas"
2:40
3.
"Alegria no Vilarejo"
1:53
4.
"Retirantes"
2:39
5.
"Nordeste Medieval"
2:30
6.
"Batalha 1"
2:33
7.
"O Poder"
3:31
8.
"Encantamento"
2:44
9.
"Felicidade e Fartura"
2:38
10.
"Santo e Maria Teresa"
3:56
11.
"O Amor de Luzia"
3:09
12.
"Segundo Encantamento"
2:14
13.
"Abenção"
2:47
14.
"Desafio Agalopado"
2:26
15.
"Desolação"
3:31
16.
"Esperança e Luta"
3:49
17.
"O Velho Chico Com Águas Claras"
3:04
18.
"Solidão e Remorso"
2:59
19.
"Batalha 2"
2:19
20.
"Sombras do Passado"
2:09
21.
"O Velho Chico Com Águas Turvas"
3:16
22.
"Subterrâneos 2"
3:13
23.
"No Bar do Chico Criatura"
2:08
24.
"Bento e Beatriz"
2:42
25.
"Passarinhos"
1:46
26.
"Oração"
3:06
27.
"Oração de São Francisco" (faixa bônus)
2:29
Duração total:
1:14:05
Outras canções
Velho Chico também conta com as seguintes canções:[179]
↑Tempo de duração varia de acordo com o dia de exibição. Nas quartas-feiras, as "novelas das nove" tem duração menor devido a transmissão do futebol. * Informação baseada em: «Velho Chico - Catálogo de vídeos (Íntegras)». Globo Play
↑«Velho Chico». Memória Globo. Consultado em 30 de setembro de 2016
↑Raphael Scire (29 de setembro de 2016). «Marcada por tragédia, Velho Chico termina melancólica e sombria». Notícias da TV. Consultado em 16 de maio de 2017. Marcada pela atuação irretocável de Fagundes, a cena exibida na terça-feira (27) diz muito sobre Velho Chico. De uma beleza única, talvez uma das coisas mais lindas já vistas na televisão, a sequência carregou, do começo ao fim, a melancolia típica da novela ao retratar o desespero do pai que tenta a todo custo o perdão do filho já morto
↑Patricia Kogut (3 de agosto de 2016). «Lucy Alves, Luzia de Velho Chico, é atual dona da novela». OGlobo. Consultado em 16 de maio de 2017. O trabalho de escalação em Velho Chico foi amplo. O produtor Luiz Antônio Rocha buscou atores no Nordeste, Luiz Fernando Carvalho fez exaustivas seleções. O bom resultado está no ar. Aos talentos a que o público de televisão já está acostumado misturaram-se outros, menos conhecidos (como Lucy Alves)
↑Patrícia Kogut (19 de abril de 2016). «Irandhir Santos, um grande ator para prestar atenção». O Globo. Consultado em 20 de novembro de 2017. Agora, mal chegou, já mostrou que Bento não vai ficar atrás. Vale prestar atenção.
↑Patrícia Kogut (7 de junho de 2016). «Marcos Palmeira se destaca em 'Velho Chico'». OGlobo. Consultado em 16 de maio de 2017. Esse é o melhor trabalho do ator na televisão e um aperfeiçoamento do que ele fez no passado, em outras tramas rurais
↑Patrícia Kogut (27 de abril de 2016). «Zezita Matos e Cyria Coentro, grandes acertos de Velho Chico». O Globo. Consultado em 20 de novembro de 2017. A veterana atriz nascida na Paraíba e mais conhecida por seu trabalho no cinema (“O céu de Suely”, “Baixio das bestas” e “Cinema, aspirinas e urubus”) se destacou nas cenas. Mais que isso. A potência da Piedade de hoje vem do cuidado com que Zezita está honrando a tarefa que recebeu de Cyria. Ambas incorporam o arquétipo da mulher sertaneja. É um trabalho muito bonito e aqui merece elogios ainda a direção de Luiz Fernando Carvalho
↑Tomás Biagi Carvalho. «Amarello Visita: Luiz Fernando Carvalho». Amarello. Consultado em 14 de abril de 2017. Para preparar os atores de seus projetos, construiu um galpão: uma mistura de circo com escola de samba, mambembe, feito de material reciclado e resto de cenário; uma célula criativa dentro dos Estúdios Globo
↑Lígia Mesquita (28 de fevereiro de 2016). «Atores de 'Velho Chico' fazem experiências em galpão». Serafina. Consultado em 17 de abril de 2017. Os personagens de todo o elenco da saga familiar escrita por Benedito Ruy Barbosa eram gestados em um espaço coletivo de experimentação idealizado pelo diretor Luiz Fernando Carvalho
↑Patrícia Kogut (29 de dezembro de 2016). «Quem fez a festa dos telespectadores em 2016». OGlobo. Consultado em 17 de abril de 2017. “Velho Chico trouxe um vento novo para a faixa das 21h (...) Entre os destaques desse elenco estiveram novatos e veteranos, numa mistura de atores que encantou o público. Domingos Montagner, tragicamente morto perto da locação, impressionou mais uma vez, como o Santo. Marcos Palmeira esteve no melhor papel da sua carreira. Antonio Fagundes, depois de ajustes no personagem, fez um coronel grandioso. Chico Diaz, Lucy Alves, Fabiula Nascimento, Zezita Matos, Christiane Torloni, Julia Dalavia, Renato Góes e tantos outros brilharam"
↑Luis Fernando Verissimo (1 de maio de 2016). «Noveleiro». O Globo. Consultado em 20 de novembro de 2017. Arquivado do original em 1 de dezembro de 2017
↑Patrícia Kogut (30 de setembro de 2016). «'Velho Chico': folhetim clássico, mas com muita renovação». OGlobo. Consultado em 17 de abril de 2017. “Velho Chico, como outras obras de Carvalho, provou que a indústria cultural da televisão também pode ter ares de artesanato. Não é pouco"
↑Nilson Xavier (30 de setembro de 2016). «O maior mérito de Velho Chico foi provocar e estimular o público». UOL. Consultado em 17 de abril de 2017. É de Boni (José Bonifácio de Oliveira Sobrinho) a frase: “A televisão deve andar sempre um passo à frente do público.” “Velho Chico” foi um bom exemplo
↑Patricia Kogut (16 de março de 2016). «Lindo capítulo marca a volta do Brasil rural à TV». O Globo. Consultado em 20 de novembro de 2017. A estreia de Velho Chico teve mesmo o selo autoral do seu diretor, Luiz Fernando Carvalho
↑Patricia Kogut (18 de março de 2016). «Velho Chico e o Brasil real e o da fantasia». O Globo. Consultado em 20 de novembro de 2017. Velho Chico, de alguma forma, trouxe a fábula de volta ao horário nobre. (...) Mas a realização de Luiz Fernando Carvalho faz sonhar. E a história de Benedito Ruy Barbosa tem muitas chances de agradar com essa mistura de realidade árida com estetização.
↑Patricia Kogut (28 de setembro de 2016). «A Presença incorpórea de Domingos Montagner em Velho Chico». O Globo. Consultado em 20 de novembro de 2017. Nem dublê, nem truques rasteiros. Vítima de uma tragédia que entristeceu o Brasil — e mais ainda a equipe de Velho Chico —, Domingos Montagner estava na novela anteontem. Luiz Fernando Carvalho recorreu a uma câmera subjetiva para trazer a presença incorpórea do ator a quase todas as sequências. Era, claro, um recurso técnico. Porém, qualquer caráter racional foi plenamente absorvido pela dramaturgia e dissolvido pela emoção visível que dominou o elenco e alcançou o público. (...) Carvalho chegou perto de fronteiras perigosas e acertou muito mesmo.
↑Maria Rita Kehl (1 de outubro de 2016). «'Velho Chico' reinaugura um desejo de utopia». OGlobo. Consultado em 12 de abril de 2017. O Brasil de Benedito Ruy Barbosa e Luiz Fernando Carvalho é agreste. É pobre, remediado, devastado e esperançoso
↑«Os Eleitos». Revista Bravo!. 30 de março de 2017. Consultado em 16 de maio de 2017. Luiz Fernando Carvalho recebe o Prêmio Bravo! de artista do ano pela renovação estética no horário nobre