Walter Canales Nascimento, conhecido como Walter Stuart (Birigui, 22 de julho de 1922 – São Paulo, 11 de fevereiro de 1999), foi um ator e humorista brasileiro.
Biografia
Walter Stuart herdou o lado artístico da família, uma vez que seu pai e sua mãe, o francês Albert Canales e a anglo-espanhola Conceição Tereza eram atores de uma companhia circense chamada Oni, fundada em 1920.[1][2] Nascido em Birigui, onde a companhia dos pais estava instalada, viveu sua infância e juventude num ambiente de circo, tendo viajado por todo o Brasil, sem deixar de frequentar colégios. Ainda criança, mudou-se para Buenos Aires onde viveu por sete anos e aprendeu a falar francês e espanhol com os irmãos Henrique e Conchita. Aos seis anos, começou a trabalhar como acrobata, sem perder de vista outras funções na trupe como bilheteiro, palhaço, faxineiro e ajudante de mágico.[3]
Em 1941, casou-se com Mouralina Stuart, com quem tivera três filhos, dentre eles Adriano Stuart, nascido em Quatá,[4] que seguiria os passos profissionais do pai. Neste mesmo tempo, para se estabilizar, montou uma loja de artigos masculinos denominada Stuart, na Rua Barão de Itapetininga, na Grande São Paulo,[3] sem se desvincular por completo das atividades artísticas.
Em 1950, Albert e Conceição vendem o circo, firmando residência fixa em São Paulo e toda a família é contratada pela recém-inaugurada TV Tupi São Paulo passados os testes.[4] Inicialmente, Walter Stuart é contratado como diretor de estúdio com seu irmão Henrique, entretanto, com a ajuda do diretor artístico, o jovem Cassiano Gabus Mendes, ganha o aval para criar e apresentar um programa semanal chamado Circo Bom Bril, que contava com a apresentação de vários artistas circenses da época num estúdio especial montado pela emissora.[1] Assim,
Walter Stuart se consagra como um dos primeiros e grandes comediantes da televisão brasileira, ao trazer o circo para o vídeo, inaugurando uma linguagem de humor no novo veículo de comunicação. Durante as décadas de 50 e 60, roteiriza, dirige e atua em seriados de sucesso na emissora como As Aventuras de Berloque Holmes (1953), 48 Horas com Bibinha (1953), Seu Tintoreto (1956), Seu Genaro (1957) e Doce Lar Teperman (1959); o inesquecível programa chamado A Bola do Dia (1955), um diário bem-humorado que durou dez anos no ar; e os diversos teleteatros da TV de Vanguarda, TV de Comédia e do Grande Teatro Tupi.
Rapidamente, conquista as telonas, estreando no cinema em 1953 em O Mártir do Calvário e acumulando grandes sucessos como Uma Certa Lucrécia (1957), Crime no Sacopã (1963), A Super Fêmea (1973) e A Noite dos Duros (1978),[5] este último roteirizado e dirigido por seu filho.
Sua primeira novela fora A Ponte de Waterloo (1967), de autoria do amigo Geraldo Vietri. Lá, fez novelas de sucesso como as revolucionária Beto Rockfeller (1968) e Signo da Esperança (1972). Em 1969, saiu da Tupi temporariamente para fazer Seu Único Pecado na Rede Record e voltaria a fazer isso em 1972 quando convidado por Bráulio Pedroso para atuar em O Bofe, na Rede Globo.[1]
A TV Tupi São Paulo, assim como boa parte da Rede Associada de rádio, jornal e televisão, chegou ao fim em 1980. E então, ainda que entristecido pela iminente queda da emissora que o notabilizou, Walter Stuart fez O Espantalho (1977) na Record; Plumas & Paetês (1980) e Humor Livre (1984) na Globo; Braço de Ferro (1983) na Band; Acorrentada (1983) e A Praça É Nossa (1987), seu último trabalho na televisão,[3] no SBT.
Sua capacidade criativa e sua tresloucada atividade haviam sido tocados pela mágoa de ver o fim do local de trabalho - a TV Tupi -, que era inteiramente seu pois ajudou a erguê-lo.[1][3] Walter Stuart faleceu em 11 de fevereiro de 1999, aos 76 anos, em São Paulo, vitimado por um câncer no pâncreas.
Filmografia
Televisão
- Como Apresentador
Ano
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Título
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1950
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Circo Bom Bril
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1953
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48 Horas com Bibinha
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1955-1965
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A Bola do Dia[1]
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- Como Ator
Cinema
Referências