A arte esteve presente desde a infância de Étienne-Louis Boullée, seu pai arquiteto o influenciou a seguir a profissão. Para ele ser arquiteto, era fundamentalmente ser um artista livre e que possui assim o poder de expressá-la de acordo com seus sentimentos e suas vontades. Diferente dos arquitetos da época, Boullée não fez viagens para Roma, para estudar sua arquitetura, pois esses ideais clássicos estavam em contraposto dos seus pensamentos progressistas e utópicos.[1] Sua arquitetura visionaria era baseada no uso das formas, da luz e da proporção, trazendo-a para o mundo humano e real, não mais utilizando de um sentido místico e de simbologias religiosas.[2]
Boullée estudou com Jacques-François Blondel, Germain Boffrand e Jean-Laurent Le Geay, com quem aprendeu a clássica arquitetura francesa dos séculos XVII e XVIII. Foi eleito para a Academia Real de Arquitetura em 1762 e também designado arquiteto de Frederico II da Prússia, título honorário mas de grande prestígio. Entre 1762 e 1778, projetou várias residências particulares, entre as quais o Hotel Alexandre e o Hotel de Brunoy, em Paris. Junto com Claude Nicolas Ledoux foi um dos mais influentes arquitetos do neoclássico na França.
Arquitetura: a arte de produzir
Para Étienne-Louis Boullée, é necessário que a arquitetura seja sinestésica, ou seja, que ela desperte um determinado tipo sentimento condizente com a função do edifício. Uma arquitetura que se baseando das emoções e das sensações poderia assim ser considerada uma boa obra.
Em contraposto a Vitrúvio, Boullé entende a arquitetura para além do campo físico, pois antes de se erguer um edifício, precisa imaginá-lo, se pensá-lo. De acordo com ele, a arte da arquitetura deriva das experiências do homem com a natureza, pois todas as ideias e percepções derivam dela e não meramente surgem de uma pura invenção. Assim, ele aprofunda seus estudos nela, já que acredita que somente a análise das obras antigas não são suficientes para tal. Nesses estudos, ele se aprofunda nas questões das formas e dos volumes. Os regulares, ele observou a simetria, a regularidade e a variedade, e percebeu que a regularidade sozinha forma o volume. Já os irregulares, por terem muitos planos distintos, geram uma impressão de confusão, e assim ele compreendeu do porque o olhar é direcionado para essas formas regulares, porque elas são mais simples e mais ordenadas de se observarem.[3]
Estilo geométrico
Foi como teórico e professor da École Nationale des Ponts et Chaussées , entre 1778 e 1788 que Boullée causou impacto, desenvolvendo um estilo geométrico e abstrato, inspirado nas formas clássicas. Sua característica principal foi remover toda ornamentação desnecessária, aumentando as formas geométricas para uma escala imensa e repetindo elementos como colunas de forma colossal.[4]
Boullée promoveu o conceito de fazer a arquitetura expressar seus propósitos, o que levou seus detratores a chamá-la de architecture parlante, mas que se tornou um dos elementos essenciais da arquitetura de Belas Artes no século XIX.
O melhor exemplo desse estilo foi o projeto de um cenotáfio para Isaac Newton, que teria a forma de uma esfera com 150 m de diâmetro firmemente incrustada numa base circular ornada com ciprestes.[5] Embora nunca executado, esse projeto circulou entre os principais círculos profissionais da época. A grandiosidade em seus desenhos levou a que ele fosse caracterizado como visionário e megalomaníaco. Mas seu uso da luz e da sombra era inovador e influenciou arquitetos de várias épocas.[2]
Bibliografia
Étienne-Louis Boullée, Treatise on Architecture, ed. Helen Rosenau, pub. Alec Tiranti, Ltd. London: Primeira edição póstuma publicada somente em 1953;
Jean Marie Perouse De Montclos,Étienne-Louis Boullée (1728-1799): Theoretician of Revolutionary Architecture pub.George Braziller; ISBN 0-8076-0672-3; (1974)
Helen Rosenau, Boullée & visionary architecture Pub. Harmony Books, New York, 1976 ISBN 0-85670-157-2.
↑Etlin, BOULLÉE, Etienne Louis; ROSENAU, Helen; DE VALLÉE, Sheila. Architecture, essay on art. Academy Editions, 1976. Press. Architecture, essay on art(PDF) (em inglês). [S.l.: s.n.]