O 707 foi o primeiro avião comercial a jato produzido em série pela Boeing. Embora não tenha sido o primeiro avião comercial a jato, o 707 foi um grande sucesso comercial e dominou o transporte aéreo de passageiros durante as décadas de 60 e o início da década de 70. Foi graças ao 707 que a Boeing se tornou a maior fabricante de aviões comerciais do mundo.
Durante e após a Segunda Guerra Mundial, a Boeing era uma fabricante sem muita expressão, conhecida apenas pelas suas aeronaves militares. A empresa havia produzido bombardeiros inovadores para a época, como o B-17 Flying Fortress e o B-29 Superfortress, mas suas aeronaves civis não eram páreas às desenvolvidas pela Douglas Aircraft e outras competidoras.
Enquanto a Douglas e a Lockheed dominavam o mercado aéreo pós-guerra, a demanda por aviões da Boeing diminuía gradativamente, com o 377 Stratocruiser recebendo apenas 56 pedidos. Esse empreendimento resultou em um prejuízo de US$ 15 milhões.[2] Entre 1949 e 1950, a Boeing iniciou estudos para um novo modelo de avião comercial a jato, com a possibilidade de servir tanto de forma civil quanto militar.[3]
Sendo o primeiro de uma nova geração de jatos de passageiros americanos, a Boeing queria que o nome da aeronave enfatizasse a diferença de sua aeronave anterior movida a hélice, que carregava números da série 300.[4] Como as séries 400, 500 e 600 já eram usadas em outros projetos, o departamento de marketing escolheu “707” pois era mais atraente do que apenas “700”.[5]
Na época, quase toda a receita da Boeing vinha de contratos militares. Em um voo de demonstração sobre o Lago Washington, nos arredores de Seattle, em 7 de agosto de 1955, o piloto de testesTex Johnston executou um tunô-barril no protótipo367-80, impressionando os espectadores, entre eles empresários e donos de companhias aéreas.[6][7]
Produção
O primeiro voo do 707 ocorreu em 20 de dezembro de 1957, e a certificação da Administração Federal de Aviação (FAA) ocorreu em 18 de setembro de 1958.[8] Uma série de mudanças foram incorporadas aos modelos de produção. Um flap Krueger foi instalado ao longo do bordo de ataque entre os motores internos e externos nos primeiros modelos.[9][10] Isso foi em resposta aos acidentes do De Havilland Comet, que ocorreram após a rotação excessiva na decolagem.[11]
A produção do 707 terminou em 1978, embora as versões de uso militar tenham continuado em produção até 1991. A Boeing fabricou um total de 856 unidades do avião.[12]
Em 1960, a Varig adquiriu os primeiros modelos, com o 707 sendo responsável pelo crescimento internacional da empresa, com vinte aeronaves operadas.[13] No entanto, seus índices de segurança eram ruins, já que sete aeronaves sofreram acidentes com perda total, cerca de 35% da frota. O modelo operou até o final da década de 1980, quando foi substituído pelo Douglas DC-10.[14][15]
A partir de 1984, a Transbrasil operou 9 unidades do 707, utilizando-os até meados da década de 1990. As últimas aeronaves remanescentes foram transferidas para a ala cargueira da empresa.[16]
Na Força Aérea Brasileira (FAB), o 707 teve o prefixo alterado para KC-137, operando de 1986 até agosto de 2013. No total, 4 unidades foram utilizadas pela FAB, sendo responsáveis pelo transporte do Presidente da República. O modelo foi apelidado pela população como “sucatão”, uma vez que possuía mais de 50 anos de idade no fim de sua vida operacional.[17]
Empresas cargueiras
O avião também foi operado por diversas empresas cargueiras. A última empresa brasileira a operar o avião foi a BETA Cargo, até o ano de 2008. Parte da frota da BETA se encontra abandonada no Aeroporto Internacional de Manaus.[16][18]
Em Portugal
A maior frota de 707 em Portugal foi operada pela TAP Air Portugal. O primeiro voo comercial desta aeronave foi realizado em 22 de dezembro de 1965, partindo de Lisboa em direcção a Luanda.[19]
Atualmente
Atualmente, só existem quatro Boeing 707 que ainda voam no mundo. Três são operados pela empresa de reabastecimento aéreoOmega Air Refueling, tendo 3 aparelhos especialmente modificados para essa função. O quarto, que tem fins comerciais, voa pela Saha Air Lines, uma companhia aérea do Irã.
O alcance do Boeing 707 é de aproximadamente 5 700 mn (10 659 km), velocidade de cruzeiro de 815 km/h, e a capacidade de passageiros, de até 202 pessoas. O Boeing 737, o Boeing 727 e o Boeing 747 utilizaram muito da tecnologia do seu antecessor, e podem ser consideradas como descendentes diretos dele.
Variantes
Boeing 367-80: Foi o primeiro modelo desenvolvido da série 707, voando pela primeira vez em 1954.
Boeing 707-100: Foi a primeira versão, vendida para a Pan Am.
Boeing 707RE: Foi um 707 modificado e remotorizado com os potentes motores Pratt & Whitney JT8D-219, os mesmos que equipam o Boeing 727.
Boeing 707-700 CFM56 Test: Foi uma versão experimental utilizada pela Boeing, com motores turbofanCFM International CFM56, para testes em voo de um programa de remotorização de unidades do 707 já existentes, sendo a principal alternativa para reduzir consideravelmente os excessivos níveis de ruído provocados pelos antigos motores e dar uma sobrevida a aeronave. Apenas um protótipo foi construído.
↑Ruffin, Steven A (2005). Aviation's Most Wanted: The Top 10 book of Winged Wonders, Lucky Landings and Other Aerial Oddities. Washington D.C.: Potomac Books. p. 320. ISBN978-1574886740