Rio de Janeiro, 1958. Flávia Cristina é uma moça determinada que sustenta o único irmão Bruno, mas não percebe que ele é um mau-caráter, um marginal que a explora. Ao tentar defendê-lo de um agiota, Flávia pensa ter matado o homem, e, receosa de ser descoberta pela polícia, foge para o sul do Brasil, sem perceber que sua mala carrega dólares roubados pelo irmão.
Na viagem conhece Flávia Regina, uma moça fisicamente parecida com ela que está indo trabalhar como governanta na Vivenda do Sombrio, numa cidadezinha fictícia chamada Esplendor. Flávia Regina resolve acompanhá-la, mas um acidente com o ônibus põe Regina em coma no hospital, enquanto Flávia Cristina é confundida com ela e levada para a casa de seus patrões.
Originalmente Uga Uga, trama de Carlos Lombardi no horário das 19h estava escalada para substituir Força de um Desejo, porém ele não entregou a tempo um número de capítulos suficientes para que fosse avaliada e aprovada dentro do prazo limite, e Ana Maria Moretzsohn teve que ser escalada às pressas. Para não perder tempo, a emissora criou a trama com menos capítulos, cenários e personagens que as anteriores. Os atores protagonistas também tiverem que ser escalados às pressas e enfrentar o forte ritmo de gravação inicial.[3] A trama teve os títulos provisórios de Sem Saída e Sabor da Vingança, mas recebeu o título de Esplendor em referencia a cidade fictícia onde a história se passa.[4] A trama marcava o retorno de Tônia Carrero às novelas globais após doze anos, onde seu último trabalho foi a telenovela Sangue do Meu Sangue, no SBT.[1] A princípio, a novela teria apenas setenta capítulos, mas a produção de O Cravo e a Rosa, sua sucessora, estava extremamente atrasada. Esplendor foi prorrogada para 125 capítulos. A autora Ana Maria Moretzsohn declarou que não havia colocado na sinopse, que uma personagem sairia do coma. Segundo ela, isso seria uma "carta na manga" e que a "sinopse é também um produto de venda, tem que ser feita para convencer de que ali há material para uma novela".[5]
Cenografia
A Vivenda do Sombrio é, na verdade, a mansão em estilo vitoriano onde funciona o Centro Cultural Petrópolis, administrado pelo artista plásticoLuiz Aquila. A cenografia envelheceu as paredes do imóvel para enfatizar o aspecto de abandono. Um paisagista, contratado especialmente para a novela, cobriu as paredes da mansão com heras falsas e disfarçou as esculturas do local com plantas. As imagens do canyon deFortaleza, de Cambará do Sul, na Serra Gaúcha, foram inseridas por computadores na frente da casa. Para reforçar o aspecto fantasmagórico, a névoa característica da paisagem do sul do Brasil foi reproduzida artificialmente e objetos no interior da casa foram cobertos com lençóis brancos. Cadeiras de espaldar do século XIX e um piano de meia cauda dão o toque conservador da família Berger.[6] A mesma casa já havia sido utilizada na cenografia da novela Direito de Amar, em 1987, como a mansão do Sr. de Montserrat, personagem de Carlos Vereza.[6]
A fictícia cidade homônima foi construída no Projac, o complexo de estúdios da emissora. Cenas externas foram feitas em diferentes pontos do Rio de Janeiro: em Petrópolis, região serrana do estado, onde ficava a mansão de Frederico Berger (Floriano Peixoto); em Santa Teresa, onde se situava a fachada da mansão de Hugo Norman (Gracindo Júnior); e no Grajaú, na Zona Norte, onde se localizava o edifício em que Flávia Cristina (Letícia Spiller) morava com seu irmão Bruno (Caio Blat).[6]
Para garantir a fidelidade da reconstituição de época, a equipe da novela teve a assessoria do historiador Francisco José Vieira, que forneceu informações sobre hábitos e costumes da década de 1950. Cenografia, figurino, produção de arte e caracterização se basearam na pesquisa de jornais, revistas e filmes da época.
A figurinista Yurika Yamasaki confeccionou – e também comprou em brechós e lojas importadas de roupas usadas – peças características dos anos 1950, como vestidos godês, anáguas, sobretudos, casacas e outros modelos. O figurino do protagonista Frederico Berger remete aos anos 1940, com sobretudo e capas sóbrios, quase sempre pretos, já que ele era um personagem em eterno luto, traumatizado pelo passado e parado no tempo. Já o figurino do seu par romântico, Flávia Cristina, funcionava como o contraponto: vestidos com cores claras e alegres, refletindo a luminosidade do Rio de Janeiro. Na cena em que sua personagem aparece em um sonho, a atriz usou uma cópia de um vestido da atriz americana Grace Kelly.