Força de um Desejo é uma telenovela brasileira produzida pela TV Globo e exibida originalmente de 10 de maio de 1999 a 28 de janeiro de 2000 em 226 capítulos, com o último capítulo reexibido no dia subsequente, 29 de janeiro.[1] Substituiu Pecado Capital e foi substituída por Esplendor, sendo a 55ª "novela das seis" exibida pela emissora.[2]
A sinopse deste artigo pode ser extensa demais ou muito detalhada. Por favor ajude a melhorá-la removendo detalhes desnecessários e deixando-a mais concisa.(Novembro de 2022)
Século XIX, Vale do Paraíba, Rio de Janeiro. Higino Ventura (Paulo Betti) é um ex-mascate que enriqueceu com negócios escusos e que comprou a fazenda Morro Alto, na localidade de Vila de Sant'Anna, para se aproximar de sua antiga paixão, Helena Silveira (Sônia Braga), moradora da fazenda vizinha, a Ouro Verde, que se casara com um poderoso barão, Henrique de Sampaio Sobral (Reginaldo Faria). Ventura está disposto a tudo para reconquistar Helena, inclusive comprar a Ouro Verde e obter o título de nobreza e o mesmo status de Sobral. Mas Helena, apesar de desprezá-lo por amar o marido, sofre nas mãos do barão, pois este sabe que Abelardo (Selton Mello), quem criou como seu filho, é na verdade filho de Ventura.
O filho legítimo do casal, Inácio (Fábio Assunção), não se conforma com o tratamento cruel que o pai dá a sua mãe e decide ir embora da fazenda. No Rio de Janeiro, conhece Ester Ramos Delamare (Malu Mader), uma bela cortesã, dona do salão mais famoso e requintado da Corte. Os dois se apaixonam e vivem um intenso romance, e Ester decide abandonar a vida que tem para viver ao lado de Inácio. Porém, a inesperada morte da mãe faz com que o jovem volte à fazenda para ajudar o pai e o irmão. Além disso, separa-se de Ester devido a uma rede de intrigas armadas contra os dois pela maquiavélica Idalina Menezes de Albuquerque Silveira (Nathália Timberg), sua avó que, embora nem desconfie que Ester seja uma cortesã, teme o envolvimento do neto com uma moça de classe social inferior. Para conseguir destruir o romance, Idalina escreve uma carta de rompimento para Ester com a assinatura falsificada de Inácio.
O barão Sobral, arrasado com a morte de Helena e pelos sentimentos de culpa que o atormentam por ter dado à esposa uma vida infeliz, decide recomeçar sua vida e faz uma longa viagem à Corte. Após conhecer Ester, apaixona-se sem saber que ela é o grande amor de seu filho. Ele a convence de que não vale a pena se destruir pela desilusão que ela está sofrendo, e, querendo dar-lhe a chance de ter uma nova vida ao seu lado, pede-a em casamento. Após a união sacramentada, Sobral e Ester partem para a Ouro Verde e ao chegar lá, Ester tem mais uma triste surpresa ao ficar frente a frente com Inácio; vítimas de uma armadilha do destino, agora eles terão de morar na mesma fazenda, sem que o barão desconfie que a sua nova mulher é a mesma por quem seu filho se apaixonou.
Ester e Inácio se evitam, mas com o tempo acabam esclarecendo o mal-entendido que os separou. Eles decidem abrir o jogo com Sobral, mas terminam por não fazê-lo ao descobrirem que o barão está doente e mais do que nunca, precisa do apoio de sua família. Inconformado com a situação e sabendo que Ouro Verde está a enfrentar dificuldades financeiras, Inácio casa-se com Alice (Lavínia Vlasak), a filha golpista de Higino Ventura e de sua esposa, a deslumbrada Bárbara (Denise Del Vecchio), que só pensa em se tornar uma nobre.
Enquanto isso, Ventura luta para conseguir o baronato e comprar a Ouro Verde, com o intuito de humilhar Sobral. Ele fica obcecado por Olívia (Cláudia Abreu), uma jovem que chega incógnita à Vila de Sant’Anna. Desprezado pela moça, ele procura saber quem ela é, e descobre tratar-se de uma escrava branca que fugiu de um outro vilarejo e está sendo procurada pela polícia.
Olivia nascera fruto do relacionamento entre um rico fazendeiro e uma escrava já bastante clara, como é descrito na trama. Seu pai a reconhecera como filha - ainda que a família dele não aceitasse tal situação - deu-lhe o nome de Ana Tambellini, educou-a e redigiu a sua carta de alforria. Porém, o grande erro do homem fora não registrar o documento oficialmente. Quando da morte dele, sua filha mais velha, Dora (Thereza Piffer), tomada de inveja, rasgou o documento e quis fazer de Ana uma escrava. Por este motivo a jovem fugiu e mudou de nome. Porém, Ventura, ao encontrar a irmã dela e tomar conhecimento de toda a história, decide entregá-la e depois a compra para usá-la como escrava sexual. Olivia então começa a viver um inferno, torturada física e psicologicamente, sem conseguir livrar-se das garras de seu cruel senhor - ainda que ajudada pelo namorado, o jovem médico Mariano Xavier (Marcelo Serrado) e seus amigos, entre eles Inácio e Ester.
Mas um fato abala toda Vila de Sant'Anna: o barão Henrique Sobral é assassinado durante a festa do noivado de Abelardo e Juliana (Júlia Feldens), na mesma noite em que Inácio e Ester fogem para viver juntos, após descobrirem a farsa da doença de Sobral. Temendo perder a esposa, o barão inventara a doença como forma de evitar que Ester o abandonasse, mantendo-a assim ao seu lado. A polícia local se mobiliza para prender Inácio, o principal suspeito da morte do barão. Começa então uma corrida contra o tempo para que Inácio não pague por um crime não cometido, ao passo que os que nele acreditam tentam desvendar a identidade do verdadeiro assassino.
Alcides Nogueira escreveu a história original em 1988, com o título Amor Perfeito, e quase chegou a ser exibida pela TV Globo também às 18 horas. O projeto acabou cancelado e apenas uma década mais tarde, Gilberto Braga recebeu a missão da Globo de desenvolvê-lo junto com Nogueira, desta vez com o título Força de um Desejo. O título original acabou sendo utilizado décadas depois em uma outra telenovela, baseada no filme espanhol Marcelino, pão e vinho, também no horário das seis.[3]
A sequência da ópera que vai ao ar no primeiro capítulo – o terceiro ato de Bodas de Fígaro, de Mozart – foi gravada no Teatro Municipal de Niterói, com a participação de 100 figurantes. Força de um Desejo também teve cenas gravadas na praia de Grumari, no Alto da Boa Vista e no Forte São João, na Urca, todos estes, pontos turísticos cariocas.
Um workshop de duas semanas foi realizado com os atores da novela, incluindo quatro palestras ministradas por professores universitários, tendo como temas o Brasil Imperial; o cotidiano das fazendas de café e senzalas; e o Romantismo. Alguns atores tiveram aulas de esgrima, equitação, caligrafia e trabalhos de corpo e voz para se adaptarem ao linguajar e aos costumes da época[5].
A caracterização dos atores ficou a cargo de Marlene Moura e incluiu cabelos repartidos ao meio e costeletas, no caso dos homens, e apliques até a cintura, vestidos pesados e maquiagem em tons pastel para as mulheres. Alguns atores completaram interlace para aumentar o comprimento dos cabelos, como Dira Paes, Daniel Dantas, Chico Díaz e Malu Mader, que também usou cílios postiços. José de Abreu teve a cabeça parcialmente raspada e adotou uma falsa barriga para viver o português Pereira.
Uma das inspirações para a caracterização dos personagens nobres foram filmes como O leopardo ("Il Gattopardo", 1963), dirigido por Luchino Visconti – clássico do cinema italiano, ambientado na mesma época que a novela – e Barry Lyndon, (1975), de Stanley Kubrick, que também serviram de referência para retratar o Romantismo na novela; além do clássico A dama das camélias ("Camille", 1936) – protagonizado por Greta Garbo e dirigido por George Cukor – e o aclamado Os brutos também amam ("Shane", 1953), dirigido por George Stevens, também para a produtora de arte, Denise Carvalho, que reconstituiu desde a redação de um jornal até todos os objetos usados nas casas da época.
Para conferir às roupas a beleza necessária, gastou-se muito: cerca de meio milhão de reais para confeccionar 2.500 peças. No capítulo do casamento de sua personagem, Alice, o vestido de noiva usado por Lavínia Vlasak, desenhado pelo figurinista Otacílio Coutinho, é inspirado no traje que Claudia Cardinale usou em O Leopardo. Esse vestido com tule rebordado com miçangas e vitrilhos e pregas que valorizam o decote, se fosse vendido nas lojas, nunca sairia por menos de 350 mil reais, segundo o figurinista; ainda de acordo com o mesmo, o que encarece a roupa são os bordados, todos feitos à mão.
Os figurinos, sob responsabilidade de Beth Filipecki, consumiram 3.000 metros de tecidos diversos, como linho, tafetás de seda pura e adamascados ingleses e fibras naturais, usadas nos figurinos dos escravos. O guarda-roupa de Ester foi inspirado nas roupas de Elisabeth da Baviera, conhecida como Sissi, imperatriz da Áustria, que foi uma mulher com profundo sentido de liberdade e modernidade. Segundo a própria Beth Filipecki, em 1850 a imperatriz já tinha aparelhos de ginástica em casa. Mais tarde, foram reaproveitados vários figurinos da novela para a minissérie Os Maias (2001).
Abertura
A vinheta de abertura de Força de um desejo, ao som da valsa Tema de Ana, composta por Tom Jobim (composta pouco anterior à morte, em 8 de dezembro de 1994) e com arranjos do maestro Jaques Morelenbaum, mostrava objetos e cenários típicos do século XIX. A primeira cena é uma corrente sendo quebrada e seus pedaços transformando-se em pérolas – formando um valioso colar.[6]
Exibição
Força de um Desejo foi originalmente exibida pela TV Globo entre 10 de maio de 1999 a 28 de janeiro de 2000, quando foi ao ar o último capítulo, totalizando 226 capítulos.
No dia 13 de novembro de 1999, um sábado, a novela não foi ao ar devido à exibição de um jogo de futebol amistoso entre Espanha e Brasil.[7] Com isso, a trama, que teria 227 capítulos, fechou com 226.
Assim como as demais produções da emissora, a novela fora inicialmente estruturada para 179 capítulos, mas terminou por ser tremendamente esticada a pedido da TV Globo, o que desgastou bastante os autores e equipe. Apesar disso, a trama não caiu no marasmo e seguiu com o mesmo fôlego até o fim. Daniel Filho, em seu livro "O circo eletrônico", escreveu:
“
A novela foi esticada tremendamente, mas começou e terminou com amor [...]. Foi cansativo para o autor, Gilberto Braga, e toda a equipe que trabalhou com ele, Sérgio Marques, Ângela Carneiro. Era muito bem feita, muito bem representada. Em momento algum houve desarmonia em seu elenco, nem no elenco principal, nem no coadjuvante, nem nos estreantes.
”
Foi a terceira mais longa novela da TV Globo nos anos 90, ficando atrás apenas de Barriga de aluguel, que teve 243 capítulos e Quatro por Quatro que teve 233 capítulos. Também está entre as 10 mais longas telenovelas da TV Globo, tendo ficado, em sua exibição original, durante 38 semanas consecutivas no ar (9 meses), tal como Kubanacan (2003/2004), de Carlos Lombardi e Alma gêmea (2005/2006), de Walcyr Carrasco, que tiveram 227 capítulos. Ao lado destas, Força de um desejo é a 9ª telenovela da TV Globo que mais tempo ficou no ar.[8]
Exibição internacional
Na Grécia a novela foi transmitida pelo Star Channel com o título Gia tin agápi tis Esthír, Για την αγάπη της Εσθήρ em grego (Pelo Amor de Ester).[9]
A reprise foi a primeira novela da TV Globo a usar o recurso closed caption, processo que permite aos deficientes auditivos acompanharem o que está sendo dito nos programas por meio da leitura de legendas que podem ser visualizadas na tela.[10][11]
Foi reexibida na íntegra pelo Viva de 24 de outubro de 2022 a 13 de julho de 2023, substituindo Alma Gêmea e sendo substituída por Escrito nas Estrelas, na faixa das 15h30, com reapresentação às 23h50 e maratona aos domingos de 14h20 às 19h10.[12] A novela já havia sido cogitada em duas ocasiões no canal: em 2019, como substituta de Vale Tudo e em 2020, como substituta de Chocolate com Pimenta.[13][14]
Outras Mídias
Foi disponibilizada na íntegra no Globoplay em 14 de agosto de 2023.[15]
Repercussão
A novela ganhou algumas paródias do Casseta e Planeta, Urgente!: Força de um Cacarejo e Força de um Pão de Queijo[16]. Também numa referência a Força de um Desejo, um dos episódios do Sai de Baixo mostrou os personagens do humorístico encenando uma telenovela intitulada Força de um bocejo.
Audiência
O primeiro capítulo obteve uma média de 30 pontos[17], porém a novela sofreu quedas de audiência e passou a marcar em torno de 25 pontos, indo aquém das expectativas da emissora na capital paulista. Seu último capítulo consolidou uma boa média de 38 pontos; a média geral, no entanto, foi de 26 pontos, abaixo das expectativas da emissora para o horário, que esperava algo acima dos 30 pontos.[18]
A trilha sonora de Força de um desejo foi produzida por Roger Henri, com direção musical de Mariozinho Rocha. Entre suas 14 faixas, merece destaque o seu belíssimo tema instrumental, As terras do barão, composição exclusiva de Roger Henri para a trama. Esse tema era sempre executado durante as chamadas da telenovela. O tema de abertura, Tema de Ana, uma valsa inédita composta por Tom Jobim para sua mulher, pouco antes de morrer, em 1994, tem arranjos do maestro Jacques Morelenbaum e execução da Orquestra Sinfônica Brasileira, com o pianista Cristóvão Bastos como solista. A trilha inclui ainda os temas Emperor Valse, op. 437 e Annen Polka, do compositor erudito Johann Strauss, executadas pela Orquestra Filarmônica de Viena. A trilha incidental trazia cantos de escravos de acordo com a cultura bantu.
O amor para mim - Daniela Mercury (tema de Juliana e Abelardo)
Dono de mim - Sandra de Sá (tema de Jesus e Zulmira)
↑«Força de um Desejo». Teledramaturgia. Seção "Bastidores": Alcides [Nogueira] declarou [...] "A história da sinopse já é uma novela em si. Eu a escrevi, tomando como plot um livro muito pouco conhecido do Visconde de Taunay – ‘A Mocidade de Trajano‘ – e adaptei da maneira mais livre possível".