Na televisão, foi, durante os anos de 2002 a 2003, um dos correspondentes do dominical Fantástico, até começar a se destacar como um dos protagonistas da série Sexo Frágil (2003–04). No entanto, foi em 2006, que Lázaro ganhou projeção nacional, ao interpretar o malandro Foguinho, um dos personagens principais da novela Cobras & Lagartos, trabalho que lhe rendeu vários prêmios e elogios, incluindo uma indicação ao Emmy Internacional de melhor ator no ano de 2007.[2] A partir daí, destacou-se em outros trabalhos televisivos, como as novelas Duas Caras (2007)[3], Lado a Lado (2012) e Geração Brasil (2014)[4], a série Mister Brau (2015-18) e na apresentação de programas como Espelho (2006–2021) no Canal Brasil, Lazinho com Você (2017) e Os Melhores Anos das Nossas Vidas (2018), ambos na TV Globo.
Na parte técnica, dirigiu diversos episódios do Espelho e documentários como Zózimo Bulbul (2006) e Bando, um Filme De (2018), além do premiado longa-metragem Medida Provisória (2018), a qual também escreveu e pelo qual ganhou um prêmio de melhor diretor no Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa. Ele também escreveu diversos livros, como os infantis A Velha Sentada (2010) e Caderno de rimas do João (2015), além do autobiográfico Na Minha Pele (2017).
Começou a estudar teatro na escola e logo aos 10 anos de idade já fazia pequenos trabalhos no teatro com o nome artístico: Lula Somar (Nome formado das duas primeiras letras do seu nome composto "Lu" de Luís,"La" de Lázaro e "Somar" do sobrenome "Ramos", só que ao contrário).[1] Quem contou a curiosidade do nome Lula Somar foi o próprio ator, durante entrevista no Programa do Jô, exibida no dia 4 de agosto de 2016 pela TV Globo.[5]
Aos 15 anos entrou para o Bando de Teatro Olodum, dirigido por Marcio Meirelles e formado por atores negros, em Salvador. Enquanto dava seus primeiros passos para iniciar sua carreira, Lázaro Ramos trabalhou como técnico de laboratório de análises clínicas. Ele estudou Patologia no colegial técnico em Salvador. Nessa época sua mãe foi acometida por uma doença degenerativa. Lázaro, sendo filho único, ajudava a pagar as contas de casa.[6]
Carreira
Fez uma participação na peça A Bruxinha Que Era Boa, de Maria Clara Machado, 1988, quando tinha uns 12 anos num teatro itinerante que estava em Salvador, substituindo seu primo. Lázaro não tinha noção o que era atuar. Até que aos 15, decidiu ser ator. Em 1994, entrou para o Bando de Teatro Olodum, atuando na peça Bai, Bai Pelô. No cinema, fez uma figuração com o bando em Jenipapo1995), de Monique Gardenberg, em 1998, reza a lenda que sua participação no filme Cinderela Baiana, com Carla Perez, foi importantíssima para que Lázaro conseguisse dinheiro para se manter enquanto estudava e em Sabor da Paixão, em 2000, quando contracenou com Murilo Benício e Penélope Cruz, uma comédia da diretora venezuelanaFina Torres.[1]Madame Satã foi seu primeiro filme como protagonista. Mas, antes da estreia deste filme, Lázaro já havia rodado O Homem que Copiava, em que também fazia o papel principal, o tímido desenhista e operador de fotocopiadora André.[1] Em Cafundó, de Paulo Betti, Lázaro viveu seu terceiro protagonista, João de Camargo, um ex-escravo que vira líder religioso. Em Nina, filme de Heitor Dhalia, inspirado no clássico Crime e Castigo de Dostoiévski, fez uma rápida aparição como um pintor.
Estreia na Globo
Em 2002, Lázaro Ramos marca sua estreia na TV Globo na microssérie “Pastores da Noite”, baseado na obra de Jorge Amado. No ano seguinte, ao lado de Lúcio Mauro Filho, Bruno Garcia, Wagner Moura e Zéu Britto forma o quinteto da série Sexo Frágil, onde todos os protagonistas interpretavam papéis masculinos e femininos. Lázaro Ramos deu vida aos irmãos Fred e Priscila. A personagem feminina foi trazida do espetáculo “Mamãe Não Pode Saber”. Em “Sexo Frágil”, além da sua risada peculiar, a personagem se destacava por acreditar ser “extremamente parecida” com a modelo Gisele Bundchen. Apresentou diversos quadros no dominical Fantástico, como “O Homem Objeto”, “Instinto Humano”, “Os Sete Pecados Capitais”, “O Curioso” e “R1”, este último, apenas como locutor sobre a rotina dos médicos residentes no Hospital das Clinicas em São Paulo. Em 2005 participou do filme A Máquina (baseado na peça de mesmo nome), de João Falcão, juntamente com o também baiano Wagner Moura, Vladimir Brichta e Gustavo Falcão, e que fez muito sucesso no eixo Rio-São Paulo.[7] Participou também da peça Mamãe Não Pode Saber, novamente sob direção de João Falcão. No mesmo ano, o ator troca Salvador pelo Rio de Janeiro.[8] Em Madame Satã, seu primeiro trabalho como protagonista no cinema, Lázaro Ramos representou a personalidade transformista do bairro carioca da Lapa. O filme teve vários prêmios em festivais internacionais de cinema e com isso, Lázaro começou a ganhar fama por ter interpretado o papel principal.[9][10][11]
Apresentador no Canal Brasil
O ano de 2006 marca a estreia de seu programa semanal “Espelho".[12] Toda segunda-feira, Lázaro Ramos promove o encontro com diversas personalidades no Canal Brasil, discutindo temas pertinentes ao cotidiano brasileiro. Uma entrevista com o rapper Criolo em 2013, onde o cantor mostra-se indignado com o cenário político brasileiro, viralizou nas redes sociais, trazendo grande destaque ao programa. Em 2007, em Duas Caras, viveu Evilásio Caó, envolvido em um triângulo amoroso com Solange e Júlia, interpretadas respectivamente por Sheron Menezes e Débora Falabella.[13] Ainda no mesmo ano, estrelou o filme Ó Paí, Ó, ao lado novamente de Wagner Moura, onde seu personagem Roque era um "herói popular" aspirante a cantor. No filme, ele canta as músicas: "Protesto do Olodum", "Canto do Mundo", "Sonho Aventureiro" e "Vem Meu Amor". No ano seguinte resultou em uma série homônima exibida na TV Globo, que também já tinha sido peça teatral.[14] Foi considerado pela Revista IstoÉ um dos 100 brasileiros mais influentes de 2007.[15]
Brasileiro influente
Em julho de 2009, foi nomeado embaixador do UNICEF.[16] Foi considerado pela Revista Época um dos 100 brasileiros mais influentes do ano de 2009.[17] Ainda em 2009, Lázaro Ramos foi o apresentador da 5ª edição do prêmio BRAVO! Prime de Cultura. Em 2010, retorna a teledramaturgia com uma pequena participação especial como ele mesmo na novela “Passione”. Em 2011, interpretou André Gurgel em Insensato Coração. Tratava-se de um solteirão convicto que não escondia de ninguém a falta de interesse em se aprofundar em um relacionamento.[18] Nesse ano, recebe o prêmio Camélia da Liberdade na categoria "Imprensa" em reconhecimento a personalidades que promovem ações de inclusão social de afrodescendentes.[19] Em 2012 viveu o capoeiristaZé Maria, par romântico de Isabel, interpretada por Camila Pitanga, em Lado a Lado. O texto de João Ximenes Braga e Claudia Lage foi vencedor do Emmy[20] 2013 em sua categoria. A novela marcou a estreia do ator em folhetins de época.[21]
Novelas e filmes
Em 2014, viveu o físico quântico, guru pop e mentor filosófico dos tecnocratas do Vale do SilícioBrian Benson em Geração Brasil.[22][23][24] Esta foi a segunda trama das 19h onde pode contracenar com sua esposa Tais Araújo, porém, desta vez, seu personagem não tinha interesse romântico na personagem Verônica, vivida pela atriz. No ano seguinte é escalado pela Rede Globo para a cobertura da 87ª cerimônia de entrega do Oscar ao lado de Artur Xexeo e Maria Beltrão. Ainda em 2015, a Rede Globo, em parceria com a Unesco, estabeleceu uma nova linguagem para o projeto Criança Esperança. Lázaro Ramos integra o novo time de mobilizadores do programa, acompanhado pelas atrizes Leandra Leal e Dira Paes e o judoca Flávio Canto. A parceria segue no ano de 2016. O ano de 2015 ainda reservou duas estreias no cinema para o ator. Ao lado de Susana Vieira, Otávio Augusto, Roberta Rodrigues e Lúcio Mauro Filho, interpretou o porteiro Geneton na comédia Sorria, Você Está Sendo Filmado. Em seguida, protagoniza o drama Tudo que Aprendemos Juntos, onde encarna o violinista Laerte, que após uma frustração na carreira se vê obrigado a aceitar um trabalho como professor de música numa comunidade carente.[25][26] Em outubro de 2015, ao lado de sua esposa Tais Araújo, estrela o seriado Mister Brau.[27] A série recebe elogios no exterior por ser a primeira produção brasileira protagonizada por um casal negro e empoderado. Criado por Jorge Furtado e Adriana Falcão, conta sobre a vida superlativa de um astro musical que vive num condomínio conservador na Barra da Tijuca. O texto costuma abordar temas como racismo, feminismo e direitos humanos através do humor. Garantindo bons índices de audiência nas noites de terça-feira, a produção já garantiu a sua continuidade para uma terceira temporada[28]. Em 2016, no cinema, Lázaro Ramos viveu seu primeiro vilão, o sanguinário Nenê do suspense Mundo Cão, com Babu Santana e Adriana Esteves.Em agosto de 2019,foi homenageado com o Troféu Oscarito no Festival de Gramado.[29]
Literatura
A primeira aposta de Lazaro Ramos na literatura infantil foi aos 21 anos, com o título "Paparutas",[30] uma referência a Ilha do Paty, em São Francisco do Conde, cidade de origem de grande parte da sua família. Segundo Lazaro, este livro é muito mais sobre a criança que ele foi e sobre autoestima. Seu segundo livro, "A Velha Sentada", lançado em 2010, versa sobre as relações das crianças com a internet e o poder da imaginação. O livro deu origem a um espetáculo infantil intitulado "A Menina Edith e a Velha Sentada",[31] enredo musicado com 12 canções, que misturam vários estilos e intérpretes, como James Brown, Raul Seixas, Amy Winehouse, Pitty e Cartola, sempre acompanhados de uma banda, além de coreografia e truques circenses. O texto sagra-se vencedor do Prêmio Zilka Salaberry em 2014 na categoria Melhor Diretor para Lázaro Ramos. Em 2015, o texto é novamente reconhecido, desta vez com dois Prêmios CBTIJ de Teatro para Crianças,[32] nas categorias Música Original e Texto Adaptado. Em seguida, Lázaro Ramos publica pela Editora Pallas o seu segundo livro infantil, “O Caderno de Rimas do João”, baseado em termos curiosos que ouviu de diversas crianças, principalmente seu filho mais velho, João Vicente. Através de rimas, o autor tenta explicar temas complexos como corrupção e dinheiro. Ainda no universo infantil, Lázaro Ramos assina o roteiro e direção do espetáculo[33] “Boquinha… e assim surgiu o mundo”. O texto convida o público a explorar as aventuras de João Vicente numa viagem por diversas culturas que tentam explicar, cada um à sua maneira, a criação do mundo. A história é baseada numa dobradura que o ator fazia para brincar com seus filhos e a partir daí responder seus questionamentos sobre a Terra. Para o ano de 2017, Lázaro Ramos prepara o lançamento de dois novos títulos. O primeiro, “O Coelho Que Queria Mais”, pela Editora Pallas. Recentemente assinou com a Companhia das Letras para a publicação do seu primeiro livro para o público adulto, ainda sem título definido.
Teatro
No teatro, Lázaro Ramos atualmente dirige e encena ao lado de Tais Araújo o drama O Topo da Montanha, texto da autora nova-iorquina Katori Hall, com tradução de Sílvio de Albuquerque. O espetáculo imagina as últimas horas de vida do líder dos direitos civis norte-americanos Martin Luther King Jr.
Cineasta
Estreou como diretor de cinema em 2019/ 2020 com o início da filmagem de "Medida Provisória".[34] Por causa da pandemia, o filme estreou primeiramente em festivais internacionais de cinema. A estreia na Rússia, por exemplo, foi em 3 de outubro de 2020.[35] Em março de 2021, seguia inédito no Brasil. O filme "Medida Provisória" (Executive Order) conquistou prêmios internacionais, como o troféu de Melhor Roteiro no Indie Memphis Film Fest. Foi criticado pelo presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo.[36]
Em setembro de 2021, Lázaro Ramos assinou um contrato de exclusividade, com duração de três anos, com o Amazon Studios, para as produções do Prime Video e projetos de outras áreas da empresa como o Amazon Music e Amazon Alexa.[37]
Vida pessoal
Lázaro é casado com a atriz Taís Araújo, mãe de seus dois filhos, João Vicente de Araújo Ramos (nascido em 18 de junho de 2011) e Maria Antônia (nascida em 23 de janeiro de 2015).[38][39] Os dois se conheceram no final de 2004, enquanto Taís ainda era noiva. Após o fim do relacionamento dela, os dois assumiram o namoro e ficaram noivos no ano seguinte. Em 2006, contracenaram juntos pela primeira vez na novela Cobras & Lagartos. Os dois chegaram a se separar em 2008, mas reataram o casamento no final do mesmo ano.[40]
↑«Prêmio Arcanjo de Cultura». Blog do Arcanjo. 29 de abril de 2021. Consultado em 25 de abril de 2022Texto " Conheça vencedores de 2020" ignorado (ajuda)