O episódio se passa principalmente a bordo de um pequeno veículo de turismo, que para no meio de um passeio na superfície hostil do planeta Meia-Noite e tem sua cabine destruída com seu motorista e mecânico. A entidade invisível é retratada apenas por meio de efeitos sonoros e sua possessão de uma das passageiras do veículo, Sky Silvestry (Lesley Sharp), que repete as palavras dos outros tripulantes a bordo.
O episódio colocou muito mais ênfase no papel de David Tennant como o Décimo Doutor do que no resto da quarta temporada, no qual sua acompanhante, Donna Noble (Catherine Tate), desempenha apenas um papel mínimo. Por esta razão, Stephen James Walker descreveu este episódio em seu livro Monsters Within como sendo "companion-lite".
Enredo
O Doutor e Donna visitam o planeta resort Meia-Noite, cuja superfície é banhada por radiação letal de sua estrela. O Doutor faz um passeio de ônibus espacial para visitar uma cachoeira feita de safiras. Ele vai sozinho, pois não consegue convencer Donna a deixar o conforto do spa local.[2]
No meio do caminho, o ônibus para inesperadamente; o Doutor se junta ao Motorista Joe e ao Mecânico Claude na cabine e eles veem todos os sistemas aparentemente operacionais, mas o veículo simplesmente não se move. O Doutor pede a Joe para abrir brevemente a blindagem de radiação da cabine para ver o que pode estar causando o problema, e antes que eles sejam forçados a fechá-los novamente, Claude afirma ter visto algo se movendo do lado de fora. Joe chama um ônibus espacial de resgate, que levará algum tempo para chegar.[2]
O Doutor retorna para a cabine, enquanto ele, a aeromoça e outros passageiros ouvem batidas nas laterais do ônibus. As batidas parecem seguir seus movimentos, mas logo vêm do mesmo lado do ônibus espacial onde uma passageira, Sky, está encolhida. Quando o ônibus é balançado violentamente, a aeromoça verifica a situação com Joe e Claude, mas descobre que a cabine foi arrancada. O Doutor e outros passageiros veem Sky se comportando estranhamente, repetindo o que eles estão dizendo, assustando os tripulantes que pensam que ela foi possuída pelo o que havia lá fora. Sky começa a falar simultaneamente com os passageiros, aumentando a paranoia entre o grupo. Eles começam a debater sobre jogar Sky na superfície do planeta, o que após a objeção do Doutor os leva a ameaçar jogá-lo para fora também. Sky então começa a repetir apenas o que o Doutor diz.[2]
Enquanto o Doutor tenta argumentar com Sky, ele de repente parece incapaz de se mover e ela começa a dizer coisas antes que o Doutor as repita, fazendo os outros passageiros acreditarem que a entidade se moveu para possuí-lo. Incapazes de se comunicar com o Doutor, os passageiros logo atingem níveis histéricos de paranoia e Sky tenta convencê-los de que ela voltou ao normal e que eles devem jogar o Doutor para fora do ônibus. Enquanto a maioria dos outros passageiros começa a puxá-lo em direção à porta, a aeromoça, ouvindo Sky usar algumas das frases incomuns do Doutor, percebe que ela ainda está possuída. A aeromoça joga a si mesma e Sky para fora da cabine na radiação. O Doutor é libertado e os passageiros do ônibus espacial são resgatados e devolvidos ao resort.[2]
Referências externas
Dee Dee Blasco cita, e o Doutor faz referência, ao poema de Christina Rossetti, "Goblin Market", com trechos dos famosos versos:
"Não devemos olhar para os homens goblins, Não devemos comprar seus frutos: Quem sabe em que solo eles se alimentaram
A música que toca no sistema de entretenimento do ônibus espacial é "Do It, Do It Again", de Raffaella Carrà.[4]
Produção
"Midnight" é o quinquagésimo episódio filmado para a série moderna, e foi gravado ao mesmo tempo que "Turn Left". Donna tem um papel secundário no episódio (aparecendo apenas na sequência pré-créditos e na cena final), enquanto o Doutor tem um papel secundário em "Turn Left".[5][6][7] Por esta razão, Stephen James Walker descreveu este episódio em seu livro Monsters Within como sendo "companion-lite".[8]
David Troughton, escalado aqui como Professor Hobbes, foi um substituto para Sam Kelly, que quebrou a perna e teve que se retirar da produção.[10] Troughton se juntou ao resto do elenco em Cardiff com apenas dois dias de aviso.[10] Agora conhecido por seu trabalho no teatro com a Royal Shakespeare Company e também na televisão, ele é filho de Patrick Troughton, que interpretou o Segundo Doutor. Ele tem uma longa associação com a série desde a década de 1960, aparecendo como um figurante não creditado no seriais com o pai The Enemy of the World (1967–68),[11] e como Soldado Moor no serial The War Games (1969),[12] e como o Rei Peladon no serial do Terceiro DoutorThe Curse of Peladon (1972).[13][14] Ele apareceu nos áuido-dramas Cuddlesome, The Judgement of Isskar, The Destroyer of Delights e The Chaos Pool. Ele não tem relação com a diretora do episódio, Alice Troughton.[15]
Daniel Ryan, que interpretou Biff Kane, havia anunciado em uma entrevista de 2006 que iria pedir a Davies um papel em Doctor Who, pois queria que seus filhos o vissem atuando na televisão em um programa que não fosse inacessível. Ryan teve um papel coadjuvante na série criada por Davies, Bob & Rose e Davies havia escrito anteriormente um episódio de Linda Green, no qual Ryan estrelou.[16]
Transmissão e recepção
"Midnight" foi assistido por 8,05 milhões de telespectadores, uma participação de 38% da audiência total da televisão, tornando-se o quinto programa mais assistido da semana.[17] O episódio recebeu uma pontuação no Índice de Apreciação do público de 86, considerado "Excelente".[18]
O episódio recebeu uma série de críticas em jornais nacionais britânicos. O crítico de TV do The Guardian, Sam Wollaston, descreveu-o como "ótimo... é tenso e claustrofóbico, e te corrói". Ele elogiou o fato de que toda a ação aconteceu em um espaço confinado com um inimigo invisível, dizendo "este é um drama psicológico em vez de um terror completo; assustador pelo desconhecido, não assustador com monstros com efeitos especiais".[19] William Gallagher, da Radio Times, foi geralmente positivo sobre o episódio, mas disse que teria "gostado de apenas um pouco mais, apenas um pequeno passo a mais antes da resolução; não consigo nem dizer o que estava faltando, mas eu precisava de mais uma etapa na jornada".[20] O crítico do The Times, Andrew Billen, observou que Davies havia escolhido abrir mão de efeitos especiais e perseguições em favor do diálogo, mas que "parecia um exercício de escrita muito grande para ser realmente assustador" e foi um exemplo de como a temporada de 2008 "falha com a mesma frequência com que tem sucesso". Billen elogiou o episódio por sua atmosfera claustrofóbica e por mostrar que a série não tinha "medo da variedade", mas sim "morria de medo de se repetir".[21]
Travis Fickett da IGN avaliou o episódio com uma nota de 8,6 de 10, comentando que foi "uma boa mudança de ritmo" em relação aos dois episódios mais complexos e emocionais que o precederam. Ele achou que o aspecto mais bem-sucedido da história foi a criatura e elogiou o fato de ter sido "bem escrito" e permitido ao espectador conhecer os diferentes passageiros.[22] Em 2010, Matt Wales listou "Midnight" como o segundo melhor episódio de Tennant em um artigo da IGN.[23] Sam McPherson do Zap2it listou-o como o terceiro melhor episódio do Décimo Doutor.[24]
Legado
O episódio foi adaptado três vezes para o teatro: por alunos dos cursos de bacharelado de artes cênicas e mídia de performance da Universidade de Salford em março de 2011, no teatro pub Lass O'Gowrie em Manchester em janeiro de 2012 e pela Sporadic Productions como parte do Adelaide Fringe em 2016.[25]
↑«The Stars are Coming Out». Radio Times (5–11 de abril de 2008). BBC. Abril de 2008. pp. 14–24
↑Walker, Stephen James (17 de dezembro de 2008). «Chapter 4.11 – Turn Left». Monsters Within: the Unofficial and Unauthorised Guide to Doctor Who 2008. Tolworth, Londres: Telos Publishing. pp. 182–194. ISBN978-1-84583-027-4
↑David Whitaker (roteirista), Barry Letts (diretor), Innes Lloyd (produtor) (23 de dezembro de 1967 – 27 January 1968). «The Enemy of the World». Doctor Who. BBC. BBC1
↑Malcolm Hulke, Terrance Dicks (roteiristas), David Maloney (diretor), Derrick Sherwin (produtor) (19 de abril – 21 junho de 1969). «The War Games». Doctor Who. BBC. BBC1
↑Brian Hayles (roteirista), Lennie Mayne (diretor), Barry Letts (produtor) (29 de janeiro – 19 de fevereiro de 1972). «The Curse of Peladon». Doctor Who. BBC. BBC1
↑Purser-Hallard, Philip (2024). The Black Archive #69: Midnight. [S.l.]: Obverse Books. pp. 115, 119, 123
Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Midnight (Doctor Who)», especificamente desta versão.