Operação Greenfield é uma operação policial brasileira deflagrada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal em 5 de setembro de 2016 que investiga um desvio dos fundos de pensão, bancos públicos e estatais estimado, inicialmente, em pelo menos 8 bilhões de reais.[1][2] Também integram a operação a Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM).[3] Participam cerca de 560 policiais federais, além de 12 inspetores da CVM, quatro procuradores federais da CVM, oito auditores da PREVIC e quatorze procuradores da República.[1]
O nome da operação é uma alusão a um jargão dos negócios, sobre um tipo de investimento que envolve projetos iniciantes, ainda no papel. O contrário de investimentos Greenfield é o Brownfield, no qual os recursos são aportados em uma empresa já em operação.[1]
Histórico
1ª fase - Em 5 de setembro de 2016 a operação foi deflagrada em oito estados e no Distrito Federal para apurar crimes de gestão temerária e fraudulenta contra Funcef, Petros, Previ, e Postalis, quatro dos maiores fundos de pensão do país.[4]
Em 27 de setembro de 2016, a Engevix fez um acordo de colaboração com a justiça. O acerto, estipulado em 288 milhões de reais, tem como objetivo garantir eventuais prejuízos causados à Funcef, fundo de pensão dos funcionários da Caixa, relacionados ao FIP RG Estaleiros.[5]
2ª fase - Em 8 de março de 2017, a Polícia Federal deflagrou a segunda fase da operação. Em São Paulo foi realizado um mandado de busca e apreensão. Em Andradina, no interior, a polícia cumpriu três mandados de busca e apreensão e um de prisão,[6] de Mario Celso Lopes, sócio na Eldorado Celulose.[7] Os alvos são acusados de esconder provas e cooptar testemunhas que poderiam auxiliar as investigações. A suspeita é que dois sócios de um dos maiores grupos empresariais investigados pela Greenfield, a J&F, fizeram um contrato de 190 milhões de reais para mascarar o suborno a um empresário concorrente com o objetivo de impedir que esse empresário revelasse informações de interesse da investigação.[6]
Em 7 de outubro de 2019 procuradores da força-tarefa Greenfield denunciaram 26 investigados por rombo bilionário contra previdência complementar Funcef, Petros e Postalis; os procuradores levaram à Justiça três acusações penais contra o grupo por supostas fraudes – nos três casos, os crimes teriam sido viabilizados por meio de aportes no Fundo de Investimentos e Participações (FIP) Multiner, segundo os procuradores. Os denunciados pelos procuradores da força-tarefa Greenfield foram:[8]
- Guilherme Narciso de Lacerda, ex-dirigente da Funcef
- Luiz Philippe Peres Torelly, ex-dirigente da Funcef
- Carlos Alberto Caser, ex-dirigente da Funcef
- Carlos Augusto Borges, ex-dirigente da Funcef
- José Augusto Ferreira dos Santos, ex-dirigente da Funcef
- Humberto Pires Grault Vianna de Lima, ex-dirigente da Funcef
- Diego de Magalhães Ozorio, ex-dirigente da Funcef
- Carlos Alberto Rosa, ex-dirigente da Funcef
- Ronaldo Marcelio Bolognesi, ex-dirigente da Funcef
- Paulo Cesar Rutzen, ex-dirigente da Funcef
- Wagner Pinheiro de Oliveira, ex-presidente da Petros[9]
- Luís Carlos Fernandes Afonso, ex-funcionário da Petros
- Newton Carneiro da Cunha, ex-funcionário da Petros
- Carlos Fernando Costa, ex-funcionário da Petros
- Humberto Santamaria
- Roberto Gremler, multa de R$ 35.814,50
- Fernando Pinto Matos
- José Genivaldo da Silva
- Marcelo Andreeto Perillo, ex-funcionário da Petros
- Luiz de Magalhães Ozório
- Alexej Predtechensky
- Adilson Florêncio da Costa
- Ricardo Oliveira Azevedo
- José Carlos Rodrigues de Souza
- Mônica Christina Caldeira Nunes
- João Carlos Penna Esteves
Além de prisão, os investigadores também reivindicam o pagamento de R$ 3,1 bilhões, valor que equivale a cerca do triplo dos danos causados.[10]
Desdobramentos
Operação Circus Maximus
A força-tarefa Greenfield deflagrou em 29 de janeiro de 2018 a Operação Circus Maximus que investiga supostas fraudes no Banco Regional de Brasília (BRB), a Procuradoria denunciou ao todo 17 pessoas por irregularidades praticadas para liberar aportes em determinados Fundos de Investimentos em Participações (FIPs):[11]
- Ricardo Luís Peixoto Leal, ex-presidente do Conselho de Administração e arrecadador da campanha do ex-governador Rodrigo Rollemberg (PSB), considerado o líder do esquema
- Henrique Domingues Neto
- Henrique Leite Domingues
- Adonis Assumpção Pereira Júnior
- Vasco Cunha Gonçalves, diretor-presidente licenciado para assumir presidência do Banestes
- Nilban de Melo Júnior, diretor financeiro e de relações com investidores
- Arthur César de Menezes Soares Filho
- Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho, neto do ex-presidente João Figueiredo
- Ricardo Siqueira Rodrigues
- Felipe Bedran Calil, dono da Gráfica Minister
- Felipe Bedran Calil Filho, dono da Gráfica Minister
- Nathana Martins Bedran Calil
- Diogo Rodrigues Cuoco, filho do ator Francisco Cuoco[12], dono da empresa Globomix servicos de concretagem LTDA
- Adriana Fernandes Bijara Cuoco
- Paul Elie Altit, então diretor da Odebrecht Realizações[13]
- Paulo Ricardo Baqueiro de Melo
- Dilton Castro Junqueira Barbosa
Segundo a investigação, o esquema tinha como objetivo troca de investimentos no LSH Lifestyle, antigo Trump Hotel, no Rio de Janeiro, e no FII SIA, relacionado ao empreendimento Praça Capital, desenvolvido pela Odebrecht Realizações e pela Brasal Incorporações. O esquema movimentou R$ 348 milhões numa atuação criminosa que começou em 2014.[14]
Diogo Rodrigues Cuoco, diz o MPF, teria utilizado uma empresa em que atuava para fornecer notas fiscais frias que mascaravam a produção de dinheiro em espécie usado para o pagamento de propina aos agentes públicos envolvidos, Figueiredo, por sua vez, era executivo do hotel LSH, que recebeu o aporte do BRB via o FIP LSH e, posteriormente, assinou os contratos que geraram as nota frias.[15]
Na segunda fase da operação que começou em 21 de março de 2019, o juiz Vallisney de Oliveira (10ª Vara da Justiça Federal de Brasília) tornou réu os 17 denunciados pelo Ministério Público Federal (MPF) suspeitos de cometer crimes contra o sistema financeiro, gestão fraudulenta, corrupção e lavagem de dinheiro, estima-se que o grupo tenha pago R$ 40 milhões em propinas, Alguns dos réus já estão presos, como Ricardo Leal e o ex-presidente do BRB, Vasco Gonçalves.[14]
Referências
Ver também
Ligações externas
- Denúncia da Operação Greenfield, Procedimentos Investigatórios Criminais nºs 1.16.000.002185/2019-90 e 1.16.000.002205/2017-61 e Inquérito Policial nº 912/2016
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