Canibália é o nono álbum de estúdio da artista musical brasileira Daniela Mercury, lançado em 23 de outubro de 2009 pela editora discográfica Sony BMG. Para compor o projeto, a intérprete renovou seus produtores e colaborou com Ramiro Musotto, Alfredo Moura, Mikael Mutti, Gabriel Povoas e Wyclef Jean, para a produção das faixas presentes na obra. O disco possui uma sonoridade eclética, incorporando elementos proeminentes de axé music, drum and bass, R&B, reggae, samba e pop. Suas gravações ocorreram entre 2008 e 2009 em estúdios no Brasil.
Canibália recebeu análises mistas da crítica especializada, com muitos dos resenhadores dizendo que as músicas inéditas não estavam à altura das ideias defendidas nas letras, mas louvaram a inquietude da musicista em se aventurar em novas sonoridades. O primeiro single, "Preta", foi lançado em 19 de novembro de 2007. Precedido por "Oyá Por Nós", lançado em 5 de janeiro de 2009. Seguido por "Sol do Sul" e "Andarilho Encantado". Para divulgar ainda mais a obra, a cantora se apresentou em vários programas de televisão e iniciou a Turnê Canibália.
Produção
Assim como o número de capas, o álbum foi produzido por cinco músicos, entre esses, a própria Daniela Mercury e os músicos Ramiro Musotto, Alfredo Moura, Mikael Mutti e seu filho, Gabriel Póvoas. Segundo Daniela, o álbum é a síntese do ecletismo de seu trabalho.[9][10] Em setembro, aos 45 anos, Musotto, parceiro de Daniela na produção das faixas de ritmo eletrônico ("Benção do Samba" - que mistura os clássicos "Na Baixa dos Sapateiros", "O Samba da Minha Terra" e "Samba de Bênção" - e "Tico-Tico no Fubá"), faleceu. Além de Musotto, o amigo, produtor e criador do samba-reggae, Neguinho do Samba, também faleceu.
Daniela disse que se sente "canibalizada" desde a sua estréia na carreira solo, na década de 1990, com o álbum O Canto da Cidade, declarando, ainda, que chegou a adiar o lançamento de Canibália várias vezes.[9] Muitas canções presentes no álbum foram compostas pela própria Daniela. Diferentemente de Balé Mulato, que possuía canções que se completavam, Canibália, é uma mistura.[11] A grande surpresa está na "participação especial" de Carmem Miranda, grande homenageada do álbum, na regravação de "O Que É Que A Baiana Tem?", que inclui o fonograma orignal de 1939.[9] Outro clássico de Carmen Miranda, "Tico-Tico No Fubá", ganhou a batida forte do guitarrista Sérgio Dias dos Mutantes. Para Daniela, "Carmen tinha muitas virtudes".
Além de Carmen Miranda, Daniela Mercury homenageia também o cinema nacional, com a faixa "Trio em Transe", e os índios brasileiros na faixa, "Dona Desse Lugar", canção que tem arranjos, sons e instrumentos específicos de tribos. Assim como Vanessa da Mata e Ana Carolina, que lançaram single e canções em inglês, Mercury traz "This Life is Beautiful", interpretado por ela e pelo cantor haitianoWyclef Jean, ex-The Fugees. Os negros também são homenageados por Mercury na faixa "Preta", cantada por ela e Seu Jorge, a canção é uma união das faixas "Eu sou Preta", "Sorriso Negro" e "Rap do Negão".[12] Em "Oyá Por Nós", Mercury volta às origens africanas. O álbum traz uma nova leitura de "O Que Será? (A Flor da Pele)", de Chico Buarque.[9] Em "Cinco Meninos", toda a família Mercuri se reúne para cantar.[13]
Mauro Ferreira escrevendo em seu blog, fez uma analise mediana a Canibália, argumentando que o álbum não chega a figurar entre os melhores discos de Daniela, mas elogiou a cantora por "reafirma a habitual inquietude ao se enfeitar com novos balangandãs e ao recusar a mesmice imperante no ritmo rotulado como axé music".[14] Ana Cristina Pereira do jornal Correio, sentiu que a cantora "extrapolou os limites baianos, transformando Canibália num competente produto de exportação para o mundo".[15] Mas criticou o elemento da música eletrônica presente em algumas faixa do álbum dizendo que "já não traz impacto ao ser misturado com o samba e o samba-reggae, mas funciona para a personalidade de uma cantora que ainda busca a inquietação (o que é louvável) e procura um certo grau de sofisticação pop".[15] Em uma analise negativa ao álbum, Lauro Lisboa Garcia, do jornal Estado de São Paulo, criticou duramente o trabalho, escrevendo que "Daniela Mercury ressurge com um dos discos mais fracos de sua carreira, embora se faça estrondoso", mas elogiou a ousadia da artista de se aventurar em outros estilos e sair do comodismo; "Há boas investidas em misturas de gêneros, na produção com bases eletrônicas, nas células rítmicas de influências do candomblé" mas sendo mais critico ao completar que "a parafernália não esconde a flacidez da maioria das faixas inéditas autorais e do equívoco de certas reinterpretações.[16]
Promoção
Em abril de 2009, Daniela interpretou "Sol do Sul", no programa Mais Você, da Rede Globo. No dia 23 de agosto, Daniela Mercury interpretou o single "Sol do Sul" na campanha da Rede Globo em parceria com a UNICEF, Criança Esperança 2009,[17] evento que ocorreu no Rio de Janeiro.[18] Em 23 de outubro, Daniela se apresentou no Oi Fashion Rocks.[19] Ela interpretou "Oyá Por Nós", "O Que É Que A Baiana Tem?" e "O Canto da Cidade", durante o desfile de Lino Villaventura.[20] No dia 4 de dezembro, Daniela Mercury se apresentou no programa Altas Horas, da Rede Globo, comandado por Sérgio Groisman.[21] No palco, Daniela falou sobre seu álbum e cantou as "O Que A Baiana Tem?", "Oyá Por Nós" e "Samba de Bênção.[22] Em 12 de dezembro, Daniela Mercury foi ao programa Receita Pra Dois, apresentado pelo chef de cozinha Edu Guedes. Ela falou sobre o álbum, sobre a morte de Neguinho do Samba, criador do samba-reggae, e cantou trechos solo de algumas faixas de Canibália.[23] No dia 26 de dezembro, Mercury se apresentou no programa Show da Gente, de Netinho de Paula, no SBT. Lá, cantou "Oyá Por Nós" e trechos da canções "Preta" e "This Life Is Beautiful". Além disso, ela falou sobre seu "dueto" com Carmem Miranda.[24] No dia 31 de dezembro, Daniela participou do especial Mais Você. Ao lado do Olodum, Daniela interpretou "Oyá Por Nós", e a nova música para o Carnaval 2010, "Andarilho Encantado", além de outras canções do repetório da própria e do Olodum.[25]
A Turnê de Canibália, teve início no dia 7 de agosto de 2009, no Citibank Hall, em São Paulo. Depois do dia 8, onde fez mais uma apresentação no Citibank Hall, ela partiu para o Rio de Janeiro e depois levou a turnê para Portugal, onde se apresentou em cinco cidades, logo após, volta para a turnê latinoamericana, européia e norte-americana.[26][27] A turnê contou com a participação de bailarinos, que dançaram as coreografias desenvolvidas por Jorge Silva, reconhecido coreógrafo baiano.[26] Além disso, Gringo Cardia, o desenvolvedor das cinco capas do álbum, foi o responsável pela elaboração do cenário da turnê.[28]
Singles
O primeiro single, "Preta", lançado em 19 de novembro de 2007 nas rádios, focando o Carnaval de 2008, possui a participação do cantor e compositor Seu Jorge. É um samba-reggae que mistura as canções "Eu Sou Preto", de J. Velloso e Mariene de Castro, "Sorriso Negro", de Adilson Barbado, Jair Carvalho e Jorge Portela, e "Rap do Negão", de Seu Jorge, Gabriel Moura e Wallace Jeferson. A canção recebeu grande aclamação da crítica. O segundo single, "Oyá Por Nós", lançada em 5 de janeiro de 2009, nas rádios, foi composta e interpretada em parceria com Alfredo Moura e Margareth Menezes. Lançada para o Carnaval de 2009, a canção foi, assim como "Preta", muito bem recebida, tanto pelo público, quanto pela crítica e artistas, como Ivete Sangalo, que elogiou-a em seu blog. O single reverência Ave Maria e Iansã, deusa dos ventos, raios e tempestades. Possui uma batida forte e conta com Márcio Victor nos vocais.[6] Lançado como terceiro single em 24 de agosto de 2009, "Sol do Sul", alcançou, inicialmente, a 15a posição na lista das canções mais tocadas nas rádios FMs do Rio de Janeiro,[29] saltando para a 5a posição posteriormente.[30] A canção foi composta por Daniela e seu filho Gabriel. "Andarilho Encantado", lançada em 26 de fevereiro de 2010, encerrou a divulgação do projeto.
Faixas
Canibália Vol. I
N.º
Título
Compositor(es)
Duração
1.
"Trio Em Transe"
Daniela Mercury, Gabriel Póvoas, Marivaldo dos Santos