Ibiassucê[1] é um município brasileiro do estado da Bahia. Conhecido e reconhecido, desde o ano de 1992, pelos seus habitantes, turistas e moradores de municípios vizinhos como a Capital da Amizade.
Sua população estimada em 2022 pelo IBGE era de 10 429 habitantes.
História
Período anterior à emancipação
Os primeiros habitantes da região teriam sido os indígenas Caetés, que ocupavam tradicionalmente as terras antes de sua expulsão pelo avanço da colonização do território.[6][7]
Distante da sede das capitanias da Baía de Todos os Santos e de São Jorge dos Ilhéus, a partir de 1720, o território que compreende o atual município de Ibiassucê passa pertencer à área da antiga Vila de São Antônio de Jacobina, atual município de Jacobina.[8]
Durante o século XIX, especialmente a partir de 1810, com a criação do município da Vila Nova do Príncipe e Santana do Caetité (atual município de Caetité)[8], o território que hoje constitui o município de Ibiassucê integrava originalmente os municípios de Caetité e de Caculé. Em tais terras estava situada a fazenda Lagoa do Cisco, propriedade de Anselmo Cruz Prates, Sebastião Figueiredo Cardoso e das famílias Gonçalves de Aguiar e Lima, esta última proprietária da "casa grande" da fazenda que, segundo a história oral, teria sido a primeira edificação no local e onde eram inicialmente celebradas as missas da paróquia local.[6][7][8]
No final do século XIX, teriam surgido as primeiras casas, teria sido erguido o cruzeiro da cidade (em 1863) e também a capela de São Sebastião (atual Igreja Matriz de São Sebastião), edificação religiosa construída em 1870. Tais construções que formariam o núcleo populacional que constituiria o povoado São Sebastião do Cisco, assentamento situado à margem do Rio das Antas ou Jacaré e da Lagoa do Tamboril.[6][7][8]
Baseada na economia escravagista, a sociedade local do século XIX se utilizava de mão-de-obra escravizada para a construção dessas primeiras edificações, para a produção agrícola e também para as tarefas caseiras. Em razão da fertilidade das terras que formam o atual município de Ibiassucê, começam a chegar famílias que se estabelecem no local, consolidando o povoado de São Sebastião do Cisco. Nesse momento, o povoado pertencia ao município de Caetité.[6][7][8]
Com a emancipação política de Caculé em 1919, o povoado de São Sebastião do Cisco passou a fazer parte desse novo município, tendo adquirindo sido elevado à condição de distrito.[6][7][8]
A denominação do vilarejo foi alterada para São Sebastião em 1920. Em seguida, passa a se chamar São Sebastião do Caetité em 1933 e volta a ser denominada de São Sebastião em 1938. Finalmente seria nomeado como "Ibiassucê" com o Decreto Estadual nº 141, de 1943. Contudo, a localidade ainda permanecia como um distrito do município de Caculé.[6][7][8]
Emancipação política do município (1962-atualidade)
O distrito de Ibiassucê obtém a emancipação política em 18 de julho de 1962, com a lei estadual nº 1.724/1962, promulgada pelo então governador estadual da Bahia Juracy Magalhães. Essa lei desmembrou a vila do município de Caculé para formar o atual município de Ibiassucê.[6][7] Esse movimento emancipatório teria sido uma articulação política realizada pela liderança política local, Jorge Zeferino da Silva.[8]
Após a emancipação, o município teve como primeiro chefe do executivo Benedito dos Santos Nascimento, um professor da rede pública de ensino que atuava no município.[6][7]
Em 13 de janeiro de 1964, o prefeito Benedito dos Santos Nascimento desapropriou uma área de 1.600 metros quadrados que, em 1966, seria doada pelo Município de Ibiassucê para o Governo Estadual da Bahia implantar o estabelecimento escolar denominado Grupo Escolar Marechal Castelo Branco.[9]
Em 1982, ocorreu em Ibiassucê a primeira eleição municipal multipartidária desde o golpe militar de 1964. Apesar do multipartidarismo em âmbito nacional, apenas o candidato a prefeito pelo Partido Democrático Social (PDS) e os candidatos a vereadores, também pelo PDS, foram os únicos a concorrer e serem eleitos aos 10 cargos públicos (1 para prefeito e 9 para vereador) que estavam em disputa no município.[10]
Em 1996, foi inaugurado o primeiro e único estabelecimento hospitalar do município: o Hospital Municipal São Sebastião.[8]
Em agosto de 2013, o Município de Ibiassucê participou da fundação da associação interfederativa Consórcio Público de Desenvolvimento Sustentável do Alto Sertão.[11]
Geografia
Municípios limítrofes
Vegetação
Há predominância de caatinga e cerrados.
Hidrografia
O principal rio que contribui para o município é o rio Jacaré. Outros rios, tais como o Antas, também merecem destaque. No perímetro urbano encontram-se três importantes lagoas que funcionam como um cartão postal da cidade: Lagoa Covas da Mandioca, Tanquinho e Lagoa Tanque Grande. Barragens e açudes nos rios Jacaré e Antas auxiliam no abastecimento de água potável da cidade, bem como na irrigação.
Demografia
De acordo com o dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o município possui o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) para o ano de 2010 em 0,611[12], o qual está abaixo de países de médio IDH mundial como São Tomé e Príncipe e Namíbia.
Quanto à taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade, no ano de 2010, ela era de 21,1% da população do município segundo o IBGE.[13]
De acordo com o IBGE, para o ano de 2020, a taxa de mortalidade infantil média no município de Ibiassucê seria estimada em 20,41 para cada 1.000 nascidos vivos.[14]
Organização Político-Administrativa
O Município de Ibiassucê possui uma estrutura político-administrativa composta pelo Poder Executivo, chefiado por um Prefeito eleito por sufrágio universal, o qual é auxiliado diretamente por secretários municipais nomeados por ele, e pelo Poder Legislativo, institucionalizado pela Câmara Municipal de Ibiassucê, órgão colegiado de representação dos munícipes que é composto por 9 vereadores também eleitos por sufrágio universal.[15][16]
Atuais autoridades municipais de Ibiassucê
Histórico de clãs familiares e facções políticas na disputa eleitoral
Como ocorre no interior do Brasil em geral, em que a disputa eleitoral envolve uma polarização entre duas forças políticas locais[18], o panorama político-eleitoral do município de Ibiassucê reproduz essa lógica identificada pela Ciência Política. No caso deste município, desde o ano 2000, ela é caracterizada por uma disputa de dois clãs políticos familiares que se alternam na disputa pela prefeitura municipal, isso quando não se articulam em coalizão, que são as famílias "Prates" e "Cardoso" que pertencem aos primeiros grupos familiares que habitaram a fazenda Lagoa do Cisco no século XIX, estabelecimento rural responsável pela fundação do núcleo habitacional que formaria o futuro município[6][7].
Com a exceção das eleições de 2004 e 2012, essa forte presença entre as duas famílias pode ser observada no seguinte quadro:
Ano da eleição
|
Prefeito (apelido ou alcunha)
|
Partido
|
Família
|
Forma de ingresso no cargo
|
Referência
|
2000
|
Tadeu José Rebouças Prates
|
PFL
|
Prates
|
Eleição direta por voto popular
|
[19]
|
2004
|
Manoel Adelino Gomes de Andrade (Neto)
|
PT
|
nenhuma das famílias
|
Eleição direta por voto popular
|
[20]
|
2008
|
Héliton Alves Cardoso (Tom)
|
MDB
|
Cardoso
|
Eleição direta por voto popular
|
[21]
|
2012
|
Manoel Adelino Gomes de Andrade (Neto)
|
PT
|
nenhuma das famílias
|
Eleição direta por voto popular
|
[22]
|
2016
|
Francisco Adauto Rebouças Prates (Adauto Prates)
|
PSDB
|
Prates
|
Eleição direta por voto popular
|
[23]
|
2020
|
Francisco Adauto Rebouças Prates (Adauto Prates)
|
DEM
|
Prates
|
Eleição direta por voto popular
|
[24]
|
2020
|
Emanuel Fernando Alves Cardoso (Nando Cardoso)
|
MDB
|
Cardoso
|
Eleito vice-prefeito, assumiu o cargo de prefeito municipal a partir de outubro de 2022 em razão do falecimento do antecessor.
|
[1]
|
Ligações externas
Referências